
Modelo depredado foi um Tesla Model S de 2014, que já estava destinado ao descarte. Grupo se referiu ao ato como uma ‘instalação de arte participativa’. Tesla é destruído em protesto de Londres
Henry Nicholls/AFP
Um grupo chamado Everyone Hates Elon (Todo Mundo Odeia o Elon) destruiu um veículo da Tesla nesta semana, em Londres, em protesto contra as ações políticas de Elon Musk, dono da montadora e homem próximo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O modelo escolhido para o protesto foi um Tesla Model S de 2014, já destinado ao descarte e sem condições legais de circulação. O veículo foi doado ao coletivo por uma pessoa que preferiu manter o anonimato. O grupo chamou o ato de “instalação de arte participativa”.
“Estamos dando às pessoas comuns a chance de mostrar como se sentem em relação a Elon Musk e suas opiniões odiosas. Esta instalação de arte participativa permite que as pessoas expressem sua frustração com a desigualdade de riqueza de forma segura e legal”, disse o grupo em nota.
Antes da destruição, a bateria do carro foi removida e enviada para reciclagem. A bateria, quando danificada, pode entrar em combustão ou explodir.
Durante o ato, qualquer pessoa podia utilizar ferramentas como marretas e tacos de beisebol, disponíveis no local, para participar da ação.
Tesla Model S de 2014 é destruído em protesto
Henry Nicholls/AFP
“Elon Musk pensa que é intocável, e eu senti que este era um ótimo momento para mostrar que ele não é — e destruir algo que ele valoriza. Sua agenda sobre direitos trans e Gaza parte meu coração, e eu só queria vir e liberar um pouco da minha raiva, que sinto não ter muito espaço para ser expressa”, comentou a estudante Romilly Cotta à agência France Presse.
Após a destruição, o Tesla Model S será leiloado pelo coletivo, e todo o valor arrecadado será destinado à caridade. Segundo o grupo, a intenção é doar o dinheiro para instituições que distribuem alimentos.
“Acho que há um sentimento compartilhado entre todos nós: a sensação de que os bilionários estão tomando demais. Nós odiamos bilionários — todos odiamos o Elon, especificamente — e isso é apenas catártico”, disse o músico Colin Reineberg.
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Tesla está derretendo
De acordo com um levantamento feito pela consultoria Elos Ayta, a Tesla lá perdeu US$ 557 bilhões em valor de mercado desde o dia 20 de janeiro deste ano. As ações da companhia caíram 40,84% durante o período.
As vendas de carros da Tesla, empresa chefiada por Elon Musk, despencaram para o menor nível dos últimos três anos.
A fabricante de veículos elétricos entregou quase 337 mil unidades nos primeiros três meses de 2025 — uma queda de 13% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os carros da companhia enfrentam uma competição cada vez maior da empresa chinesa BYD, mas especialistas acreditam que o papel controverso de Musk na administração Donald Trump também tem uma influência nesse fenômeno.
“Esses números são péssimos”, escreveu no X (antigo Twitter) Ross Gerber, um dos primeiros investidores da Tesla, do grupo Gerber Kawasaki Wealth and Investment Management.
“A Tesla está em colapso e pode ser que não se recupere”, acrescentou ele, que já foi um apoiador de Musk, mas recentemente pediu que o conselho da empresa removesse o bilionário do cargo de CEO.
O ativismo político de Musk gerou uma onda de protestos e boicotes ao redor do mundo.
Ele atualmente lidera a iniciativa do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) do presidente Donald Trump, criada com o objetivo de cortar gastos e reduzir o volume de servidores federais.
No começo de março, o site Politico relatou que Trump teria dito a pessoas de seu círculo íntimo que Musk se afastaria do governo nas próximas semanas.
Logo após a publicação da notícia, o preço das ações da Tesla voltou a subir. A Casa Branca, no entanto, refutou a reportagem, classificando-a como “lixo”.
Por ser considerado um funcionário especial do governo, por lei Musk só pode servir no governo por 130 dias durante o ano, o que significaria que ele teria de deixar o posto até meados de junho.
O chefe da Tesla é o homem mais rico do mundo e contribuiu com mais de US$ 250 milhões (R$ 1,4 bi) para ajudar Trump a ser eleito nas eleições de novembro de 2024.