Paciente com superfungo morre em BH, mas não há relação entre óbito e infecção

Um dos quatro pacientes infectados pelo Candida auris, popularmente conhecido por superfungo, morreu nesta quarta-feira (16), em Belo Horizonte. Em nota ao BHAZ, a Secretária de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) informaram que o óbito não está relacionado com a infecção.

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Segundo as autoridades, o homem “estava em estado grave”, em razão de um acidente de moto e, por isso, a morte “não tem relação com o fungo Candida auris”. Todos os casos da doença foram registrados no Hospital João XXIII.

Superfungo em Minas Gerais

Os órgãos de saúde afirmaram que dois pacientes infectados já tiveram alta, um no dia 20 de setembro e outro no dia 2 de outubro. Um, por sua vez, permanece internado. Os casos foram confirmados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) da Fundação Ezequiel Dias (Funed). A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte acompanha a situação.

Até o momento, 39 casos foram testados para o superfungo. Dentre eles, quatro foram confirmados; dois foram negativados e permanecem internados; nove foram negativados e já receberam alta. Há ainda 24 pacientes na espera do resultado dos exames.

A SES-MG monitora os casos suspeitos de infecção pelo fungo Candida auris desde o ano de 2021, após confirmação do primeiro caso no país. Desde então, foram descartados 129 casos no estado.

Candida auris

A levedura – tipo de fungo que possui apenas uma célula –  causa grande preocupação nas autoridades sanitárias por ser resistente à maioria dos fungicidas existentes. Em alguns casos, a todos. Isso levou a espécie a receber o apelido de superfungo.

Os organismos do reino Candida são velhos conhecidos da população. Eles causam infecções orais e vaginais bastante comuns nos seres humanos, as candidíases, combatidas com fungicidas vendidos em qualquer farmácia.

No caso da Candida auris, porém, as infecções têm se mostrado extremamente difíceis de curar. A espécie produz o que os cientistas chamam de biofilme, camada protetora que a torna resistente ao fluconazol, à anfotericina B e ao equinocandinao, três dos principais compostos antifúngicos.

A espécie é capaz também de infectar o sangue, levando a casos agressivos e muitas vezes letais. Além disso, acomete, em geral, pacientes graves, que permanecem por longos períodos em unidades intensivas de tratamento. Dos 18 casos identificados até agora no Brasil, dois resultaram em morte.

Candida auris se demonstrou ainda ser bastante difícil de controlar, sendo resistente também à maioria dos desinfetantes. “Quando ela chega num hospital, é raramente eliminada”, disse à Agência Brasil o infectologista Flávio Teles, coordenador do Comitê de Micologia da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Não bastasse sua resistência, o patógeno é difícil de identificar, podendo ser confundindo, em laboratórios, com outras espécies de Candida. “Tem essa dificuldade para diagnosticar, porque há um desconhecimento sobre a nova espécie, então acaba podendo passar desapercebido”, frisou o médico infectologista Filipe Prohaska, um dos envolvidos na identificação do surto em Pernambuco.

No Brasil, dois laboratórios estão aptos a identificar a levedura por meio de procedimentos específicos: o Laboratório Especial de Micologia da Escola Paulista de Medicina (Lemi), vinculado à Universidade Federal de São Paulo (Unifespe); e o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA).

Histórico

O superfungo foi primeiro identificado no Japão, em 2009, no ouvido de um paciente internado, o que levou ao nome auris – orelha, em latim. Desde então, casos foram reportados em ao menos 47 países, segundo dados compilados pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês).

Ao todo, foram cerca de 5 mil pessoas infectadas até agora em todo mundo. Foi o suficiente para a Candida auris ser considerada uma das principais ameaças à saúde pública global.

O nível de alerta cresceu bastante durante a pandemia de Covid-19, que aumentou em muito o número de internações longas em todo o mundo. “Paciente com Covid-19 grave fica muito tempo na UTI, fica tomando corticoide, fica em ventilação mecânica, fatores riscos para pacientes adquirirem infecções fúngicas. Tudo isso é um alerta”, disse Teles.

Ainda não é possível saber a origem da Candida auris que apareceu no Brasil. A espécie foi identificada pela primeira vez no cateter de um paciente num hospital de Salvador, em dezembro de 2020. Nesse primeiro surto, 15 pessoas foram infectadas. Uma única outra infecção foi identificada também em Salvador, em dezembro de 2021.

Outra característica que torna a espécie preocupante é sua capacidade de sobreviver por meses em superfícies como macas, móveis e instrumentos. É possível, por exemplo, que indivíduos saudáveis transportem o fungo entre unidades hospitalares sem saber.

A transmissão, contudo, se dá somente pelo contato direto com objetos ou pessoas infectadas, uma das poucas características que favorecem sua contenção. Até hoje, por exemplo, nunca foi identificada nenhuma infecção por Candida auris fora do ambiente hospitalar.

Com Agência Brasil

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