
A compra de um carro financiado é uma solução comum para quem deseja adquirir um veículo sem pagar o valor total à vista. No entanto, a dificuldade em manter o pagamento das parcelas pode levar o consumidor a se questionar: é possível devolver um carro financiado?
Segundo um levantamento da B3 – Brasil, Bolsa, Balcão, o mercado de veículos financiados segue aquecido, mesmo com altas taxas de juros. Em 2024, 7,2 milhões de unidades foram adquiridas por meio de financiamento, um aumento de 20,4% em relação ao ano anterior.
Apesar do crescimento no número de financiamentos, muitos compradores enfrentam dificuldades para arcar com os custos do carro, incluindo parcelas, impostos, combustível e manutenção. Nesse contexto, a devolução do veículo surge como uma possível solução. Mas como isso funciona na prática?
A seguir, explicamos tudo o que você precisa saber sobre a devolução de um carro financiado, as implicações desse processo e outras alternativas para quem não consegue mais pagar as prestações.
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Posso devolver um carro financiado?

Sim, devolver um carro financiado é possível, mas existem diferentes formas de fazer isso, e cada uma tem consequências distintas.
Como funciona a devolução de um carro financiado?
A devolução ocorre quando o comprador do veículo decide entregá-lo ao banco ou instituição financeira responsável pelo financiamento. Isso pode acontecer por diversos motivos, como perda de emprego, mudança na condição financeira ou até mesmo um erro no planejamento do orçamento.
Esse processo pode ser feito de duas maneiras principais:
- Devolução amigável: ocorre quando o comprador reconhece sua incapacidade de continuar pagando e negocia a entrega do carro com o banco.
- Retomada do veículo por inadimplência: acontece quando o comprador deixa de pagar as parcelas e o banco entra com medidas legais para recuperar o bem.
Devolução amigável do veículo
A devolução amigável pode ser uma opção para quem deseja evitar um processo judicial e minimizar danos financeiros. Esse tipo de devolução envolve:
- Negociação direta com a instituição financeira: o consumidor deve entrar em contato com o banco para formalizar a devolução.
- Encerramento do contrato de financiamento: após a devolução, o contrato pode ser encerrado ou renegociado.
- Possibilidade de saldo residual: se o valor da revenda do carro for menor que a dívida restante, o consumidor pode precisar pagar a diferença.
Essa alternativa pode ser menos prejudicial do que a retomada forçada do veículo, que pode envolver custos adicionais e impacto negativo no histórico de crédito.
Retomada do veículo por inadimplência
Quando o comprador deixa de pagar as parcelas e não procura o banco para negociar, a instituição financeira pode tomar medidas legais para recuperar o veículo. Esse processo inclui:
- Ações judiciais para retomada do bem.
- Aplicação de multas e juros pelo atraso no pagamento.
- Registro de inadimplência no nome do comprador, dificultando futuros financiamentos.
Esse cenário pode ser mais prejudicial para o consumidor, pois além de perder o carro, ele pode acabar devendo um valor maior devido a multas e taxas processuais.
Quando a devolução de um carro financiado é permitida?

Além das situações mencionadas, a devolução do carro pode ocorrer em outros cenários específicos, como:
Direito de arrependimento
O Código de Defesa do Consumidor (CDC) prevê que, em compras realizadas fora do estabelecimento comercial (como internet ou telefone), o consumidor tem até 7 dias para desistir da compra sem qualquer penalidade.
Nesse caso, o financiamento também pode ser cancelado sem custos adicionais, e o comprador recebe o reembolso dos valores pagos.
Problemas mecânicos graves
Se o veículo apresentar defeitos de fábrica que não possam ser corrigidos, o consumidor pode recorrer à devolução com base no Código de Defesa do Consumidor, desde que o problema não seja solucionado dentro do prazo de 30 dias.
Mudança na situação financeira
Se o comprador passar por dificuldades financeiras inesperadas, como perda de emprego, pode tentar negociar com o banco a devolução do veículo. No entanto, essa decisão deve ser bem planejada para evitar dívidas residuais.
O que acontece ao devolver um carro financiado?
Mesmo que a devolução amigável seja uma alternativa para evitar problemas maiores, ela pode trazer algumas consequências financeiras e burocráticas.
Dívida residual
Se o carro for devolvido e revendido por um valor inferior ao saldo devedor, o comprador ainda pode ter que arcar com a diferença.
Exemplo:
- Saldo devedor: R$ 50.000
- Valor obtido na venda do veículo: R$ 35.000
- Dívida residual: R$ 15.000
Impacto no histórico de crédito
Se houver saldo devedor não quitado, o nome do consumidor pode ser negativado, prejudicando sua pontuação de crédito e dificultando novos financiamentos.
Restrições para novos financiamentos
Mesmo que a devolução seja feita de forma amigável, alguns bancos podem restringir o acesso do consumidor a novos financiamentos devido ao histórico de devolução do bem.
Passo a passo para devolver um carro financiado
Se a devolução for a melhor opção, siga este passo a passo para minimizar danos:
- Entre em contato com o banco ou financiadora para entender as condições da devolução.
- Leia o contrato de financiamento para verificar cláusulas sobre desistência ou devolução.
- Reúna toda a documentação necessária, como contrato, comprovantes de pagamento e documentos do veículo.
- Negocie as condições da devolução e verifique se há saldo residual.
- Formalize a entrega do veículo com um documento oficial assinado pelas partes.
- Quite qualquer valor pendente para evitar restrições futuras no crédito.
Alternativas para quem não pode pagar o financiamento

Caso a devolução do carro não seja a melhor opção, existem alternativas viáveis:
1. Renegociação do financiamento
Muitos bancos oferecem condições especiais de renegociação para clientes com dificuldades de pagamento, como prazos maiores ou redução da taxa de juros.
2. Portabilidade do financiamento
É possível transferir a dívida para outra instituição financeira que ofereça melhores condições, como juros mais baixos ou parcelas menores.
3. Venda do carro e transferência da dívida
O comprador pode vender o carro e transferir o financiamento para outra pessoa, desde que o banco autorize a operação.
4. Refinanciamento do veículo
O refinanciamento permite utilizar o próprio carro como garantia para obter um novo empréstimo e quitar a dívida atual.
Conclusão
Devolver um carro financiado é possível, mas não deve ser a primeira opção sem uma análise detalhada das consequências financeiras. Antes de tomar essa decisão, é essencial avaliar alternativas como renegociação, portabilidade ou venda do veículo.
Seja qual for a escolha, buscar orientação jurídica e financeira pode evitar prejuízos desnecessários e ajudar a encontrar a melhor solução para o problema.
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