
A compra de um carro novo é, para muitos brasileiros, um dos maiores sonhos de consumo. No entanto, essa conquista pode rapidamente se transformar em dor de cabeça quando envolve financiamento.
O que deveria ser uma solução para viabilizar a compra acaba sendo, muitas vezes, um problema — especialmente quando o cliente se depara com estratégias de venda que elevam o valor final do veículo.
Se você está pensando em comprar um carro financiado, este artigo vai te ajudar a entender os principais truques utilizados pelas concessionárias e gerentes financeiros. Conhecer essas táticas é essencial para proteger o seu bolso e garantir um bom negócio.
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O impacto das condições de financiamento
Financiar um veículo nem sempre é uma má escolha, desde que seja feito com planejamento e clareza. O problema surge quando o comprador é influenciado a aceitar contratos sem entender todas as condições envolvidas.
Na maioria das vezes, os compradores se preocupam apenas com o valor da parcela mensal, esquecendo de avaliar:
- Taxa de juros;
- Prazo total de pagamento;
- Valor total pago ao final do financiamento;
- Custos embutidos e taxas extras.
A consequência? Um carro que parecia caber no orçamento pode custar muito mais do que o valor anunciado inicialmente.
Quem é o gerente financeiro da concessionária?
O papel do gerente financeiro
Ao chegar na etapa final da compra, entra em cena o gerente financeiro. Ele é responsável por intermediar o financiamento entre o cliente e o banco, e seu objetivo é maximizar o lucro da concessionária.
É nesse momento que surgem os chamados “ajustes” no contrato, e o valor final da compra começa a se distanciar do esperado.
Os 5 truques mais usados no financiamento de veículos
Vamos agora detalhar os principais truques usados por vendedores e gerentes financeiros durante a negociação de um financiamento. Conhecer essas estratégias é o primeiro passo para não cair em armadilhas.
1. Inclusão de adicionais inesperados
Como funciona?
Após uma negociação aparentemente finalizada, o comprador pode descobrir que o contrato inclui:
- Seguros (automóvel, proteção financeira, vida);
- Garantias estendidas;
- Serviços de emplacamento ou documentação;
- Serviços de rastreamento ou manutenção programada.
Por que isso é um problema?
Esses serviços são muitas vezes vendidos como obrigatórios, mas são opcionais. Quando somados ao financiamento, aumentam o valor das parcelas e o custo total do carro.
2. Foco apenas no valor da parcela
A ilusão da parcela baixa
Muitos vendedores perguntam logo no início:
“Quanto você pode pagar por mês?”
Com essa informação, o gerente ajusta prazo e taxas para fazer caber o financiamento no valor da parcela desejada, mas:
- Estende o financiamento por 60, 72 ou até 84 meses;
- Embute taxas e serviços;
- Apresenta uma falsa sensação de vantagem.
O risco de pagar muito mais
O comprador pode estar pagando o dobro ou até o triplo do valor do veículo ao longo do tempo, mas não percebe por causa da “parcela confortável”.
3. Marcação de taxa de juros acima da média
Como a taxa é manipulada
Muitas concessionárias oferecem financiamento por meio de bancos parceiros, mas incluem um “spread” — ou seja, aumentam a taxa de juros real para ganhar comissão.
Como evitar?
Antes de assinar qualquer contrato, consulte bancos e fintechs diretamente. Faça uma simulação fora da concessionária. Você pode encontrar:
- Taxas mais baixas;
- Prazos mais curtos;
- Menos burocracia.
4. Agrupamento de negociações
A prática de “embutir tudo”
Vendedores muitas vezes misturam:
- Valor do carro;
- Valor de entrada;
- Financiamento;
- Troca de veículo usado;
- Serviços e acessórios.
Essa combinação dificulta o entendimento do que está sendo pago, e pode esconder custos desnecessários.
A dica é separar
Negocie cada item separadamente:
- Primeiro, o preço do carro;
- Depois, o valor da entrada;
- Em seguida, a simulação de financiamento;
- Por último, a negociação da troca.
5. Valor de troca inflado (ou rebaixado)
O truque no carro usado
É comum o vendedor oferecer um bom valor de troca verbalmente, mas ao analisar o contrato final, o valor do carro usado aparece menor. A diferença é incorporada ao financiamento.
Como se proteger
- Exija que tudo esteja por escrito;
- Peça uma avaliação formal do seu veículo antigo;
- Compare com o preço de revenda no mercado.
Como se proteger ao financiar um carro
Faça simulações com antecedência
Use os simuladores online de:
- Bancos;
- Fintechs;
- Plataformas de crédito automotivo.
Compare taxas de juros, CET (Custo Efetivo Total) e valores de entrada.
Leia o contrato com atenção
Antes de assinar, leia com cuidado:
- Todos os itens e cláusulas;
- Taxas embutidas;
- Valores de parcelas e do valor total financiado;
- Prazo de pagamento.
Não tenha pressa
Evite tomar decisões no calor da emoção ou sob pressão. Tire um tempo para:
- Levar o contrato para casa;
- Mostrar para alguém de confiança;
- Avaliar se o financiamento realmente vale a pena.
Dica bônus: considere outras opções além do financiamento tradicional
Consórcio
Ideal para quem não tem pressa, o consórcio permite:
- Parcelas sem juros;
- Menor valor final pago.
Leasing
Uma forma de “aluguel com opção de compra” no final do contrato, que pode ter vantagens fiscais dependendo da categoria.
Crédito pessoal com taxa baixa
Algumas pessoas optam por empréstimos pessoais com taxa reduzida, que podem ser mais vantajosos do que o financiamento da própria concessionária.
Informação é a melhor defesa contra armadilhas

O financiamento de um carro pode ser uma solução inteligente — desde que o comprador esteja bem informado. Neste artigo, você conheceu os principais truques utilizados por concessionárias para aumentar o valor final da compra.
Relembrando:
- Fique atento aos adicionais embutidos;
- Cuidado com a ilusão da parcela baixa;
- Pesquise taxas de juros fora da concessionária;
- Negocie tudo separadamente;
- Garanta que o valor de troca do seu carro esteja claro.
Com atenção e preparo, você evita surpresas desagradáveis e garante um bom negócio na hora de realizar o sonho do carro novo.