Huawei endossa leilão de 6 GHz, mas para ITI a faixa não supre serviço móvel

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A Huawei Brasil recomenda firmemente que o leilão da parte alta da faixa de 6 GHz (6425–7125 MHz) para serviços móveis pessoais (SMP) ocorra já em 2026, aproveitando o impulso internacional gerado pela identificação da banda no WRC-23. Em sua contribuição à Consulta Pública nº 9/2025 da Anatel, Carlos Lauria, executivo sênior de relações governamentais da Huawei, argumenta que essa faixa é essencial para garantir o futuro do 5G e a transição para o 6G.

O especialista destaca que a capacidade dos 6 Ghz é comparável à banda C, mas com quase o dobro da largura de banda, sendo, portanto, um recurso essencial para manter o Brasil na vanguarda tecnológica. 

“O Brasil e o México, parte da Região 2 da UIT, também identificaram a faixa de 6425-7125 MHz para o IMT”, relembrou. Para a empresa, isso reforça que o Brasil já sinalizou, no cenário internacional, a intenção de utilizar essa faixa para comunicações móveis além de que “80% da população mundial vive em países que identificaram 6425-7125 MHz para o IMT”, reforçou.

6 GHz é realmente viável ao serviço móvel?

Por outro lado, o Information Technology Industry Council (ITI) defende a preservação integral da faixa para uso não licenciado, como o wi-fi, advertindo sobre os riscos econômicos e sociais de uma mudança de rumo.

O ITI afirma que “não há evidência clara de que mais espectro licenciado para IMT seja necessário” e que o uso da faixa para redes móveis enfrenta entraves técnicos, como baixa propagação e necessidade de proteção a usuários existentes. 

“A parte superior da banda de 6 GHz será difícil de utilizar devido a problemas de propagação”, diz a contribuição, acrescentando que “a compensação de relocalização será tão grande que tornará o espectro inacessível para os potenciais licenciados”.

Para a Huawei, entretanto, o momento é oportuno para a divisão: “o ecossistema da indústria 6GHz está se acelerando e se tornará gradualmente maduro no ano de 2025 e 2026”. 

A gigante chinesa comenta o estabelecimento de novos requisitos técnicos para novos dispositivos pelo 3GPP, o que representa “um marco significativo para o desenvolvimento de produtos”. Seguindo esse raciocínio, dispositivos comerciais, como CPEs e terminais móveis, estariam disponíveis a partir de 2026, viabilizando tecnicamente o leilão. 

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A Huawei citou ainda países como Emirados Árabes Unidos, Hong Kong, Austrália, Índia e China como exemplo entre os que já iniciaram esse processo de divisão da faixa, recomendando que o Brasil faça o mesmo para não ficar atrás.

O ITI, por sua vez, sustenta que o Wi-Fi 6E, que depende da faixa de 6 GHz, é uma tecnologia já consolidada e essencial para aplicações críticas como realidade aumentada, telepresença médica e cidades inteligentes. 

A destinação integral da faixa, segundo o ITI, foi adotada por “principais economias de todo o mundo”, e o Brasil “não pode se dar ao luxo de desviar-se de seu plano de aproveitar as vantagens da harmonização global”.

Citando projeções da Dynamic Spectrum Alliance e da Abrint, o ITI afirma que manter o uso não licenciado poderia gerar até “US$ 163,5 bilhões à economia brasileira” e consolidaria a atuação de cerca de 20 mil ISPs. 

Por isso, pede que a Anatel reverta a decisão recente de permitir o uso da faixa por IMT e reafirme sua política de uso não licenciado para todo o espectro de 6 GHz.

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