Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) pode abrir caminho para uma nova geração de vacinas contra o câncer. A ideia é que essas vacinas sejam mais baratas, feitas sob medida para cada pessoa e com menos riscos. A proposta faz parte do doutorado de Pedro Henrique dos Santos, orientado pelo professor Pedro Guimarães, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.
A ideia é que essas vacinas usem estruturas pequenas chamadas nanopartículas lipídicas para entregar pedaços do material genético (como o DNA e o RNA) diretamente às células do sistema imunológico, ativando uma resposta contra os tumores.
Na primeira parte da tese, Pedro e sua equipe investigaram diferentes proporções de lipídios para compor as nanopartículas que encapsulam o material genético. “A ideia era usar DNA para produzir células CAR-T (um tipo de célula do sistema imunológico modificada em laboratório para combater o câncer) de forma mais rápida e barata do que o método tradicional”, explica ao BHAZ. A vantagem é que, nesse caso, o DNA não se mistura de forma permanente com o material genético da pessoa, o que torna a terapia mais segura.
Já na segunda etapa do trabalho, o foco foi o uso de RNA mensageiro na produção dessas células. Inspirada pelo avanço das vacinas de RNA durante a pandemia de covid-19, a estratégia se mostrou eficiente para direcionar o sistema imune contra proteínas específicas de tumores colorretais. “O RNA mensageiro permite uma produção mais rápida e evita preocupações com a integração genômica, como acontece com o DNA”, afirma Pedro.
Vacina personalizada
A terceira parte da tese dá os primeiros passos para o desenvolvimento de uma vacina personalizada contra o câncer. A proposta é utilizar as partículas lipídicas como “mensageiras” para apresentar ao sistema imunológico proteínas específicas de cada tumor. “Nem todo tumor é igual. Mesmo entre casos de câncer de mama, por exemplo, os perfis de proteínas podem variar muito de paciente para paciente”, explicou.
Para isso, o grupo utilizou um processo chamado funcionalização, em que anticorpos são acoplados à superfície das nanopartículas para que sejam captadas com mais eficiência pelas chamadas células apresentadoras de antígenos — responsáveis por ativar a defesa do corpo. “A gente quer garantir que a partícula chegue às células certas, que são responsáveis por acionar os linfócitos T, que vão atacar as células tumorais”, destaca o pesquisador da UFMG.
Apesar dos avanços, Pedro lembra que o trabalho ainda está na fase básica. “Esses experimentos foram feitos em células e modelos animais, com todo o cuidado ético necessário. Mas ainda há um longo caminho até chegarem aos pacientes”, enfatiza ele.
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