Após alta no café e no ovo, carne, azeite e frango também podem subir de preço

alta nos preços

A alta dos preços dos alimentos tem se tornado uma realidade cada vez mais presente no cotidiano dos brasileiros. Produtos básicos do dia a dia – como café, ovos, carnes e hortifrúti – vêm registrando aumentos significativos, impactando diretamente o orçamento das famílias, principalmente as de menor poder aquisitivo.

Dados recentes do IBGE mostram que, no acumulado de 2024, o grupo de alimentos e bebidas foi o que registrou a maior alta, com um índice de 7,7%. Em meio a esse cenário, especialistas apontam para a continuidade dessa tendência, destacando fatores como mudanças climáticas, custos de produção e incertezas no mercado internacional.

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Corredor com prateleiras de supermercado cheias de produtos, em alusão à queda no preço dos alimentos.
Imagem: Robert Kneschke / shutterstock.com

O Cenário Atual dos Preços dos alimentos

Dados do IBGE e a Inflação Oficial

Segundo o IBGE, os preços dos alimentos aumentaram pelo quinto mês consecutivo em janeiro de 2024, reforçando um cenário de inflação específica no setor.

Apesar da inflação oficial de janeiro ter registrado 0,16% segundo o IPCA, esse índice não reflete o peso que os alimentos têm no dia a dia dos consumidores. Essa discrepância evidencia que, mesmo com a desaceleração da inflação geral, o custo dos produtos alimentícios continua em ascensão.

Produtos em Destaque

Café Arábico

Um exemplo emblemático é o café arábico, que sofreu um aumento de 188% nos últimos 10 anos. Segundo o Cepea, ligado à Universidade de São Paulo, esse acréscimo mostra como o setor de alimentos pode ser volátil e suscetível a diversos fatores econômicos e ambientais.

Outros Itens Essenciais

Além do café, produtos como ovos, carnes (especialmente frango), azeite, frutas, verduras e legumes também têm sentido o impacto dos aumentos. Especialistas alertam que insumos como milho e soja – fundamentais na produção animal – podem presagiar novas elevações de preços, já que o custo da ração influencia diretamente o preço final da carne.

Fatores que Impulsionam a Alta dos Alimentos

preço dos alimentos
Imagem: Maxx-Studio / Shutterstock.com

Mudanças Climáticas

Impacto nas Safras

As mudanças climáticas têm sido apontadas como um dos principais responsáveis pela alta dos preços. Eventos extremos, como secas prolongadas e chuvas intensas, comprometem as safras e reduzem a oferta de alimentos no mercado. Esse cenário não só afeta a disponibilidade dos produtos, mas também eleva os custos de produção e, consequentemente, os preços finais para o consumidor.

Micro Choques de Oferta

O professor Benito Salomão, do Instituto de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia, explica que os preços dos alimentos têm subido devido a micro choques de oferta provocados por perturbações ambientais em regiões específicas. Ele ressalta que, enquanto as condições climáticas não se normalizarem, a alta nos preços deverá continuar a impactar o setor.

Custos de Produção e Transporte

A Influência dos Insumos

O aumento dos custos de insumos, como milho, soja e outros componentes essenciais na produção de alimentos, tem um efeito direto na elevação dos preços. Marcello Marin, administrador e mestre em governança, enfatiza que o frango, por exemplo, sofre com a alta no custo da ração, o que reflete no preço final da carne. Essa dinâmica afeta não apenas o setor avícola, mas também o mercado de hortifrúti e outros segmentos.

Logística e Distribuição

Os custos de transporte e distribuição também têm contribuído para a alta dos alimentos. A elevação dos preços dos combustíveis e a complexidade logística em regiões distantes dos grandes centros de produção aumentam o preço final do produto, repassado ao consumidor.

Cenário Internacional e Incertezas Econômicas

Ameaças Tarifárias e Comércio Global

O cenário internacional também exerce forte influência sobre os preços dos alimentos. Guilherme Gomes, especialista em comércio internacional da BMJ Consultores, aponta que ameaças tarifárias vindas dos Estados Unidos – especialmente com declarações do presidente Donald Trump – podem desajustar o comércio global de bens. Essa instabilidade tende a afetar a oferta de produtos no Brasil, gerando um novo período inflacionário.

Desvalorização do Real e Impacto no Dólar

Outro fator crucial é a relação do governo com o mercado financeiro. Segundo Gomes, o desentendimento entre o governo e o mercado financeiro contribuiu para a desvalorização do real e o aumento do dólar. Esse movimento impacta os preços das commodities e a oferta de alimentos, uma vez que a importação de insumos e tecnologias para a produção se torna mais onerosa.

Perspectivas e Comentários dos Especialistas

Expectativas para os Próximos Meses

Continuidade dos Preços Elevados

Especialistas são unânimes ao afirmar que os preços dos alimentos devem permanecer altos nos próximos meses. A combinação de fatores climáticos adversos, aumento dos custos de insumos e incertezas no mercado internacional cria um ambiente propício para a manutenção dos preços elevados.

Medidas do Governo

Na última quinta-feira (20), o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que a população já pode encontrar alimentos mais baratos, embora enfatizasse que os preços precisam cair “ainda mais”. Essa declaração foi acompanhada de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu que o governo federal adotará medidas para baratear os produtos. Contudo, até o momento, nenhuma medida efetiva foi apresentada para conter a alta, deixando os consumidores cautelosos quanto às futuras ações do governo.

Análise dos Especialistas

Planejamento e Subsídios

Marcello Marin destaca que a falta de um planejamento eficiente e a ausência de incentivos adequados à produção agravam a situação. Segundo ele, políticas fiscais claras, subsídios estratégicos e investimentos na modernização da cadeia produtiva são fundamentais para melhorar a competitividade do setor e reduzir os custos de produção.

Relação com o Mercado Financeiro

Guilherme Gomes reforça que o “desentendimento” do governo com o mercado financeiro não só contribuiu para a desvalorização do real, mas também afetou a oferta interna de alimentos. Ele sugere que uma melhor articulação entre o governo e os setores financeiros poderia mitigar parte dos impactos inflacionários e estabilizar os preços no médio prazo.

O Impacto no Orçamento das Famílias

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Imagem: stevepb / Pixabay

Aumento dos Custos no Dia a Dia

Para a população brasileira, a alta dos alimentos representa um desafio significativo, principalmente para as famílias de baixa renda. Com produtos essenciais como café, ovos, carnes e hortifrúti registrando aumentos consecutivos, o impacto no orçamento familiar torna-se inevitável. Cada aumento, por menor que seja em termos percentuais, reflete em uma pressão constante sobre as despesas do dia a dia.

Estratégias de Consumo e Economia Doméstica

Adaptação e Consumo Consciente

Diante desse cenário, especialistas sugerem que os consumidores adotem estratégias de consumo consciente. Planejar as compras, buscar alternativas e aproveitar promoções podem ser medidas eficazes para amenizar os efeitos da alta dos preços.

Incentivo à Produção Local

Outra alternativa apontada é o incentivo à produção local. Investir em hortas comunitárias e em programas de apoio à agricultura familiar pode reduzir a dependência de produtos importados ou de grandes cadeias logísticas, contribuindo para a estabilização dos preços e o fortalecimento da economia regional.

Imagem: Maxx-Studio / shutterstock.com

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