Empresa famosa é acusada de se aproveitar de trabalho forçado na China

Decathlon

A gigante francesa de artigos esportivos Decathlon enfrenta uma grave acusação envolvendo sua cadeia de fornecimento. Segundo uma investigação do veículo Disclose e do programa “Cash Investigation”, da emissora France 2, a empresa utilizaria algodão produzido por trabalhadores forçados na China.

O material em questão viria do Qingdao Jifa Group, um fornecedor ligado a práticas de trabalho supostamente coercitivas. A denúncia levanta preocupações sobre a transparência da empresa e reacende debates sobre o impacto da indústria têxtil global na violação de direitos humanos.

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A Decathlon responde às acusações

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Imagem: Canva

A Decathlon, pertencente ao grupo Mulliez, negou as acusações, embora tenha confirmado que adquiriu matéria-prima da empresa chinesa Qingdao Jifa. Em um comunicado enviado à AFP, o departamento de comunicação da marca declarou que a empresa condena “firmemente todas as formas de trabalho impostas”.

“Estamos comprometidos diariamente em garantir a integridade e o respeito pelos direitos fundamentais em nossas atividades e em nossa cadeia de valor”, afirmou a empresa.

A varejista de artigos esportivos reforçou que 100% do algodão utilizado em seus produtos vem de fontes responsáveis, incluindo algodão orgânico e reciclado, que supostamente garantiriam a ausência de trabalho forçado.

A origem do algodão: a polêmica de Xinjiang

O documentário “Cash Investigation”, que foi ao ar na noite desta quinta-feira, investiga se o algodão utilizado pela Decathlon pode ter origem na província de Xinjiang, uma região chinesa amplamente associada a denúncias de trabalho forçado da minoria étnica uigur.

A província, localizada no noroeste da China, tem sido palco de tensões entre o governo chinês e a população uigur, um grupo de origem muçulmana. Nos últimos anos, relatos de abusos sistemáticos, incluindo detenções em massa e trabalhos forçados, têm sido amplamente denunciados por ONGs internacionais e governos ocidentais.

O papel das ONGs e a falta de verificação independente

Organizações de direitos humanos e estudos internacionais apontam que empresas estariam se beneficiando do sistema de trabalho forçado na China. Entretanto, a AFP ressaltou que não conseguiu verificar independentemente essas informações.

Para grupos de defesa dos direitos humanos, as denúncias contra a Decathlon são mais um alerta sobre a necessidade de transparência e auditoria rigorosa em cadeias de suprimentos globais.

Repercussão internacional e possíveis sanções

Decathlon
Imagem: ilikestudio/shutterstock.com

A denúncia contra a Decathlon não passou despercebida. Governos e órgãos reguladores podem pressionar a empresa para esclarecer suas práticas de fornecimento. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Lei de Prevenção ao Trabalho Forçado de Uigures (UFLPA) já proíbe a importação de produtos ligados a Xinjiang, e a União Europeia discute medidas similares.

Empresas que forem associadas ao uso de mão de obra forçada podem enfrentar sanções comerciais e danos à reputação. No caso da Decathlon, uma marca amplamente reconhecida por seu compromisso com práticas sustentáveis e responsáveis, a acusação pode impactar sua imagem global e confiança dos consumidores.

O que a Decathlon pode fazer para reverter a crise?

Especialistas sugerem que a Decathlon adote medidas imediatas para reforçar sua cadeia de abastecimento, incluindo:

1. Auditorias independentes

A empresa pode contratar auditorias externas para verificar se fornecedores estão, de fato, ligados ao trabalho forçado.

2. Maior transparência

A divulgação de relatórios detalhados sobre a origem do algodão utilizado em seus produtos pode fortalecer a confiança dos consumidores e reguladores.

3. Revisão de contratos com fornecedores

Caso as investigações confirmem qualquer irregularidade, a Decathlon poderá romper contratos com empresas envolvidas e buscar alternativas éticas de abastecimento.

4. Campanhas de conscientização

Reforçar seu compromisso com direitos humanos e trabalho digno pode ajudar a minimizar os danos à sua reputação.

Conclusão

A denúncia de que a Decathlon estaria utilizando algodão produzido por trabalho forçado na China levanta questões fundamentais sobre ética empresarial e responsabilidade social corporativa. A empresa nega as acusações, mas enfrenta pressão para comprovar sua conformidade com práticas trabalhistas justas.

À medida que a investigação avança, consumidores e autoridades esperam que a Decathlon tome medidas concretas para garantir que sua cadeia de fornecimento seja realmente livre de trabalho forçado.

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