Governo cogita que a Caixa vire operadora do VR para reduzir preço dos alimentos

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O governo Lula está empenhado em enfrentar o aumento dos preços dos alimentos, um dos principais desafios econômicos que afetam os brasileiros. Para isso, um conjunto de 10 medidas foi apresentado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) durante uma reunião realizada em novembro de 2024. As propostas estão sendo analisadas pelo presidente Lula e sua equipe, com a intenção de aliviar os impactos da inflação alimentar sobre a população, especialmente as famílias de baixa renda.

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Medidas em análise pelo governo

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Imagem: Reprodução/Miguel Schincariol/AFP

As propostas apresentadas pela Abras incluem mudanças estruturais e econômicas, muitas das quais estão sendo discutidas com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e outros membros do governo, como o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Segundo Costa, essas iniciativas representam um esforço do governo para implementar ações concretas que possam beneficiar diretamente os consumidores.

Redução de custos nas transações eletrônicas

Uma das principais medidas em análise é transformar a Caixa Econômica Federal na operadora dos programas de vale-refeição e vale-alimentação. Atualmente, essas transações são intermediadas por instituições financeiras que cobram taxas de até 10%, valor que acaba sendo repassado aos preços dos alimentos.

Com a Caixa como operadora, o governo espera reduzir significativamente esses custos, tornando os alimentos mais acessíveis para a população. Essa medida também busca ampliar a eficiência na distribuição de benefícios sociais, como o vale-alimentação, eliminando intermediários que lucram com as operações.

Antecipação da nova cesta básica

Outra proposta que vem ganhando destaque é a antecipação de uma nova cesta básica, que incluiria a desoneração de produtos essenciais como carnes, arroz e feijão. Embora essa medida possa ajudar a reduzir os preços no curto prazo, ela enfrenta desafios significativos, uma vez que envolve renúncias fiscais em um momento em que o governo busca equilibrar o orçamento público.

Estratégias para redução do desperdício

O governo também está avaliando medidas voltadas para o combate ao desperdício de alimentos, que no Brasil atinge R$ 4,3 bilhões anuais. Uma das ideias é implementar o sistema “Best Before”, que permite a venda de produtos após a data de validade, desde que estejam em condições de consumo e não representem riscos à saúde.

Potencial da medida

A adoção dessa prática, já utilizada em diversos países, poderia gerar uma economia de até R$ 2 bilhões por ano. No entanto, a proposta enfrenta resistência de setores que questionam sua viabilidade regulatória e os possíveis impactos na segurança alimentar. Nesta semana, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que o governo não cogita alterar o sistema atual de datas de validade.

Venda de medicamentos em supermercados

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Imagem: Nudphon Phuengsuwan/shutterstock.com

Outra proposta que está sendo analisada é a autorização para a venda de medicamentos isentos de prescrição em supermercados. Segundo a Abras, essa medida poderia reduzir os preços dos medicamentos em até 35%, facilitando o acesso da população a produtos de primeira necessidade.

Resistências e debates

Embora promissora, essa ideia enfrenta resistência de setores da indústria farmacêutica e de órgãos reguladores, que levantam preocupações sobre controle de qualidade e regulamentação. Ainda assim, o governo vê na medida uma oportunidade de aliviar os gastos das famílias com saúde, especialmente em um contexto de alta inflação.

Outras propostas em análise

Além das principais medidas mencionadas, o governo também está avaliando outras ações que buscam reduzir os preços dos alimentos e incentivar o consumo responsável:

  • Isenção de impostos para doações de alimentos: Essa medida incentivaria empresas a doarem produtos excedentes, reduzindo o desperdício e beneficiando populações vulneráveis.
  • Flexibilização de contratos de trabalho: Voltada para facilitar a contratação de jovens e pessoas acima de 60 anos, promovendo inclusão no mercado de trabalho.
  • Venda direta de produtos agrícolas: Estimular feiras e mercados regionais para reduzir os custos com transporte e distribuição, diminuindo o preço final ao consumidor.

Impactos esperados das medidas

Caso implementadas, as medidas em análise pelo governo têm o potencial de beneficiar milhões de brasileiros. A redução nos preços dos alimentos é essencial para combater os impactos da inflação, que afeta especialmente as famílias de baixa renda, onde os gastos com alimentação representam uma parcela significativa do orçamento.

Desafios a serem superados

Embora as propostas sejam promissoras, sua implementação depende de uma série de fatores, como aprovação do Congresso Nacional, ajustes orçamentários e negociação com setores envolvidos. Além disso, é necessário garantir que as medidas não resultem em perda de qualidade nos produtos oferecidos à população.

Considerações Finais

O governo Lula está diante de um desafio significativo para reduzir os preços dos alimentos e aliviar os impactos da inflação sobre os brasileiros. As medidas em análise, como a redução de custos em transações financeiras, a antecipação da nova cesta básica e o combate ao desperdício, demonstram um esforço conjunto entre o governo e o setor privado para encontrar soluções viáveis.

No entanto, a implementação dessas propostas exigirá equilíbrio entre os interesses econômicos e sociais, além de uma articulação eficaz com o Congresso e os demais setores da sociedade. Se bem executadas, essas medidas podem não apenas reduzir os preços dos alimentos, mas também promover maior justiça social e estabilidade econômica no país.

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