
A combinação de dois dos principais programas sociais do Brasil — o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Bolsa Família — pode ser uma estratégia essencial para garantir dignidade e segurança alimentar a milhões de famílias em situação de vulnerabilidade. E sim, é possível receber ambos os auxílios simultaneamente, desde que certos critérios sejam observados.
Neste artigo, você vai entender como essa acumulação funciona, quem tem direito, quais cuidados devem ser tomados para manter os benefícios e por que essa medida se tornou tão importante na estrutura da assistência social brasileira.
Leia Mais:
CLT restringe trabalho aos domingos e feriados: entenda as novas regras com acordos coletivos
O que é o BPC e quem pode receber?

O Benefício de Prestação Continuada, conhecido pela sigla BPC, é um direito assegurado pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e não exige contribuição ao INSS. Ele garante o pagamento mensal de um salário mínimo a dois grupos específicos:
- Idosos com 65 anos ou mais, que não tenham meios de prover sua subsistência.
- Pessoas com deficiência de qualquer idade, cuja condição limite a plena participação na sociedade.
Requisitos para receber o BPC
- Estar inscrito no Cadastro Único (CadÚnico).
- Possuir renda familiar per capita inferior a ¼ do salário mínimo.
- Comprovar, no caso de deficiência, a limitação de longo prazo que impeça a inclusão social e produtiva.
Diferente da aposentadoria e de outros benefícios do INSS, o BPC não paga 13º salário, não gera pensão por morte e não exige contribuição previdenciária anterior.
Como funciona o Bolsa Família?
Já o Bolsa Família é um programa de transferência de renda destinado às famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza. Reestruturado em 2023, ele voltou a focar em três pilares:
- Alimentação adequada
- Acesso à saúde
- Garantia de educação para crianças e jovens
Quem tem direito ao Bolsa Família?
- Famílias com renda mensal por pessoa de até R$ 218,00.
- Obrigatoriamente inscritas no Cadastro Único (CadÚnico).
Composição dos valores do Bolsa Família
O benefício é variável e depende da composição familiar:
- R$ 142 por pessoa (valor base).
- Adicionais de:
- R$ 150 por criança até 6 anos.
- R$ 50 para gestantes, lactantes e jovens entre 7 e 18 anos.
O objetivo é complementar a renda das famílias, promovendo uma melhora efetiva nas condições de vida.
É possível acumular BPC e Bolsa Família?
Sim, é possível receber BPC e Bolsa Família ao mesmo tempo, e isso é totalmente legal. Essa possibilidade foi garantida após alterações nas normas de apuração da renda para o programa Bolsa Família.
Por que é possível?
O ponto-chave é que o valor do BPC não entra no cálculo da renda per capita da família para o Bolsa Família. Ou seja, se um dos membros recebe o BPC, esse montante não será considerado para fins de análise da renda da família no CadÚnico.
Isso significa que:
- Uma família pode ter um idoso ou pessoa com deficiência que receba o BPC.
- E, ao mesmo tempo, continuar enquadrada nos critérios de renda exigidos para o Bolsa Família.
Exemplo prático:
Uma família com quatro pessoas, sendo uma delas uma idosa que recebe o BPC, e os demais membros sem fonte de renda, pode sim ser beneficiária do Bolsa Família, pois a renda do BPC não será considerada na avaliação de renda para o programa.
O que pode cancelar o BPC em 2025?
Apesar da acumulação ser permitida, o BPC pode ser cancelado em 2025 caso haja irregularidades, principalmente ligadas ao desatualização do Cadastro Único.
Fique atento:
- Cadastro desatualizado há mais de 2 anos pode levar à suspensão automática do BPC.
- Inconsistências nos dados da renda familiar, endereço ou composição familiar podem ser interpretadas como tentativa de fraude.
- A pessoa com deficiência precisa passar por avaliações periódicas para a manutenção do direito ao benefício.
Por isso, é fundamental manter os dados atualizados junto ao CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) do seu município.
A importância de manter o CadÚnico atualizado

Tanto o BPC quanto o Bolsa Família utilizam o Cadastro Único como principal base de dados para identificar e acompanhar famílias vulneráveis.
Manter o CadÚnico atualizado é mais do que uma obrigação: é a chave para garantir a continuidade dos benefícios.
Quando atualizar o CadÚnico?
- Sempre que houver mudança na composição familiar (nascimento, morte, separação).
- Em caso de mudança de endereço.
- Quando houver alteração na renda de qualquer membro da família.
- Pelo menos a cada dois anos, mesmo que nada tenha mudado.
Por que permitir a acumulação dos dois benefícios?
Essa medida foi pensada para ampliar a proteção social às famílias em situação de extrema pobreza. Muitos brasileiros que recebem o BPC ainda convivem com outras dificuldades no núcleo familiar, como desemprego, subemprego ou doenças crônicas.
Benefícios da política de acumulação:
- Redução da desigualdade social.
- Garantia de alimentação adequada e moradia mínima.
- Maior acesso à educação e saúde, especialmente para crianças.
- Estímulo à inclusão de pessoas com deficiência na sociedade.
Conclusão: direitos que garantem dignidade
A possibilidade de receber BPC e Bolsa Família ao mesmo tempo é uma conquista social relevante no Brasil. Ela garante que as famílias mais vulneráveis não precisem escolher entre um benefício ou outro e possam contar com uma rede de proteção mais sólida e justa.
Manter-se informado, manter o Cadastro Único em dia e buscar o atendimento em postos oficiais são passos fundamentais para continuar usufruindo desses direitos.
Imagem: stockking – Freepik / Edição: Seu Crédito Digital