INSS na mira: PF cumpre mandados na sede da presidência

Imagem de uma viatura da Polícia Federal. pf

Na manhã desta quarta-feira, 23 de abril de 2025, a Polícia Federal (PF) deflagrou a operação “Sem Desconto”, que investiga um esquema bilionário de descontos indevidos aplicados sobre aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Mandados em massa: 211 buscas e 6 prisões

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Imagem: rafastockbr / shutterstock.com

Cerca de 700 policiais federais e 80 servidores da CGU foram mobilizados para o cumprimento de 211 mandados de busca e apreensão e 6 mandados de prisão. Também foram emitidas ordens de sequestro de bens que ultrapassam R$ 1 bilhão.

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As ações ocorrem simultaneamente no Distrito Federal e em 13 estados: Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.

INSS na mira: gabinete da presidência é alvo de buscas

Em Brasília, os agentes concentraram esforços no prédio-sede do INSS, com buscas no gabinete da presidência e na diretoria de benefícios, indicando o alto escalão da autarquia como um dos focos centrais da investigação.

Esquema associativo: como funcionavam os descontos indevidos

A operação Sem Desconto apura a atuação de entidades conveniadas ao INSS que, entre 2019 e 2024, teriam cobrado indevidamente mensalidades de aposentados e pensionistas. O valor estimado dessas cobranças ultrapassa R$ 6,3 bilhões, segundo a PF.

A falsa promessa de vantagens

Essas entidades alegavam oferecer benefícios como planos de saúde, seguros e auxílio-funeral. Com base nesse discurso, efetuavam descontos automáticos diretamente nos benefícios previdenciários, muitas vezes sem consentimento ou sequer ciência dos aposentados.

Conivência de servidores públicos

As investigações apontam que servidores públicos teriam facilitado ou ignorado as irregularidades, permitindo que as entidades mantivessem os convênios e continuassem operando o esquema. Há indícios de corrupção ativa e passiva, falsificação de documentos, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Entenda a mecânica da fraude

Como eram efetuados os descontos

Os abatimentos eram realizados automaticamente nos pagamentos mensais feitos pelo INSS, utilizando o mecanismo de consignação. Em grande parte das situações, os beneficiários só identificavam essas deduções ao revisar os comprovantes ou ao notarem que o valor do benefício estava inferior ao habitual.

Falta de autorização formal

A CGU constatou que não havia documentação válida que comprovasse a autorização dos beneficiários para os descontos. Além disso, os canais de contestação eram falhos ou inexistentes, dificultando o cancelamento das cobranças.

Quem se beneficiava do esquema

A investigação aponta que os recursos obtidos com os descontos ilegais alimentavam uma cadeia de favorecimento a dirigentes das entidades, lobistas, operadores financeiros e servidores públicos. Parte do dinheiro teria sido lavado por meio de empresas de fachada.

Reação oficial: INSS promete colaborar com investigações

O INSS divulgou nota afirmando que está colaborando com as autoridades e que “reitera o compromisso com a legalidade e a ética na gestão dos benefícios previdenciários”. O órgão informou ainda que suspendeu temporariamente os convênios com entidades envolvidas.

Impacto nacional: beneficiários podem ter valores restituídos

Segundo a PF, milhares de aposentados e pensionistas foram afetados pelas cobranças indevidas. A CGU e o INSS devem anunciar em breve um canal de atendimento exclusivo para que os segurados consultem se foram vítimas do esquema e solicitem eventual restituição dos valores.

Desdobramentos jurídicos: crimes investigados

Os envolvidos poderão responder por:

  • Corrupção ativa e passiva
  • Violação de sigilo funcional
  • Falsificação de documento público
  • Organização criminosa
  • Lavagem de capitais

As penas somadas podem ultrapassar 30 anos de reclusão, dependendo da participação de cada investigado.

Cronologia da fraude

2019: Início das cobranças indevidas

Convênios com entidades associativas são firmados e começam os primeiros relatos de descontos sem autorização.

2021: Crescimento exponencial do esquema

Número de denúncias aumenta, e valores descontados ultrapassam R$ 1 bilhão ao ano.

2023: CGU inicia auditoria

Relatórios apontam inconsistências nos sistemas de autorização de descontos.

O que diz a lei sobre descontos em benefícios

INSS na mira: PF cumpre mandados na sede da presidência
Imagem: Reprodução/Polícia Federal

De acordo com a Lei nº 8.112/90 e o Decreto nº 10.046/2019, descontos em benefícios previdenciários só podem ser realizados com autorização expressa do beneficiário. A prática de efetuar descontos sem consentimento é considerada ilegal e passível de punição administrativa e penal.

Perguntas frequentes

O que é a operação “Sem Desconto”?

É uma investigação da Polícia Federal sobre um esquema de cobranças ilegais de mensalidades associativas em aposentadorias e pensões pagas pelo INSS.

Quem são os alvos?

Dirigentes de entidades associativas, operadores financeiros e servidores do INSS.

Como saber se fui afetado?

O INSS e a CGU devem lançar um canal oficial para consulta. A recomendação é verificar o extrato detalhado do benefício para identificar descontos não reconhecidos.

Haverá devolução dos valores cobrados?

Sim, os beneficiários lesados poderão solicitar a devolução dos valores descontados indevidamente, conforme determinação judicial ou acordo administrativo.

Considerações finais

A operação “Sem Desconto” representa um marco importante no combate à corrupção institucionalizada que atinge diretamente a população mais vulnerável: aposentados e pensionistas. O esquema investigado pela Polícia Federal não apenas desviou bilhões de reais, como também comprometeu a confiança dos segurados no sistema previdenciário brasileiro.

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