Rápida desvalorização de carros elétricos no mercado preocupa consumidores

Imagem de uma pessoa carregando um carro elétrico Carros elétricos

Os carros elétricos estão cada vez mais presentes nas ruas, nos debates sobre sustentabilidade e nas vitrines de montadoras. Com a promessa de reduzir emissões e proporcionar uma condução mais limpa, os veículos elétricos ganham adeptos ao redor do mundo.

No entanto, um aspecto tem causado apreensão entre consumidores e fabricantes: a rápida desvalorização desses modelos.

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Estudo revela queda significativa em cinco anos

Segundo estudos recentes de institutos especializados em mercado automotivo, carros elétricos podem perder até 50% do valor de mercado em apenas cinco anos — uma média superior à de veículos com motor a combustão, que tradicionalmente depreciam entre 30% e 40% no mesmo período.

Essa diferença tem um impacto direto na decisão de compra. Enquanto o apelo ambiental dos elétricos é forte, o fator econômico ainda pesa bastante na hora de fechar negócio.

Modelos mais afetados pela desvalorização

Marcas renomadas sofrem quedas expressivas

Entre os modelos que mais perderam valor ao longo dos últimos anos, estão veículos de montadoras consagradas:

Jaguar I-Pace

O SUV elétrico da marca britânica apresentou desvalorização acentuada, com perda de valor acima da média geral da categoria. Fatores como alto custo inicial e baixo volume de vendas influenciaram esse resultado.

Tesla Model S e Model X

Apesar da fama global da Tesla, seus modelos topo de linha também vêm enfrentando significativa depreciação. O avanço acelerado da própria tecnologia da marca — que frequentemente lança novos recursos e versões — torna versões anteriores menos atrativas no mercado de usados.

Híbridos mantêm valor melhor

Enquanto os modelos 100% elétricos sofrem mais, veículos híbridos — especialmente os produzidos por fabricantes japoneses como Toyota e Honda — vêm apresentando melhor retenção de valor. A combinação entre motor elétrico e combustão traz mais confiança para o consumidor e flexibilidade no uso.

Principais causas da desvalorização dos carros elétricos

Infraestrutura limitada de carregamento

Um dos fatores que mais afeta o valor de revenda dos elétricos é a falta de infraestrutura adequada para carregamento. No Brasil, por exemplo, embora o número de pontos de recarga esteja crescendo, ele ainda está muito aquém da demanda necessária para dar segurança ao usuário.

Evolução tecnológica rápida

A indústria de veículos elétricos está em rápida transformação. Isso significa que modelos lançados há poucos anos já podem parecer desatualizados diante das novas versões com maior autonomia, tempos de recarga mais curtos e sistemas inteligentes mais avançados.

Custo elevado de manutenção e peças

Ainda que os veículos elétricos necessitem de menos manutenção do que os tradicionais, o custo de reparo e substituição de componentes específicos — como baterias — ainda é elevado, o que afasta compradores no mercado de seminovos.

Incentivos fiscais instáveis

Em muitos países, incluindo o Brasil, os incentivos governamentais à compra de elétricos são instáveis e dependem de políticas públicas que podem mudar de um ano para o outro. A ausência de previsibilidade prejudica a confiança do consumidor no investimento a longo prazo.

Situação dos carros elétricos no Brasil

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Crescimento tímido, mas contínuo

O mercado brasileiro de veículos elétricos tem crescido, impulsionado principalmente por empresas e frotistas que veem benefícios a longo prazo. Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o país registrou mais de 90 mil emplacamentos de veículos eletrificados em 2024, um crescimento expressivo em relação aos anos anteriores.

Barreiras ainda existem

Apesar dos avanços, o consumidor médio ainda enfrenta barreiras significativas:

  • Poucas opções abaixo de R$ 150 mil;
  • Rede de recarga limitada fora das grandes cidades;
  • Pouca familiaridade com a tecnologia.

Esses fatores aumentam a percepção de risco, e consequentemente, influenciam negativamente no valor de revenda.

Como a indústria pode reverter essa tendência?

Melhorias na infraestrutura

A expansão da malha de carregamento público e a adoção de tecnologias como carregadores ultrarrápidos podem tornar os carros elétricos mais práticos e valorizados. Iniciativas públicas e privadas nesse sentido já começam a surgir em capitais brasileiras.

Garantias mais longas para baterias

Muitos fabricantes já oferecem garantias estendidas para as baterias — o componente mais caro do carro elétrico. Algumas marcas garantem até 8 anos ou 160 mil km, o que ajuda a reduzir o medo do consumidor quanto ao custo de manutenção.

Políticas públicas mais estáveis

A criação de um marco regulatório específico para veículos elétricos no Brasil pode trazer mais previsibilidade fiscal, tanto para fabricantes quanto para compradores. Incentivos como isenção de IPVA, redução de impostos e linhas de financiamento específicas são ferramentas importantes para valorizar esse tipo de veículo.

O que esperar do futuro?

A tendência é de valorização a médio e longo prazo

A desvalorização atual dos carros elétricos é reflexo de um setor em transição. À medida que a tecnologia amadurece, a infraestrutura se expande e o mercado se adapta, espera-se que os modelos elétricos passem a reter valor de maneira mais consistente.

Além disso, com as metas globais de redução de emissões, cada vez mais países e cidades estão restringindo a venda de carros a combustão, o que deve impulsionar ainda mais a demanda por elétricos.

Novos modelos e concorrência acirrada

A chegada de montadoras chinesas ao mercado brasileiro, como BYD e GWM, promete popularizar o acesso aos elétricos e aumentar a concorrência, forçando uma adequação de preços e melhorias nos produtos.

Considerações finais

A rápida desvalorização dos carros elétricos é, sem dúvida, um obstáculo para a expansão plena do segmento, mas não um impeditivo definitivo. Com a evolução das condições de mercado e a consolidação da tecnologia, esse cenário deve mudar.

Consumidores atentos devem avaliar o perfil de uso, considerar benefícios indiretos (como menor gasto com combustível e manutenção) e analisar estratégias de revenda antecipada para mitigar perdas financeiras.

No fim das contas, o futuro dos carros elétricos parece promissor — e a valorização pode ser apenas uma questão de tempo.

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