Espécies de peixe com pernas podem sentir gosto das presas ao tocar na areia, diz estudo

Um estudo publicado recentemente trouxe à tona uma descoberta surpreendente. Duas espécies de peixes com pernas e nadadeiras em formato de asas, oriundos dos Estados Unidos, conseguem sentir o gosto das presas escondidas ao caminhar sobre a areia.

Peixe com pernas dentro de aquário

Espécies de peixe com pernas podem sentir gosto das presas ao tocar na areia, diz estudo – Foto: Anik Grearson/Bellono Lab/Reprodução ND

Publicadas pela Current Biology, pesquisas aponta que os genes que ajudaram no desenvolvimento das pernas e línguas em humanos também são encontrados nas espécies tordos-marinhos-leopardo e tordos-marinhos-do-norte.

Um dos estudos examinou como o gene divide parte das barbatanas maiores do peixe em seis “pernas”, em várias espécies de tordo-marinho.

Já um segundo estudo mostrou que as pernas das espécies possuem pequenas papilas, parecidas com pequenas saliências encontras na língua humana, usadas como órgãos sensoriais para encontrar comida enterrada na areia.

Características fisiológicas e comportamento de espécie de peixe com pernas tem mesmas

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Características fisiológicas e comportamento de espécie de peixe com pernas tem mesmas “funções” que língua humana – Anik Grearson/Bellono Lab/Reprodução ND

Genes encontrados no peixe são mesmos encontrados em humanos - Anik Grearson/Bellono Lab/Reprodução ND

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Genes encontrados no peixe são mesmos encontrados em humanos – Anik Grearson/Bellono Lab/Reprodução ND

Há mais de 100 espécies de tordos-marinhos na natureza, encontrados em todo mundo. Esses peixes se desenvolveram com características únicas, desde armadura e veneno até padrões dramáticos de pele e a capacidade de berrar ou guinchar.

Como a pesquisa sobre espécies de peixe com pernas iniciou

Segundo informações do ABC News, os dois estudos citados surgiram quando pesquisadores das universidades de Stanford e Harvard encontraram o peixe em Woods Hole, a nordeste da cidade de Nova York, em um aquário local e no Laboratório de Biologia Marinha da cidade.

“O tanque de peixes em exposição era o mais legal e estranho que eu já tinha visto”, disse David Kingsley, biólogo do desenvolvimento da Universidade Stanford. “Eles tinham o corpo de um peixe, asas de um pássaro, pernas de um caranguejo. Os peixes estavam realmente andando no fundo do tanque”.

Já Nicholas Bellono, biólogo celular da Universidade de Harvard, ficou intrigado ao ver um tordo-marinho pela primeira vez. “É realmente um ótimo modelo de evolução, é um peixe com pernas”, destacou.

Peixe com pernas em zoom dentro de aquário

Características semelhantes do peixe com pernas são parte da barbatana peitoral do tordo-marinho-do-norte – Foto: Anik Grearson/Bellono Lab/Reprodução ND

Os dois grupos, liderados por Amy Herbert, em Stanford, e Corey Allard, em Harvard, se uniram para estudar as peculiaridades evolutivas dos peixes.

Os pesquisadores descobriram que um gene, chamado tbx3a, foi ativado durante a fase de desenvolvimento das pernas do peixe. Com a ferramenta de edição genética chamada CRISPR, eles alteraram o gene em embriões de tordo-marinho.

O crescimento foi documentado, sendo identificado que alguns dos peixes geneticamente editados desenvolveram pernas menores e com menos ossos. Em outros casos, os animais desenvolveram mais ou menos pernas.

De acordo com os pesquisadores, descobrir como o gene funciona nesses peixes com pernas pode ajudar na pesquisa de condições humanas, como a síndrome ulnar-mamária, uma doença hereditária rara que afeta, entre outras coisas, o desenvolvimento dos membros.

 

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