Golpes com Pix disparam e forçam mudanças urgentes no sistema

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Desde sua criação, o Pix revolucionou a forma como os brasileiros realizam transferências bancárias. Com rapidez, gratuidade e disponibilidade 24 horas por dia, o sistema se consolidou como o principal meio de pagamento do país. No entanto, esse sucesso também atraiu a atenção de criminosos. O aumento dos casos de fraude, somado ao vazamento de mais de 25 mil chaves Pix nos últimos meses, acendeu um alerta vermelho no sistema financeiro.

Diante desse cenário, o Banco Central anunciou um novo pacote de medidas de segurança para reforçar o combate aos golpes e aumentar a confiança dos usuários. As mudanças incluem uso de inteligência artificial, bloqueio temporário de valores e maior integração entre instituições financeiras.

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Entenda o que motivou as mudanças

Nos últimos meses, foram registrados milhares de casos de golpes envolvendo o Pix, com prejuízos financeiros e emocionais para as vítimas. A engenharia social, os aplicativos falsos e até os sequestros-relâmpago se tornaram práticas comuns adotadas por quadrilhas especializadas.

De acordo com o próprio Banco Central, o número de transações suspeitas aumentou de forma preocupante, e mais de 25 mil chaves Pix foram expostas indevidamente, comprometendo a segurança de dados sensíveis.

Principais tipos de golpes com Pix

Entre os golpes mais recorrentes, destacam-se:

  • Falsos atendentes bancários, que ligam para as vítimas e solicitam senhas ou transferências sob pretextos diversos;
  • Links de phishing, enviados por SMS, e-mail ou WhatsApp, direcionando a páginas falsas;
  • Aplicativos maliciosos, criados para simular o ambiente de bancos legítimos e roubar dados;
  • Sequestros-relâmpago, nos quais criminosos forçam a vítima a realizar transferências via Pix sob ameaça.

Novas regras do Banco Central para o Pix

1. Bloqueio de valores por até 72 horas

Uma das medidas mais importantes é a possibilidade de bloqueio temporário do valor transferido via Pix por até 72 horas, caso haja indícios de fraude. A regra já existia em casos específicos, mas agora será ampliada e padronizada entre as instituições financeiras.

O objetivo é dar tempo para que os sistemas internos realizem análises de segurança e permitam a reversão da transação, caso necessário, minimizando o prejuízo para a vítima.

2. Uso de inteligência artificial (IA) nas transações

A inteligência artificial será um elemento obrigatório no monitoramento de operações Pix. Os algoritmos deverão ser treinados para identificar comportamentos atípicos ou de risco, com base no histórico do usuário, horários incomuns, localização e outros fatores.

Segundo o Banco Central, o uso da IA permitirá agir de forma mais rápida e assertiva, inclusive com alertas preventivos durante o uso do aplicativo pelo cliente.

3. Compartilhamento de informações entre instituições

As instituições financeiras agora devem compartilhar informações detalhadas sobre transações suspeitas entre si e com o Banco Central. Esse intercâmbio de dados é essencial para mapear práticas criminosas e evitar que golpistas usem diferentes bancos para dificultar o rastreamento.

A regra fortalece o chamado Mecanismo Especial de Devolução (MED), criado justamente para possibilitar a devolução de valores transferidos mediante fraude.

4. Aumento da responsabilidade dos bancos

Os bancos e instituições de pagamento passam a ter mais responsabilidades na identificação de comportamentos fraudulentos, inclusive com penalidades mais rígidas para quem negligenciar a segurança dos dados dos clientes.

Com isso, espera-se que as fintechs, bancos tradicionais e carteiras digitais invistam ainda mais em cibersegurança.

A visão do setor: opinião de especialistas

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Imagem: Freepik e Canva

Em entrevista ao Podcast Canaltech, Marlon Tseng, CEO da empresa de pagamentos Pagsmile, afirmou que as novas medidas são um avanço, mas ainda não são suficientes para eliminar totalmente os riscos.

“Os criminosos estão mais sofisticados. Eles não atacam apenas a tecnologia, mas também a mente das pessoas. A engenharia social ainda é o principal vetor de golpe”, explicou Tseng.

Segundo ele, a educação digital do usuário precisa acompanhar os avanços tecnológicos, para que as medidas sejam realmente eficazes.

Como se proteger de golpes no Pix

Além das iniciativas do Banco Central, o usuário também tem um papel fundamental na prevenção às fraudes. Algumas medidas simples podem fazer toda a diferença:

Nunca compartilhe senhas ou códigos recebidos por SMS

Bancos nunca pedem códigos de autenticação, senhas ou informações confidenciais por telefone, e-mail ou mensagens. Desconfie de qualquer abordagem nesse sentido.

Verifique o endereço de e-mails e sites

Evite clicar em links de remetentes desconhecidos. Sites falsos muitas vezes imitam o visual de bancos reais, mas apresentam URLs com erros ou domínios suspeitos.

Habilite a autenticação em dois fatores

Esse recurso adiciona uma camada extra de segurança aos aplicativos bancários, exigindo um segundo nível de verificação (geralmente por SMS ou app autenticador).

Desconfie de contatos inesperados

Se alguém se apresenta como funcionário do banco e pede alguma ação urgente, desligue e entre em contato diretamente com a instituição pelos canais oficiais.

Utilize dispositivos confiáveis

Evite realizar transações Pix em computadores públicos ou celulares de terceiros. Use sempre redes seguras e dispositivos protegidos por antivírus e senhas fortes.

Impacto das novas regras no uso do Pix

Embora as mudanças tragam mais segurança, elas podem resultar em pequenos atrasos na conclusão de algumas transferências, especialmente se o sistema identificar alguma suspeita. A expectativa, no entanto, é de que o impacto na experiência do usuário seja mínimo, se comparado ao ganho em proteção.

Segundo o Banco Central, a prioridade continua sendo a agilidade do sistema, mas sem abrir mão da segurança e confiabilidade.

Pix continua crescendo: dados atualizados

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Mesmo com os desafios, o uso do Pix continua crescendo de forma acelerada. De acordo com dados do Banco Central, o sistema registrou:

  • Mais de 170 milhões de usuários cadastrados;
  • Mais de 600 milhões de chaves ativas;
  • Volume superior a R$ 1 trilhão por mês em transações;
  • Crescimento constante nas transferências entre pessoas físicas e jurídicas.

Esses números reforçam a importância de manter a plataforma segura e estável para todos os usuários.

Imagem: Freepik/ Edição: Seu Crédito Digital

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