Inflação reduz poder de compra: R$ 100 em 1994 equivalem a apenas R$ 12,70 em 2025

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Em julho de 1994, o Brasil iniciava uma nova era econômica com o Plano Real, criado para combater a hiperinflação que afetava drasticamente o cotidiano da população. O real substituiu o cruzeiro real e trouxe a expectativa de estabilidade monetária. Naquele momento, o país havia acumulado inflação de mais de 4.900% nos 12 meses anteriores. A nova moeda chegou com a promessa de acabar com a escalada dos preços e restabelecer o poder de compra dos brasileiros.

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A desvalorização ao longo do tempo

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Imagem: DihandraPinheiro / shutterstock

Quase 31 anos depois, essa promessa enfrenta os efeitos do tempo e da inflação. Uma nota de R$ 5 de 1994 tem hoje poder de compra equivalente a apenas R$ 0,64. Ou seja, o real perdeu aproximadamente 87% do seu valor desde sua criação. A principal razão para isso é a inflação acumulada de 686,64% entre julho de 1994 e março de 2025, de acordo com o IBGE. Esse índice foi calculado com base na variação do IPCA, que é o principal indicador da inflação no país.

O que é desvalorização monetária

A desvalorização de uma moeda acontece quando o poder de compra diminui ao longo do tempo. “A inflação significa que se você colocar um determinado valor em dinheiro no bolso e conseguir comprar algumas coisas hoje, daqui a alguns meses ou anos você não consegue comprar as mesmas coisas”, explica o economista Robson Gonçalves, professor da FGV. Ou seja, quando se fala em desvalorização do real, fala-se da perda contínua do valor real do dinheiro em circulação.

A inflação também atinge outras moedas

Esse fenômeno não é exclusivo do Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, US$ 1 de 1994 vale atualmente cerca de US$ 0,47. Ainda que a intensidade da desvalorização varie, todas as moedas sofrem com a inflação. O que diferencia os países é a capacidade de controlar o ritmo e a previsibilidade da inflação, que no Brasil foi mais intensa e irregular ao longo das últimas décadas.

Quanto valem as notas do real hoje

Comparativo entre valor nominal e real

O portal G1 utilizou a calculadora de inflação do IBGE para demonstrar a perda do poder de compra das notas emitidas desde 1994. Os valores atuais corrigidos pela inflação são:

  • R$ 1 equivale a R$ 0,13
  • R$ 2 (lançada em 2001) equivale a R$ 0,50
  • R$ 5 equivale a R$ 0,64
  • R$ 10 equivale a R$ 1,27
  • R$ 20 (lançada em 2002) equivale a R$ 5,18
  • R$ 50 equivale a R$ 6,37
  • R$ 100 equivale a R$ 12,74
  • R$ 200 (lançada em 2020) equivale a R$ 149,67

A nota de R$ 200, por ser a mais recente, sofreu menos com a inflação, acumulando uma perda de 33,63% desde seu lançamento em setembro de 2020.

O impacto da inflação no cotidiano

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Imagem: Visuals6x/shutterstock.com

Como a inflação afeta a população

A inflação tem efeitos diretos sobre a vida das pessoas. Quando os preços sobem e os salários não acompanham, há perda de poder de compra. Isso significa que o consumidor passa a comprar menos com a mesma quantia. Alimentos, combustíveis e energia são os itens que mais afetam o bolso do brasileiro em tempos de inflação. Além disso, a insegurança em relação aos preços futuros leva empresas a reajustarem seus produtos como forma de se proteger de incertezas.

A explicação econômica

De acordo com o economista Robson Gonçalves, “a inflação, no longo prazo, está relacionada à criação excessiva de moeda. Mas isso não significa que você não tenha solavancos de curto prazo. Em momentos de instabilidade política e econômica, os empresários tendem a aumentar preços para incorporar um prêmio de risco”. Ou seja, em cenários de incerteza, os preços sobem antecipadamente como forma de precaução.

Picos históricos de inflação após o real

Apesar de o Plano Real ter controlado a hiperinflação inicial, o Brasil viveu alguns momentos de descontrole inflacionário. Em 1995, logo após a criação do real, a inflação anual foi de 22,41%, refletindo o receio de que a nova moeda não fosse sustentável. Em 2002, a inflação atingiu 12,53%, impulsionada pela crise no setor elétrico e a eleição presidencial. Em 2015, chegou a 10,67%, durante o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Em 2021, a inflação bateu 10,06%, sob o impacto da pandemia da Covid-19.

Inflação por décadas desde o Plano Real

A inflação acumulada ao longo de três décadas mostra o impacto progressivo da perda de valor do real:

  • De 1994 a 2004: 151,88%
  • De 2004 a 2014: 70,03%
  • De 2014 a 2025: 82,00%

Embora o país tenha conseguido manter a inflação abaixo de 5% em dez dos últimos 30 anos, os efeitos acumulativos ainda corroem o valor real da moeda brasileira.

Como o Banco Central tenta controlar a inflação

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Imagem: Jo Galvao / shutterstock.com

O Banco Central do Brasil adota como principal ferramenta de controle da inflação a taxa Selic, que influencia diretamente os juros cobrados no crédito e no financiamento. A autoridade monetária busca manter a inflação dentro de uma meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional. Entretanto, fatores externos e internos — como o câmbio, os preços internacionais de commodities e as decisões políticas — influenciam o sucesso dessas medidas.

O real ainda é uma moeda confiável?

Apesar da perda de valor, especialistas avaliam que o real ainda é uma moeda confiável. Desde sua criação, o Brasil não voltou a experimentar hiperinflação, como acontecia nas décadas anteriores. O sistema monetário brasileiro se consolidou e há maior capacidade de resposta a crises. A substituição da moeda não está em debate, já que o problema não está na estrutura da moeda, mas na condução da política econômica e fiscal.

O futuro da estabilidade monetária

Para garantir que o real continue sendo uma moeda estável, o país precisa manter o controle da inflação em níveis baixos, reduzir o endividamento público e promover reformas que aumentem a previsibilidade econômica. Enquanto isso, o consumidor continuará sentindo os efeitos da inflação, seja no supermercado, no posto de gasolina ou na conta de luz.

Conclusão

A trajetória do real desde 1994 mostra como a inflação, mesmo quando aparentemente controlada, impacta significativamente o poder de compra da população ao longo do tempo. Embora o Brasil tenha superado a hiperinflação, os efeitos cumulativos da alta de preços corroeram o valor real da moeda. A estabilidade do real no futuro dependerá da continuidade de políticas econômicas responsáveis e da capacidade do país em manter a inflação sob controle.

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