
Diante da crise energética agravada por uma seca prolongada e altas temperaturas, o governo da Venezuela anunciou uma medida emergencial: a redução da jornada de trabalho dos servidores públicos.
A decisão, que passou a valer no fim de março, estabelece um novo horário para os funcionários do setor público — das 8h às 12h30, além de uma escala alternada de trabalho em dias intercalados, conhecida como escala 1×1.
A medida ocorre após a decretação de uma emergência climática, que afeta diretamente os reservatórios responsáveis pelo abastecimento de energia no país. Enquanto isso, setores essenciais como saúde, segurança e abastecimento de água continuam operando normalmente.
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Entenda a crise energética na Venezuela

O que está por trás da emergência energética?
A crise energética que a Venezuela enfrenta tem raízes profundas e complexas. O principal fator é a dependência de energia hidrelétrica, com destaque para a usina de Guri, responsável por cerca de 80% da geração elétrica no país. Com a escassez de chuvas, os níveis do reservatório caíram drasticamente, comprometendo a capacidade de produção.
Além disso, as temperaturas extremas registradas nos últimos meses aumentaram significativamente o consumo de energia, especialmente em sistemas de refrigeração, como ar-condicionado e ventiladores, pressionando ainda mais o sistema.
Histórico de colapsos anteriores
Embora o anúncio recente tenha surpreendido parte da comunidade internacional, não é a primeira vez que a Venezuela adota esse tipo de solução. O país já enfrentou crises semelhantes em 2016 e 2018, quando medidas de racionamento e suspensão das aulas e do expediente público foram implementadas devido à baixa no nível da mesma hidrelétrica.
Essas ações se repetem agora, reforçando a fragilidade do modelo energético venezuelano diante de fenômenos climáticos extremos.
Como funciona a nova jornada de trabalho
Redução de carga horária e dias alternados
A nova jornada estabelece que os servidores públicos trabalharão das 8h às 12h30, com um regime de escala alternada. Isso significa que os trabalhadores irão aos escritórios em dias intercalados, ou seja, um dia sim, outro não. O objetivo é reduzir a circulação de pessoas, diminuir a carga sobre o sistema elétrico e permitir um uso mais eficiente da energia disponível.
Setores com expediente normal:
- Hospitais e postos de saúde
- Polícia e serviços de emergência
- Áreas estratégicas de abastecimento e infraestrutura
Medidas complementares à redução da jornada
Junto da nova jornada, o governo emitiu recomendações para toda a população, incentivando o uso consciente da energia. As orientações incluem:
- Ajustar ar-condicionado para 23°C
- Aproveitar a luz natural ao máximo
- Desligar aparelhos eletrônicos fora de uso
- Evitar o uso simultâneo de eletrodomésticos
- Reduzir o consumo em fábricas e indústrias
Impactos sociais e econômicos da medida
Como a mudança afeta a população
A redução da jornada de trabalho afeta diretamente o funcionamento de diversos serviços públicos. Com menos horas disponíveis para atendimento ao público, áreas como educação, atendimento social e serviços administrativos funcionam de forma limitada, o que pode gerar demoras, filas e frustrações na população.
Por outro lado, o governo argumenta que a medida é necessária e temporária, com o objetivo maior de preservar o fornecimento de energia em momentos críticos.
Reações da sociedade
A decisão gerou reações divididas. Enquanto parte da população entende a gravidade da crise e apoia a medida como forma de prevenção a apagões, outra parte critica a falta de investimento em fontes alternativas de energia e a recorrência desse tipo de problema nos últimos anos.
Como economizar energia em casa: lições da crise venezuelana

Apesar do cenário venezuelano ser mais extremo, a crise energética acende um alerta também em outros países, como o Brasil, que já enfrentou períodos de escassez hídrica e racionamento.
Medidas simples que geram impacto
Mesmo fora de uma crise, adotar hábitos conscientes de consumo de energia traz benefícios tanto para o bolso quanto para o meio ambiente.
Dicas práticas:
- Desligue os aparelhos da tomada: aparelhos em stand-by continuam consumindo energia.
- Use lâmpadas de LED: são mais econômicas e duram mais.
- Aproveite a luz natural: abra janelas e cortinas durante o dia.
- Evite usar muitos aparelhos ao mesmo tempo: especialmente em horários de pico.
- Regule o ar-condicionado: mantenha entre 23°C e 25°C para conforto e economia.
- Verifique a vedação da geladeira: uma porta mal fechada aumenta o consumo.
A importância da manutenção elétrica
Além de hábitos, é importante garantir que a infraestrutura da casa esteja adequada. Faça revisões periódicas na fiação e substitua equipamentos antigos por modelos mais modernos e eficientes.
Equipamentos que mais consomem energia:
- Ar-condicionado
- Geladeira
- Chuveiro elétrico
- Máquina de lavar roupa
- Ferro de passar
Energia, clima e consciência global
O papel das mudanças climáticas
O cenário venezuelano é um reflexo direto dos impactos do aquecimento global e das mudanças no regime de chuvas. Com secas mais prolongadas e temperaturas recordes, o mundo inteiro precisa repensar a matriz energética e os hábitos de consumo.
O desafio da transição energética
Especialistas alertam para a importância de investir em fontes alternativas de energia, como solar, eólica e biomassa, que oferecem maior resiliência em tempos de crise.
Iniciativas que podem fazer a diferença:
- Programas de incentivo à energia solar residencial
- Investimentos públicos em energia limpa
- Educação ambiental nas escolas e campanhas de conscientização
Considerações finais
A decisão do governo da Venezuela de reduzir a jornada de trabalho dos servidores públicos é uma medida emergencial para enfrentar a crise energética que atinge o país. Com o agravamento da seca e o aumento do consumo devido ao calor extremo, o sistema elétrico chegou ao limite, exigindo ações rápidas e impopulares.
O caso serve de alerta global sobre os riscos de uma matriz energética centralizada e altamente dependente das condições climáticas. Também reforça a necessidade de educação para o consumo consciente de energia, uma prática que deve ser incentivada em todos os países, independentemente de estarem ou não em crise.
A longo prazo, apenas com investimento em fontes sustentáveis e mudanças de comportamento será possível garantir segurança energética e preservar os recursos naturais do planeta.