Cesta básica em Boa Vista: preço reduzido custa 42,5% do salário mínimo em 2025

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O custo da cesta básica de alimentos em Boa Vista, capital de Roraima, fechou o mês de março de 2025 com uma média de R$ 645,31, valor que representa 42,5% do novo salário mínimo nacional, atualmente fixado em R$ 1.518.

Os dados são de um levantamento da Secretaria de Planejamento e Orçamento (Seplan), responsável por monitorar mensalmente os preços dos produtos essenciais consumidos pela população local.

A pesquisa, iniciada em outubro de 2024, busca oferecer uma radiografia precisa do custo de vida na capital roraimense, já que o Dieese deixou de monitorar a cesta básica no estado desde 2017. O levantamento mais recente indica uma redução de 2,3% em relação ao mês anterior, quando o valor médio era de R$ 660,64.

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Queda influenciada por alimentos básicos

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Imagem: poppet07- Freepik/ Edição: Seu Crédito Digital

Os principais responsáveis por essa queda foram produtos como o tomate (-10,6%), a farinha de mandioca (-7,3%) e a carne bovina (-4,2%). Esses itens, geralmente entre os mais representativos na composição da cesta, tiveram impacto direto na redução do custo final.

No entanto, nem todos os alimentos seguiram essa tendência de queda. Houve aumento de preço no café (9,1%), na manteiga (4,8%) e na banana (2,2%), o que demonstrou que a inflação dos alimentos ainda apresenta oscilações expressivas, mesmo dentro de um mesmo mês.

Composição da cesta e metodologia

A pesquisa segue os parâmetros do Dieese e considera itens de alimentação como arroz, feijão, carne, leite, pão, café, açúcar, manteiga, óleo, banana, farinha, tomate, entre outros. A análise é feita pela Coordenação Geral de Estudos Econômicos e Sociais da Seplan, com coleta de preços realizada em 67 mercados, distribuídos por 57 bairros em oito zonas territoriais de Boa Vista.

Diferença de valores por zonas da capital

O estudo da Seplan também revela as disparidades nos preços da cesta básica conforme a região da cidade. A zona 1, que inclui bairros como São Pedro, Canarinho, Paraviana e Caçari, apresentou o maior valor médio da cesta básica, com R$ 679,05. Já a zona 8, que abrange bairros como Senador Hélio Campos, Santa Luzia e Pintolândia, teve o menor custo, de R$ 614,66.

Tabela comparativa por zona

Produto Zona 1 Zona 2 Zona 3 Zona 4 Zona 5 Zona 6 Zona 7 Zona 8
Açúcar 13,08 13,20 13,08 12,98 12,62 12,72 12,82 13,87
Arroz 20,90 21,76 21,19 21,26 20,49 19,92 21,03 22,14
Banana 81,36 74,83 77,98 74,62 70,01 71,17 74,89 70,81
Café 38,67 37,42 39,80 38,07 36,99 37,80 36,99 36,99
Carne 90,06 94,19 93,21 91,50 84,20 83,85 86,35 85,12
Farinha 32,01 30,98 30,29 30,01 29,60 28,10 27,75 28,61
Feijão 30,82 31,49 30,94 30,16 30,21 28,30 31,77 31,14
Frango 28,12 30,62 27,38 28,14 24,65 25,54 30,76 32,52
Leite 50,97 45,89 48,24 47,41 47,91 49,38 47,91 48,84
Mandioca 34,88 35,77 36,16 36,14 29,71 29,34 33,91 32,22
Manteiga 36,65 36,93 37,00 36,74 35,64 35,33 37,53 37,54
Óleo 7,36 7,19 7,34 7,15 7,52 7,30 7,34 7,51
Pão 81,69 79,35 77,65 77,06 74,64 65,94 73,45 73,05
Tomate 105,09 84,39 100,26 84,26 95,76 101,91 98,55 82,61
Total 679,05 649,98 659,35 636,85 637,39 638,25 644,35 614,66

Itens de limpeza e higiene também tiveram queda

Além dos alimentos, a Seplan analisou os custos de produtos de limpeza doméstica e higiene pessoal, registrando queda de 1,1% e 1,7%, respectivamente.

Produtos de limpeza doméstica

Entre os destaques:

  • Vassoura: R$ 21,91 (queda de 6,7%)
  • Água sanitária: R$ 3,30 (queda de 2,7%)
  • Desinfetante: R$ 4,87
  • Detergente: R$ 3,18
  • Esponja de aço: R$ 2,99
  • Inseticida: R$ 13,17
  • Sabão em barra: R$ 15,26
  • Sabão em pó: R$ 9,89

O custo total médio dos produtos de limpeza em março foi de R$ 74,57.

Higiene pessoal

A categoria foi impactada principalmente pela queda no preço do absorvente (-9,9%), contribuindo para a média geral de redução.

Contexto econômico e importância do levantamento

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Imagem: Maxx-Studio/shutterstock.com

A capital de Roraima é frequentemente impactada por fatores logísticos e climáticos que afetam a distribuição e o preço dos alimentos e produtos essenciais. O monitoramento da Seplan ajuda a suprir uma lacuna de dados deixada pela ausência de levantamentos do Dieese, oferecendo uma base confiável para políticas públicas, análises econômicas e decisões familiares.

Para famílias que recebem até um salário mínimo, a porcentagem comprometida com itens básicos como alimentação e higiene mostra o desafio diário de manter a dignidade dentro de um orçamento apertado.

Considerações finais

O levantamento de março da Seplan confirma que, embora tenha havido queda média no valor da cesta básica em Boa Vista, o custo continua representando uma parte significativa da renda mensal dos trabalhadores. A variação de preços entre zonas da cidade também reforça a necessidade de políticas públicas regionais mais ajustadas às realidades locais.

A análise contínua desses dados é fundamental para garantir transparência, embasamento técnico e proteção ao consumidor, especialmente em tempos de inflação instável e renda comprimida.

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