Cuidado: vírus que rouba Pix pode sumir com quase todo o saldo da sua conta

Código binário em uma tela com a palavra vírus escrita no meio

O Pix, sistema de pagamento instantâneo mais utilizado no Brasil, também se tornou o alvo preferido de cibercriminosos. Um novo tipo de vírus bancário descoberto pela Kaspersky, empresa de segurança digital, está alarmando especialistas e usuários ao redor do país. Chamado de Brats, o malware foi criado para agir silenciosamente em celulares com sistema Android, permitindo roubos automáticos de valores via Pix, muitas vezes sem que a vítima perceba imediatamente.

Segundo a empresa, o Brats já foi detectado mais de 1.500 vezes entre janeiro e setembro de 2023, e representa uma evolução perigosa do chamado golpe da mão invisível, substituindo o controle remoto humano por automação total via software malicioso.

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Tela de computador com vírus
Foto: solarseven/ shutterstock

Como o vírus Brats age durante uma transferência via Pix

O funcionamento do vírus é sofisticado e altamente discreto. Quando instalado em um celular Android, o trojan bancário se infiltra nos aplicativos de bancos ou carteiras digitais e interfere na transferência em tempo real, trocando a chave Pix do destinatário e, em muitos casos, alterando o valor da transferência.

O golpe em ação:

  • A vítima abre seu aplicativo bancário e inicia uma transferência.
  • Sem que perceba, o vírus entra em ação no momento do envio, alterando os dados.
  • Em vez de R$ 1, o sistema envia quase todo o saldo da conta, como mostra um vídeo divulgado pela Kaspersky, onde uma vítima tenta transferir um valor simbólico e acaba enviando R$ 636,95, ou 97% do seu saldo.

Um pequeno tremor na tela pode ser o único sinal visível da alteração. Fora isso, o golpe é quase imperceptível no momento da transação.

Brats: uma evolução do golpe da mão invisível

O nome Brats tem origem na fusão das palavras “Brasil” e “ATS” (sigla em inglês para Sistema Automatizado de Transferência). Diferente de outras pragas, o Brats não exige controle remoto humano em tempo real. Ou seja, o criminoso pode estar longe — na praia, por exemplo — enquanto o malware executa as fraudes automaticamente.

Diferença entre Brats e o golpe da mão invisível

Característica Golpe da Mão Invisível Brats
Controle Remoto, em tempo real Automatizado pelo malware
Presença do criminoso Necessária durante a operação Não é necessária
Risco de detecção Maior (ações manuais visíveis) Menor (processo quase invisível)
Alcance Limitado Pode atingir muitas vítimas simultaneamente

Essa automação permite que os criminosos executem fraudes em larga escala, aproveitando a velocidade das transações via Pix e a capacidade de dividir o dinheiro entre várias contas para dificultar o rastreamento.

Como o vírus é instalado nos celulares

O Brats não está disponível na Play Store, loja oficial de aplicativos Android. Ele é distribuído por meio de arquivos .APK, baixados de sites suspeitos ou falsos que prometem recompensas em dinheiro.

Etapas da infecção:

  1. A vítima acessa um site com a promessa de “ganhar dinheiro abrindo um baú”.
  2. O site direciona o usuário para baixar um aplicativo .APK (fora da loja oficial).
  3. O app solicita uma “atualização” falsa de um leitor de PDF ou Flash Player.
  4. Em seguida, solicita que a vítima ative permissões de acessibilidade no Android.
  5. Ao aceitar, o app ganha controle total sobre o sistema, podendo interagir com apps bancários sem ser detectado.

Sem a ativação da permissão de acessibilidade, o vírus não consegue executar a fraude. Esse é, portanto, o ponto crítico da instalação.

Por que o Pix é o alvo principal dos golpes

Pix
Imagem: Freepik e Canva

Com mais de 150 milhões de usuários ativos no Brasil, o Pix se tornou a principal ferramenta de transferências financeiras, substituindo DOCs, TEDs e até transações com cartão. Para os criminosos, é o sistema ideal:

  • Transferência instantânea
  • Funciona 24/7
  • Dificuldade de reverter valores
  • Pouco tempo para bloqueio após fraude
  • Fácil dispersão do valor em contas laranjas

Com o Brats, os criminosos não precisam mais esperar pela abertura do aplicativo ou por ações da vítima — o sistema atua automaticamente no momento mais vulnerável da transação.

Como se proteger do vírus Brats e de outros malwares bancários

1. Nunca instale apps fora da Play Store

A esmagadora maioria dos malwares para Android é instalada via arquivos .APK de fontes desconhecidas. Mesmo que o site pareça confiável ou prometa prêmios, não vale o risco.

2. Desconfie de apps que solicitam permissões de acessibilidade

Essa permissão, voltada para pessoas com deficiência, dá ao aplicativo o controle total sobre a navegação do celular. Se um app não relacionado a acessibilidade pedir esse acesso, cancele imediatamente.

3. Mantenha um antivírus confiável instalado

Com a migração dos crimes digitais para dispositivos móveis, ter um antivírus atualizado no celular se tornou essencial, principalmente para quem realiza transações financeiras com frequência.

4. Acompanhe o extrato bancário com regularidade

Nem sempre o golpe é notado de imediato. Fazer uma checagem diária do saldo pode evitar maiores prejuízos e permitir uma reação mais rápida junto ao banco ou autoridades.

5. Habilite notificações de transações financeiras

Ative alertas via SMS ou e-mail para cada movimentação feita na conta. Assim, é possível saber em tempo real se algo foi feito sem sua autorização.

O que fazer se for vítima do vírus Brats

Ransomware
Imagem: Freepik

Se você suspeita que foi vítima do Brats ou de outro golpe de malware bancário, siga estes passos:

  1. Contate imediatamente o banco para tentar reverter a transação.
  2. Registre um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima ou pela Delegacia Virtual de Crimes Cibernéticos.
  3. Formate o celular ou procure ajuda técnica para remover o malware.
  4. Instale um antivírus de confiança e evite reinstalar apps de fontes externas.
  5. Altere todas as senhas de aplicativos e bancos utilizados no celular.

Imagem: Brian A Jackson / Shutterstock.com

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