Campos Neto atribui inflação ao gasto excessivo do governo

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Em uma declaração que promete esquentar o debate econômico no país, o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (8 de abril de 2025) que a responsabilidade pela inflação brasileira não é dos empresários, mas sim do governo federal. Segundo ele, os brasileiros estão pagando o preço da má condução fiscal, onde os gastos públicos superam constantemente a arrecadação.

“A inflação não é culpa do malvado do empresário que subiu o preço, ou do dono do supermercado. A inflação, no final das contas, é culpa do governo”, declarou Campos Neto durante evento público. A fala repercute entre economistas e reacende a discussão sobre os verdadeiros motores do aumento de preços no Brasil.

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O que realmente provoca a inflação no Brasil?

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Imagem: Dmitry Demidovich / shutterstock.com

O desequilíbrio fiscal como raiz do problema

Para Campos Neto, a inflação é alimentada principalmente pelo desequilíbrio das contas públicas. Quando o governo gasta mais do que arrecada, acaba recorrendo ao endividamento. Esse aumento da dívida pública pressiona o sistema financeiro, desvaloriza a moeda nacional e impacta diretamente nos preços dos produtos e serviços consumidos pela população.

Empresários apenas reagem ao ambiente econômico

De acordo com o ex-presidente do Banco Central, empresários e comerciantes não são os responsáveis diretos pelos aumentos de preços. Na prática, eles apenas repassam os custos de produção — que muitas vezes sobem por causa da inflação importada, da alta do dólar, de impostos e da instabilidade econômica. A crítica popular de que os empresários são os vilões da inflação ignora o contexto macroeconômico em que esses agentes estão inseridos.

A função do Banco Central no combate à inflação

O Banco Central tem como principal missão manter a inflação sob controle, utilizando instrumentos como a taxa Selic. No entanto, quando o governo federal adota uma política fiscal expansionista — com aumento excessivo de gastos — o trabalho do BC se torna mais complexo. A instituição precisa elevar os juros para conter a demanda, o que gera efeitos negativos sobre o crédito, o consumo e o crescimento.

Campos Neto já havia alertado anteriormente que a política monetária sozinha não é suficiente para conter a inflação quando não há uma contrapartida fiscal. Ou seja, se o governo não colabora com cortes de despesas e controle orçamentário, a inflação tende a persistir, prejudicando toda a sociedade.

A visão do governo e da oposição

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Imagem: Marcelo Camargo

O governo costuma justificar seus gastos como medidas necessárias para garantir inclusão social, investimento em infraestrutura e estímulo à economia. Além disso, o Palácio do Planalto argumenta que a inflação também é influenciada por fatores internacionais, como conflitos geopolíticos, variações no preço do petróleo e problemas climáticos.

Já a oposição e diversos analistas econômicos apontam a irresponsabilidade fiscal como um dos principais gatilhos da inflação brasileira. Para esses críticos, é preciso implementar reformas estruturais e conter o crescimento da dívida pública, sob o risco de perder a confiança de investidores e comprometer a estabilidade econômica de longo prazo.

Como a inflação atinge a população no dia a dia

O impacto da inflação é mais sentido nas camadas mais pobres da população, que comprometem boa parte de sua renda com alimentos, transporte e energia. Nos últimos meses, itens básicos como arroz, feijão, leite e carne apresentaram aumentos expressivos. O gás de cozinha, a conta de luz e a tarifa de ônibus também pesam no bolso dos brasileiros.

A inflação reduz o poder de compra, obriga famílias a cortar gastos essenciais e aumenta o nível de endividamento. Além disso, trabalhadores com salários congelados e beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família, sentem com mais intensidade os efeitos do aumento de preços.

O que pode ser feito para controlar a inflação?

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Imagem: Denys Kurbatov/Shutterstock.com

Especialistas apontam que o caminho para combater a inflação de forma duradoura passa pela responsabilidade fiscal e por reformas estruturais. Entre as medidas mais defendidas estão:

  • corte de gastos públicos ineficientes
  • modernização da administração tributária
  • aumento da produtividade e competitividade
  • garantia de autonomia ao Banco Central
  • metas fiscais realistas e transparentes

Essas ações, combinadas, criam um ambiente econômico mais previsível, atraem investimentos e reduzem a pressão inflacionária. A credibilidade do governo em manter as contas públicas sob controle é um fator crucial para estabilizar a economia.

Conclusão

A fala de Roberto Campos Neto joga luz sobre um aspecto frequentemente negligenciado nas discussões sobre inflação no Brasil: a responsabilidade do governo na condução das contas públicas. Embora seja fácil apontar o dedo para empresários e supermercados, o real vilão da inflação, segundo ele, está na política fiscal expansionista e desorganizada do setor público. Para combater de forma eficaz o aumento de preços, é fundamental adotar uma postura fiscal séria e responsável. Sem isso, o Brasil continuará preso a um ciclo de instabilidade que penaliza principalmente os mais pobres.

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