China responde com tarifa de 84% sobre produtos dos EUA após medida de Trump

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A tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo voltou a escalar. A China anunciou que irá impor a partir da próxima quinta-feira (10) tarifas de 84% sobre produtos importados dos Estados Unidos, em resposta à nova rodada de sanções tarifárias impostas pelo governo de Donald Trump, que elevou a taxa de importação de produtos chineses para 104%.

A medida marca mais um capítulo da guerra comercial que se arrasta desde 2018 e evidencia o endurecimento da postura de Pequim diante das ações de Washington.

A retaliação chinesa foi divulgada por meio de nota oficial do Comitê de Tarifas do Conselho de Estado, que classificou as ações dos EUA como uma “violação grave dos direitos legítimos da China”.

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O que motivou a nova rodada de tarifas?

Mão de milionário de terno preto, enquanto segura notas de dólar, ao fundo outras notas também voam pelos ares.
Imagem: Velishchuk/shutterstock.com

Entenda a origem da disputa

A atual escalada teve início com aumentos sucessivos das tarifas comerciais entre EUA e China, iniciados ainda durante o primeiro mandato de Trump. O presidente norte-americano afirma que o objetivo é proteger a indústria americana e corrigir desequilíbrios no comércio bilateral.

Nos últimos meses, Trump intensificou a retaliação econômica contra produtos chineses, justificando que Pequim teria falhado em abrir seus mercados e em respeitar acordos comerciais anteriores. A nova tarifa de 104% sobre produtos chineses, em vigor a partir desta quarta-feira (9), foi a gota d’água para a resposta chinesa.

A resposta firme de Pequim

Declarações oficiais e justificativas

Em nota, o Comitê de Tarifas da China afirmou que “a escalada de tarifas imposta pelos EUA contra a China representa um erro sobre outro erro, violando gravemente os direitos legítimos da China e prejudicando o sistema multilateral de comércio baseado em regras”.

O tom adotado por Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, também foi contundente. Em coletiva de imprensa, ele defendeu a decisão chinesa e criticou duramente a postura norte-americana.

“O direito legítimo do povo chinês ao desenvolvimento não pode ser privado, e a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento da China não devem ser violados. Continuaremos a tomar medidas firmes e resolutas para salvaguardar nossos direitos e interesses legítimos”, afirmou Jian.

Ele ainda destacou que os EUA estão impondo “máxima pressão” sobre a China e agindo de maneira “dominadora e intimidadora”.

Cronologia da guerra tarifária recente

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Imagem: FabrikaSimf / shutterstock

A escalada dos percentuais desde fevereiro

  • Fevereiro de 2025: Trump anunciou um aumento de 10% sobre uma tarifa já existente de 10%, elevando a cobrança total para 20%;
  • 2 de abril: Em novo pacote, a Casa Branca aumentou a tarifa para 54%;
  • Após o anúncio de Trump, a China respondeu com uma tarifa de 34%;
  • 9 de abril: Estados Unidos elevaram as tarifas para 104%;
  • 10 de abril: China anuncia retaliação com tarifas de 84%.

Essa sucessão de aumentos reflete um ciclo de retaliação mútua que reacende as preocupações com os rumos da economia global.

Impactos no mercado financeiro global

Bolsas em queda e dólar disparando

A notícia teve efeitos imediatos nos mercados financeiros internacionais. O aumento das tarifas foi interpretado como um sinal de fragilidade nas negociações diplomáticas e aumento da instabilidade geopolítica.

Reações nos principais mercados:

  • Ibovespa: fechou em queda, com 123.932 pontos, pressionado pela fuga de capital estrangeiro;
  • Dólar comercial: chegou a bater R$ 6,20, refletindo a alta procura pela moeda americana como ativo de segurança;
  • Bolsa de Nova Iorque: encerrou o dia com perdas generalizadas nos setores de tecnologia e indústria;
  • Mercados europeus e asiáticos: também fecharam em baixa, especialmente em Frankfurt, Londres, Tóquio e Hong Kong.

Efeitos esperados nas cadeias globais de produção

Interrupções no comércio e aumento de custos

Com o aumento nas tarifas, a tendência é que haja:

  • Elevação nos preços finais de produtos importados, especialmente em segmentos como eletrônicos, peças automotivas e bens industriais;
  • Desvio de rotas comerciais, com empresas buscando novos fornecedores fora de EUA e China;
  • Queda nas exportações, com possível desaceleração do crescimento em países dependentes da demanda chinesa e americana.

Além disso, há temor de repasses inflacionários em países emergentes, como o Brasil, por conta do aumento de preços no mercado internacional.

Reações no Brasil e riscos para a economia nacional

Brasil pode ser afetado direta e indiretamente

O Brasil mantém relações comerciais importantes com tanto a China quanto os Estados Unidos, e pode sofrer impactos indiretos da disputa. O país exporta commodities agrícolas e minerais para a China e produtos industrializados para os EUA.

Principais riscos:

  • Redução da demanda externa por produtos brasileiros;
  • Dificuldade para manter a balança comercial superavitária;
  • Aumento da volatilidade cambial e dos juros futuros;
  • Queda na atratividade para investimentos estrangeiros.

Analistas já preveem que, caso o conflito se intensifique, o Brasil poderá ter que rever suas projeções de crescimento e adotar políticas de proteção cambial mais agressivas.

O que dizem especialistas em comércio internacional?

Avaliações sobre o futuro das relações China-EUA

Especialistas em política externa e comércio internacional acreditam que a escalada atual representa um novo ponto crítico na relação bilateral entre China e Estados Unidos.

“O que está em jogo vai além do comércio: é uma disputa por hegemonia global em áreas como tecnologia, segurança e influência política”, explica o economista internacional Felipe Rezende.

Ele ressalta que, ao adotar medidas extremas como tarifas acima de 100%, Trump sinaliza uma postura de confronto absoluto, que dificulta a retomada do diálogo diplomático.

Próximos capítulos: haverá negociação ou nova rodada de retaliações?

China
Imagem: Bigc Studio/ shutterstock.com

Risco de ruptura total ainda preocupa

Apesar da retórica agressiva, ainda há espaço para negociações diplomáticas. Contudo, especialistas alertam que a manutenção do clima de confronto pode levar a:

  • Sanções comerciais mais amplas;
  • Restrição ao fluxo de tecnologia e investimentos bilaterais;
  • Aumento das disputas em órgãos internacionais, como a OMC.

A volatilidade continuará sendo uma marca do mercado internacional nos próximos meses, à medida que novas medidas ou tentativas de trégua forem anunciadas.

Considerações finais

A imposição de tarifas de 84% pela China sobre produtos dos EUA é um marco na escalada da guerra comercial entre as duas potências. A medida é uma resposta direta à política agressiva do presidente Donald Trump, que elevou as tarifas para 104% sobre produtos chineses.

O embate tem efeitos reais na economia mundial, afetando mercados financeiros, cadeias produtivas e a estabilidade das moedas globais. O Brasil, como ator relevante no comércio internacional, também sente os reflexos dessa disputa.

Enquanto os governos mantêm o discurso de força, a expectativa global é por uma solução diplomática que possa conter os danos econômicos e restabelecer um mínimo de previsibilidade no comércio internacional.

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