
O sistema de pagamentos instantâneos Pix, lançado em novembro de 2020, se consolidou rapidamente como o principal meio de transferência no Brasil. No entanto, junto com sua popularização, cresceu também o número de fraudes.
Dados recentes do Banco Central, obtidos via Lei de Acesso à Informação, revelam que as notificações de fraudes superaram a média mensal de 390 mil em 2024, o maior número já registrado desde a criação da ferramenta.
Histórico de crescimento das fraudes

A escalada é expressiva. Em 2021, o primeiro ano completo de funcionamento do Pix, foram 30.892 notificações mensais. Esse número saltou para 136.882 em 2022 e chegou a 216.046 em 2023. Já em janeiro de 2025, último dado disponível, foram contabilizadas mais de 300 mil notificações aceitas pelas instituições participantes.
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Percentual ainda baixo, mas preocupante
Apesar da magnitude dos números absolutos, o volume de fraudes representa cerca de 0,007% do total de transações mensais desde abril de 2023. Somente em janeiro de 2025, por exemplo, foram realizadas 5,682 bilhões de operações via Pix. Ainda assim, a proporção de fraudes em relação ao total de operações não diminui a preocupação com a sofisticação dos golpes e o impacto sobre as vítimas.
Como o Banco Central define fraude no Pix
De acordo com o manual do Diretório de Identificadores de Contas Transacionais (DICT), as fraudes no Pix são classificadas como:
- Transações realizadas mediante golpe ou estelionato.
- Transferências feitas sem autorização do pagador.
- Transações realizadas por terceiros, sem conhecimento do usuário.
- Pagamentos sob coerção, ameaça ou extorsão.
As notificações analisadas são aquelas que foram aceitas e consideradas procedentes pelas instituições financeiras, após verificação de indícios de fraude.
Medidas de segurança implementadas pelo Banco Central
O avanço das fraudes levou o Banco Central a adotar diversas medidas de proteção nos últimos anos. Algumas delas incluem:
Limite noturno de transferências
Desde 2021, há um teto para transferências realizadas entre 20h e 6h. A medida visa reduzir os casos de crimes cometidos durante a noite, quando os usuários estão mais vulneráveis.
Cadastro prévio de contas confiáveis
O usuário pode cadastrar previamente contas de confiança para realizar transferências acima de determinados valores. Isso impede, por exemplo, que um golpista envie grandes quantias para uma conta nova.
Tempo mínimo para aumento de limites
Pedidos de aumento no limite de transferências passam a ter um tempo mínimo de 24 horas para serem efetivados, dificultando ações imediatas de criminosos.
Ações contra contas laranja e instituições coniventes
Em 2022, o Banco Central realizou uma fiscalização ampla nas instituições financeiras, especialmente nas fintechs, para investigar a abertura de contas digitais. O foco era o uso de contas laranja, comumente utilizadas para escoar dinheiro oriundo de fraudes.
Como resposta, foi criado um sistema de compartilhamento de dados sobre fraudes, que vai além do Pix e abrange outras formas de transações suspeitas dentro do sistema financeiro.
Pressão por punições mais severas
Entre as propostas discutidas está o banimento temporário de usuários que emprestam contas para operações ilícitas, com exceção para recebimento de salários e benefícios sociais.
Punições a dirigentes de instituições
Outra sugestão é responsabilizar os dirigentes de instituições financeiras com altas taxas de fraude. Executivos do setor acreditam que isso estimularia um reforço nas ferramentas internas de segurança.
Como se proteger de fraudes no Pix

Além das medidas adotadas pelas instituições, os usuários devem adotar práticas de segurança pessoal para evitar cair em golpes.
Dicas importantes:
- Nunca compartilhe senhas ou códigos de segurança.
- Ative a autenticação em dois fatores.
- Verifique o nome do destinatário antes de concluir uma transação.
- Utilize apenas aplicativos oficiais dos bancos.
Perguntas frequentes sobre fraudes no Pix
Quantas fraudes no Pix foram registradas por mês em 2024?
Em média, mais de 390 mil notificações de fraudes por mês, segundo dados do Banco Central.
O que fazer se cair em um golpe pelo Pix?
Entre em contato com o banco, solicite o MED, registre um boletim de ocorrência e reúna todas as provas da transação.
Existe limite de valor para transferências via Pix?
Sim. Há limites noturnos e limites específicos para dispositivos não cadastrados, como R$ 200 por transação e R$ 1.000 por dia.
Quais são as principais medidas para evitar fraudes no Pix?
Não compartilhar senhas, ativar autenticação em dois fatores, desconfiar de pedidos urgentes e verificar dados do destinatário antes de transferir.
Considerações finais
O Pix se tornou uma ferramenta essencial no cotidiano dos brasileiros, com bilhões de transações realizadas mensalmente. No entanto, sua segurança depende da colaboração entre o regulador, as instituições financeiras e os próprios usuários.
Com a implementação do autoatendimento no MED, os mecanismos de proteção devem ganhar mais agilidade. Mas o sucesso da estratégia passa também pela responsabilização de fraudadores e por ações coordenadas de combate a crimes digitais.