Durante o Brazilian iGaming Summit, realizado na última quinta-feira (10), especialistas do setor financeiro afirmaram que a biometria como forma de pagamento instantâneo pode ultrapassar o Pix em popularidade no Brasil. Essa mudança estaria diretamente ligada à evolução do Open Finance, que promete simplificar ainda mais as transações ao eliminar etapas e reduzir o tempo gasto em transferências.
A discussão ocorreu no painel “Cenário de pagamentos no iGaming: desafios e oportunidades na ‘Era do Pix e da Regulamentação’”, e destacou o papel crescente da tecnologia no futuro das transações financeiras, com foco especial no setor de apostas online.
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O domínio atual do Pix no Brasil
Desde sua criação em 2020 pelo Banco Central, o Pix se consolidou como o sistema de pagamento preferido pelos brasileiros. Prático, gratuito para pessoas físicas e aceito em praticamente todos os estabelecimentos, ele se tornou uma ferramenta indispensável para transferências e compras do dia a dia. Em menos de cinco anos, o Pix ultrapassou 150 milhões de usuários e movimenta bilhões de reais mensalmente, mostrando que o Brasil abraçou com entusiasmo a ideia de pagamentos instantâneos.
O grande diferencial do Pix é sua operação 24 horas por dia, sete dias por semana. No entanto, embora o processo seja relativamente rápido, ainda envolve etapas que, para muitos usuários, comprometem a experiência. Abrir o aplicativo do banco, escanear ou copiar o código, confirmar a transação… tudo isso pode levar entre dois e três minutos, tempo suficiente para causar fricção em setores que dependem da velocidade, como o iGaming.
Biometria como o próximo passo na evolução dos pagamentos
A biometria surge como uma solução que promete tornar os pagamentos ainda mais simples e naturais. Ao usar características únicas do corpo humano — como impressão digital, reconhecimento facial ou da íris — o sistema elimina a necessidade de senhas, autenticações múltiplas e até mesmo o uso do celular em alguns casos.
Para Cesar Garcia, CEO da OneKey Payments, essa tecnologia representa uma quebra de paradigma:
“Estamos apostando nisso como próximo passo de desenvolvimento para mudar a maneira como hoje é enxergado o Pix. O pagamento através de biometria traz inúmeros benefícios, e acredito que passe ao longo do tempo a ser o principal meio de pagamento do país, porque retira toda a jornada de fricção.”
Essa jornada de fricção mencionada por Garcia é exatamente o que torna a biometria tão atrativa. Ao eliminar cliques, autenticações e mudanças de aplicativo, o pagamento pode ser feito com apenas um toque ou olhar, reduzindo o tempo da transação para menos de 10 segundos.
O papel do Open Finance nessa transformação
A ascensão da biometria como meio de pagamento só se torna viável graças ao avanço do Open Finance no Brasil. Esse ecossistema permite que diferentes instituições compartilhem dados financeiros do usuário, com sua autorização, criando um ambiente mais integrado, competitivo e inovador.
Bruno Gonçalves, Sales Manager da OktoBank, acredita que a convergência entre Open Finance e biometria resultará em soluções que vão além da praticidade:
“Ter um outro produto, como um ‘Pix biometria’, isso tudo está chegando para ficar. Vocês não vão mais ter 9 passos para fazer um pagamento. Isso é inovação, não tem como o usuário brasileiro fugir de uma coisa sensacional como essa.”
Com a integração proporcionada pelo Open Finance, pagamentos podem ser iniciados e finalizados sem que o usuário precise sair de uma plataforma para entrar em outra. Isso é especialmente importante em setores como o iGaming, onde segundos fazem diferença na decisão de uma compra ou aposta.
Benefícios do pagamento por biometria
Os especialistas apontaram uma série de vantagens que podem posicionar a biometria como líder nos meios de pagamento no Brasil:
- Redução significativa no tempo da transação
- Eliminação de etapas como login em bancos e cópia de códigos
- Maior segurança por se basear em dados biométricos únicos
- Redução de erros operacionais e fraudes
- Melhoria na experiência do usuário
- Maior inclusão digital com uso simplificado
Esses benefícios não apenas otimizam as operações, mas também criam um cenário propício para o aumento da confiança do consumidor em soluções digitais mais avançadas.
Desafios para a consolidação da biometria como principal meio de pagamento
Apesar das vantagens, o caminho para que a biometria substitua o Pix não está livre de obstáculos. A tecnologia ainda precisa enfrentar desafios técnicos, regulatórios e culturais.
Entre os principais pontos estão:
Infraestrutura tecnológica
A adoção em larga escala exige que estabelecimentos comerciais e sistemas bancários atualizem seus equipamentos para aceitar a leitura biométrica de forma confiável e rápida.
Proteção de dados e privacidade
O uso de dados biométricos exige um cuidado extremo com segurança. Os consumidores precisam ter certeza de que suas informações não serão utilizadas para outros fins ou expostas a riscos.
Educação e adaptação do consumidor
Muitos usuários ainda não estão familiarizados com esse tipo de tecnologia para pagamentos. Será necessário um esforço de comunicação para demonstrar que a biometria é segura e vantajosa.
Padronização entre instituições
Para que a tecnologia funcione de forma ampla, será preciso estabelecer padrões que permitam a interoperabilidade entre diferentes bancos, fintechs e plataformas de pagamento.
A biometria no iGaming e no comércio eletrônico
O setor de iGaming é considerado um terreno fértil para a aplicação dessa tecnologia. Jogos online e apostas exigem transações rápidas, seguras e com alta disponibilidade. Com a biometria, o processo de depósito e saque se torna quase instantâneo, eliminando barreiras que afetam a experiência do usuário.
Mas o impacto da biometria não deve se limitar a esse setor. Supermercados, lojas online, transporte público e até mesmo pagamentos entre pessoas físicas podem se beneficiar dessa revolução. Em países como a China, o reconhecimento facial já é amplamente usado em lojas e restaurantes, e o Brasil parece seguir caminho semelhante.
Pix versus biometria: um comparativo
A seguir, um comparativo entre o Pix e o pagamento por biometria, com base nos critérios discutidos no evento:
| Critério | Pix | Biometria |
|---|---|---|
| Velocidade | 2 a 3 minutos | Menos de 10 segundos |
| Segurança | Alta | Muito alta |
| Facilidade de uso | Requer múltiplas etapas | Um toque ou olhar |
| Acessibilidade | Exige smartphone e app | Pode funcionar com sensores simples |
| Integração com bancos | Completa | Em desenvolvimento |
| Escalabilidade | Já consolidado | Em fase de adoção |
O futuro dos pagamentos no Brasil
O Brasil tem demonstrado ser um terreno fértil para a inovação em meios de pagamento. A rápida adoção do Pix foi um indicativo claro da abertura da população a soluções mais modernas e eficientes. Agora, com o avanço do Open Finance e da tecnologia biométrica, o país pode novamente sair na frente e estabelecer um novo padrão para as transações financeiras do dia a dia.
Embora o Pix ainda tenha um papel central e consolidado, os próximos anos prometem uma evolução significativa. E, segundo os especialistas que participaram do Brazilian iGaming Summit, a biometria está pronta para liderar essa mudança, tornando-se não apenas uma alternativa ao Pix, mas possivelmente o novo padrão nacional de pagamentos.
Conclusão
Embora o Pix continue sendo o meio de pagamento mais difundido no Brasil, a chegada da biometria aponta para uma nova era de transações digitais ainda mais rápidas, seguras e integradas. Impulsionada pelo avanço do Open Finance e pela busca por menos fricção nas transações, especialmente no setor de iGaming, a biometria tem potencial real de assumir o protagonismo no cenário financeiro nacional.
A adoção em massa dependerá de investimentos em infraestrutura, regulamentação de proteção de dados e educação do consumidor. Mas a direção está traçada: pagamentos com um simples toque ou olhar estão cada vez mais próximos da realidade brasileira.
