Méliuz propõe adoção do Bitcoin como ativo estratégico e convoca AGE para transformar seu futuro financeiro

Méliuz

O Méliuz (CASH3), empresa conhecida pelo seu modelo de cashback e presença digital relevante no Brasil, deu um passo ousado e emblemático rumo ao universo das criptomoedas.

A companhia anunciou, por meio de fato relevante divulgado ao mercado na segunda-feira, 14 de abril de 2025, a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para discutir uma mudança significativa em seu objeto social: a possibilidade de adoção do Bitcoin como principal ativo estratégico da tesouraria corporativa.

A proposta marca um novo capítulo na relação entre empresas brasileiras e o Bitcoin, indicando que a criptoeconomia está se consolidando como um dos pilares das finanças corporativas do século XXI.

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Contexto da proposta: Bitcoin como pilar financeiro

Bitcoin
Reprodução: Seu Crédito Digital/Freepik

O que está em pauta na AGE convocada pelo Méliuz?

Segundo o comunicado ao mercado, a AGE convocada para o dia 6 de maio de 2025 terá como ponto central a votação sobre a mudança do objeto social da companhia, abrindo caminho para investimentos diretos em Bitcoin como parte integrante de sua estratégia de negócios.

A medida tem como finalidade permitir que o Méliuz possa usar a geração de caixa operacional, bem como outras operações financeiras e iniciativas estratégicas, para adquirir BTC. A proposta sugere um comprometimento de longo prazo com o ativo digital mais importante do mundo.

Bitcoin como ativo de tesouraria

Em essência, o que o Méliuz propõe é que o Bitcoin deixe de ser apenas um investimento alternativo e passe a ocupar papel de destaque na gestão financeira da empresa.

O BTC seria utilizado como forma de preservar valor e potencializar os rendimentos da companhia, atuando como uma espécie de “reserva de valor digital corporativa”.

Detalhes financeiros e implicações para acionistas

Reembolso de ações para quem não concordar

A direção do Méliuz foi clara ao oferecer uma via de saída para investidores que não se sentirem confortáveis com essa guinada estratégica.

Os acionistas que discordarem da proposta, se abstiverem da votação ou não comparecerem à assembleia, poderão exercer o direito de retirada, recebendo reembolso com base no valor patrimonial das ações — fixado em R$ 3,92 por ação.

Contudo, esse reembolso só será garantido aos detentores de ações registrados até o dia 14 de abril de 2025 e que mantiverem os papéis até a data do pagamento.

Estabilidade do core business

Apesar da mudança estratégica proposta, o Méliuz enfatizou que seu core business — o modelo de negócios baseado em cashback — permanecerá inalterado.

Segundo o comunicado oficial, a geração de caixa resultante das operações comerciais continua sendo peça-chave para a aquisição contínua de Bitcoin.

Racional estratégico por trás da adoção do Bitcoin

Por que o Méliuz quer investir em Bitcoin?

Israel Salmen, fundador da empresa, foi enfático ao defender a proposta. Para ele, adotar o Bitcoin como ativo estratégico representa não apenas uma medida de proteção financeira contra a desvalorização de moedas fiduciárias, mas também uma oportunidade de estar na vanguarda de uma transformação global.

“Acreditamos que essa estratégia não apenas protegerá e fortalecerá a posição financeira do Méliuz, mas também nos posicionará como pioneiros em uma transformação financeira que já está em curso globalmente”, afirmou Salmen.

Comitê estratégico de Bitcoin

Para dar suporte técnico à nova estratégia, o Méliuz já criou um comitê estratégico voltado exclusivamente ao Bitcoin. A missão do grupo é avaliar a viabilidade, riscos e oportunidades da ampliação dos investimentos em BTC.

A formação desse comitê revela a seriedade com que a empresa encara a iniciativa, evitando decisões impulsivas e embasando cada etapa com dados e estudos técnicos.

Primeiros passos: Méliuz já comprou 45,72 BTC

Compra inicial de Bitcoin custou mais de US$ 4 milhões

No mês anterior à divulgação do fato relevante, o Méliuz já havia sinalizado seu interesse pela criptomoeda ao realizar uma aquisição significativa: a compra de 45,72 bitcoins por aproximadamente US$ 4,1 milhões, a um preço médio de US$ 90.296 por unidade.

Limite de alocação inicial

A compra faz parte de uma estratégia aprovada pelo conselho de administração, que autorizou o uso de até 10% do caixa total da empresa para investimentos em Bitcoin.

A decisão segue uma linha de gestão de risco conservadora, evitando exposição excessiva em um mercado ainda volátil.

Bitcoin nas empresas: tendência global chega ao Brasil

De Tesla a MicroStrategy: inspiração internacional

A estratégia do Méliuz segue exemplos de grandes corporações globais como a Tesla, Square (Block Inc.) e, sobretudo, a MicroStrategy, que tornou o Bitcoin o principal ativo de seu balanço patrimonial.

Essas empresas se destacaram por enxergar o BTC como proteção contra inflação, desvalorização do dólar e instabilidade macroeconômica.

Impacto no posicionamento da empresa

Ao adotar o Bitcoin como instrumento estratégico, o Méliuz não apenas diversifica suas reservas financeiras, mas também se posiciona como uma marca moderna, inovadora e alinhada com o que há de mais disruptivo no setor financeiro.

Riscos e oportunidades da decisão

Apesar dos potenciais ganhos, a proposta também levanta debates importantes sobre os riscos envolvidos.

A volatilidade inerente ao Bitcoin, que pode registrar quedas abruptas em curtos períodos, representa um desafio para qualquer tesouraria corporativa.

Risco regulatório

Outro ponto de atenção está nas questões regulatórias. Embora o Bitcoin seja legalizado no Brasil e seu uso corporativo esteja em ascensão, o setor ainda carece de regulamentações mais claras e consistentes, o que pode gerar incertezas no futuro.

Oportunidade de valorização

Por outro lado, analistas apontam que o BTC ainda tem um amplo potencial de valorização, especialmente em contextos de políticas monetárias expansionistas, impressão desenfreada de moedas fiduciárias e crises geopolíticas.

Ao se posicionar cedo, o Méliuz pode se beneficiar de ganhos expressivos no médio e longo prazo.

O que esperar da AGE de 6 de maio?

A assembleia do dia 6 de maio poderá representar um divisor de águas para o setor corporativo nacional. Caso a proposta seja aprovada, o Méliuz se tornará a primeira empresa listada na B3 a incorporar o Bitcoin de forma tão profunda em sua estrutura financeira.

Repercussão no mercado e nas ações CASH3

A reação do mercado à proposta já é observada com atenção por analistas e investidores. As ações CASH3 podem se beneficiar de um novo ciclo de valorização caso a estratégia seja bem-sucedida, especialmente se outros players do mercado passarem a adotar posturas semelhantes.

O que dizem os especialistas?

Diversos especialistas do mercado financeiro vêm se manifestando sobre o movimento do Méliuz.

Economistas que defendem o uso do BTC como reserva de valor apontam que a decisão é bem-vinda em um contexto de inflação global ainda acima das metas dos principais bancos centrais.

Contudo, gestores mais conservadores sugerem que a alocação em Bitcoin não ultrapasse 5% do caixa corporativo em contextos de incerteza. O uso de comitês e avaliações constantes pode mitigar riscos de exposição descontrolada.

Conclusão: Méliuz pode abrir caminho para nova era corporativa no Brasil

Pessoa segurando celular com aplicativo Meliuz aberto
Imagem: Méliuz / Divulgação

Ao anunciar sua intenção de adotar o Bitcoin como ativo estratégico principal, o Méliuz dá um passo ousado rumo a um futuro financeiro mais digital e descentralizado.

A convocação da AGE não apenas sinaliza uma transformação dentro da companhia, como também inaugura um novo debate no mercado de capitais brasileiro: até que ponto o Bitcoin pode — e deve — fazer parte das estratégias corporativas?

Se aprovada, a proposta pode posicionar o Méliuz como pioneiro no uso institucional do BTC no país, inspirando outras empresas a repensarem suas políticas de tesouraria frente às novas realidades da economia digital.

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