Jornalista de BH denuncia golpe de empresário que prometia lucro em investimentos

Uma jornalista de Belo Horizonte denuncia um suposto caso de estelionato aplicado a ela e a ao menos outras oito pessoas por um conhecido em comum, um empresário e profissional da área de Negócios. O Segundo os denunciantes, o homem, que arrecadava dinheiro das vítimas sob a promessa de devolver os valores com margem de lucro, teria faturado, no montante, mais de R$ 490 mil e, posteriormente, desaparecido. A Polícia Civil apura o caso. O BHAZ entrou em contato com a defesa do empresário e aguarda um posicionamento.

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Segundo a denunciante, a jornalista Fernanda Ribeiro, o golpe aplicado por ele consiste na falsa promessa de valorização de empréstimo. “Um dia ele me ligou e falou: ‘Nanda, tô com uma oportunidade aqui. Como você disse que tá precisando de dinheiro, acho que pode te ajudar’”, conta Fernanda. “‘Eu tô resgatando um fundo pessoal de forma adiantada. Por isso, vou ter que pagar uma multa de 20%. O que você puder me passar agora, eu te beneficio com 10% depois’”, teria dito o empresário a ela.

Entre 5 e 7 de fevereiro deste ano, Fernanda teria realizado oito transações para o empresário, totalizando R$ 59 mil. A previsão, segundo ela, era de que o aporte fosse devolvido até 7 de março, o que não ocorreu. “Então, ele começou a falar que iria atrasar, porque o Carnaval tinha paralisado as instituições. Depois, demorava a responder, sumia, falava que os bens tinham sido bloqueados e que me pagaria assim que possível. Nessas desculpas eu deixei passar muito tempo”, lembra a jornalista.

Antes de registrar um boletim de ocorrência, Fernanda chegou a dar um “ultimato” ao conhecido. “Eu falei com ele: ‘Se você não me ligar até amanhã, eu vou achar que é um golpe. É o que as pessoas estão me dizendo’. Então ele inverteu a situação, tentando me colocar medo. Disse pra mim: ‘golpe? Isso é calúnia’”, relembra a vítima. Em 31 de março, a jornalista registrou a ocorrência numa delegacia de BH.

Conhecidos há anos

De acordo com Fernanda, ver-se vítima de um caso de estelionato não foi fácil, principalmente por ela conhecer o suspeito há anos. “Eu conheço ele desde 2016, mais ou menos. Nós dois fazíamos triatlo. Éramos colegas de treino, embora não tivéssemos intimidade”, diz. A vítima diz que ficou bastante tempo sem contato com o ex-colega, até que ele “ressurgiu do nada em uma rede social”, entre janeiro e fevereiro.

Segundo ela, o momento de vida favoreceu o golpe. “Eu tinha sido diagnosticada com depressão, estava emocionalmente mal. Minha mãe tava em tratamento de câncer, e os médicos falavam que ela tinha alguns meses de vida, um ano no máximo”, explica. “Eu também tava num momento de instabilidade profissional, me sentindo um pouco mais responsável por dar um suporte financeiro pra ela [mãe]”, acrescenta.

No momento de fragilidade, ele apareceu como um ‘amigo’. “Nessa fase, eu fiquei muito dentro de casa. Não tava saindo, vendo muitas pessoas. E ele era alguém com quem eu conversava. Mas não tinha nenhum interesse romântico, eu nunca fiquei com ele”, conta.

“Quando ele me ofereceu a ‘oportunidade’, eu nem pensei direito, pra ser sincera. Eu estava realmente conturbada. Não percebi o risco que aquilo era pra mim, porque ele repetia que não tinha risco nenhum. Eu falei com ele: ‘Se isso der errado, vai acabar com a minha vida. Eu não tenho muito dinheiro, só tenho uma microempresa e meu nome limpo’. E ele dizia que eu podia ficar tranquila, que o investimento era resguardado por investidor de crédito”, relata Fernanda.

Outras vítimas

Ao buscar ajuda jurídica, a jornalista descobriu outros processos judiciais contra o empresário. Um grupo de oito pessoas, assessoradas pelo advogado Faiçal Assrauy, também de Belo Horizonte, afirma ter sido vítima de apropriação indébita — quando alguém se apossa dos bens de outra pessoa de forma ilegal. Em certos casos, o homem prometia rendimentos ainda maiores, de até 20%.

“Ele é um cara bonito, bem apessoado, cativante, e o alvo principal são mulheres”, diz Faiçal. “Em alguns casos, ele seduz e consegue, inclusive, fotos delas nuas. Depois ele chega com essa história de mercado financeiro, de investimento com retorno com juros. Parte dessas mulheres, que chegou a ter relações íntimas com ele, confia e empresta o dinheiro”. Segundo o advogado, no entanto, também há vítimas homens.

O BHAZ teve acesso à representação por crime de estelionato apresentada à Vara Criminal da Comarca de Belo Horizonte por Faiçal Assrauy em defesa do grupo vitimado. O documento lista as transações realizadas por oito dos lesados. São elas:

  • M.L – R$ 20.000,00 (vinte mil reais) em 02/04/2024;
  • E. D. M. C.- R$ 20.000,00 (vinte mil reais) em 27/03/2024;
  • D. M. Q. – R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) em 28/10/2022;
  • B. M. K. – R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) em 14/02/2023 e R$ R$ 47.000,00 (quarenta e sete mil reais) em 23/02/2023;
  • B. D. A. – R$ 4.000,00 (quatro mil reais) em 17/02/2023;
  • C. M. C. – R$ 22.000,00 (vinte e dois mil reais) em 31/07/2023, R$ 27.000,00 (vinte e sete mil reais) em 01/08/2023, R$ 20.000,00 (vinte mil reais) em 02/08/2023, R$ 15.000,00 (quinze mil reais) em 16/08/2023;
  • E. L. S. F. – R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) em 15/03/2023;
  • R. F. S. – R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) em 17/02/2023;

Segundo Faiçal, os casos de outras pessoas vitimadas não param de surgir. “Ele é uma máquina [de dar golpe]. Uma das vítimas não pôde entregar nesse processo conjunto [que envolve os oito clientes do advogado] porque não tinha dinheiro para pagar”, destaca.

Ameaças

Além do prejuízo financeiro, Faiçal aponta um caso de ameaça do empresário envolvendo a divulgação de fotos íntimas de uma das vítimas. O empresário e a mulher, cujo nome será preservado, teriam se relacionado enquanto a vítima era casada. Após as cobranças pelo empréstimo, o golpista teria ameacado a denunciante de vazar o conteúdo pessoal.

A reportagem também teve acesso ao print de uma suposta conversa entre o homem e a mulher ameaçada. Nela, o empresário supostamente diz: “Seu marido vai adorar receber todas as mensagens e fotos”. A vítima responde: “Coisa boa, bom que vai aumentar sua listinha de crimes… já temos extorsão, estelionato… vamos ver quantos mais você quer cometer”. Então, supostamente, ele responde: “Ele vai adorar. Será que vai ficar excitado?”.

(Arquivo pessoal)

Busca por reparação

Fernanda afirma que o impacto do golpe se estende pela vida financeira e pessoal. “Meu nome está prestes a ficar sujo. A única coisa que eu tinha era meu nome limpo. Um dos bancos, inclusive, já protestou meu nome antes do vencimento da fatura”, relata a jornalista. “Os bancos não estão prestando suporte direito. Num deles eu tenho seguro de pix e eles recusaram o reembolso, que, mesmo assim, só cobre até R$ 20 mil. Eles argumentam que só se enquadraria caso eu tivesse sofrido ameaça física”.

Em nota ao BHAZ, a Polícia Civil confirmou que há registros de ocorrência envolvendo o empresário, que terá o nome preservado pela reportagem em razão das apurações em curso, em que ele é suspeito. A PC diz que apura os casos. Faiçal também afirma que a Promotoria de Justiça também já trabalha nas investigações.

“Eu quero que um cara desse seja impedido de fazer isso com outras pessoas. Ele podia ter destruído a minha vida. Agora tenho uma microempresa e estou com o nome sujo por uma dívida que nem é minha. Quero meu dinheiro de volta — e também evitar que outras pessoas passem por isso”, reforça Fernanda.

O BHAZ procurou a defesa do empresário e aguarda um posicionamento.

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