Golpe em calouros: faculdade de medicina investiga cobrança de falsa taxa de matrícula

golpe universitário

A Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) está no centro de uma investigação que envolve alunos do sexto ano aplicando um golpe em calouros durante a recepção dos novos estudantes no início de fevereiro.

Os golpistas, se passando por funcionários da instituição, cobraram uma falsa taxa de matrícula, enganando os calouros e causando transtornos financeiros.

A situação expôs a vulnerabilidade de novos alunos e gerou uma série de questionamentos sobre a ética no ambiente acadêmico e a responsabilidade das universidades em coibir práticas abusivas.

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O Golpe: Como Aconteceu

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Imagem: WAYHOME studio / Shutterstock.com

O que aconteceu com os calouros da Famerp?

Em um golpe bem orquestrado, alunos do sexto ano da Famerp se passaram por funcionários da faculdade e entraram em contato com calouros através do WhatsApp. Eles exigiram documentos pessoais e o pagamento de uma falsa taxa de matrícula, no valor de até R$ 1.000, dizendo que se tratava de uma cobrança para efetivar a matrícula dos novos alunos.

Além disso, os golpistas informaram aos calouros uma data errada para a matrícula, o que causaria a perda de vagas caso a informação fosse seguida.

Essa prática deixou as vítimas em um estado de insegurança e frustração, pois, além da perda financeira, havia o risco de perderem sua vaga na universidade. Alguns alunos relataram que foram enganados pela forma como a comunicação foi feita, já que as mensagens tinham um tom oficial e pareciam vir de uma fonte confiável.

Os danos causados às vítimas

Os danos causados pelo golpe vão além da perda de dinheiro. O estresse psicológico gerado pela situação tem um impacto significativo sobre os calouros, que já enfrentam a pressão de iniciar a vida acadêmica em uma instituição de renome.

A sensação de insegurança e a angústia de ver o futuro acadêmico comprometido são consequências que não podem ser ignoradas.

Medidas Tomadas Pela Famerp

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Imagem: Freepik

Resposta institucional à fraude

A Famerp, ao tomar conhecimento do ocorrido, agiu rapidamente e adotou uma postura rigorosa em relação aos envolvidos. A instituição divulgou uma nota afirmando que está adotando medidas administrativas e jurídicas contra os alunos responsáveis pelo golpe.

A nota reitera o compromisso da faculdade com a ética, transparência e integridade no ambiente acadêmico, deixando claro que atitudes como essa não serão toleradas.

A faculdade também se comprometeu a adotar ações preventivas para evitar que casos semelhantes ocorram no futuro, ressaltando a importância de um ambiente saudável e respeitoso para todos os seus alunos.

Investigações em andamento

De acordo com a Famerp, a investigação sobre o caso está em andamento e a medida administrativa envolve a análise detalhada do comportamento dos alunos envolvidos. Além disso, a instituição informou que tomará providências com base nas normas do Código de Ética da universidade.

A adoção de processos disciplinares e punições severas, como a expulsão dos infratores, está em pauta, pois, de acordo com a legislação vigente, atitudes como essa podem resultar em sanções administrativas graves. As investigações também podem envolver o Ministério Público e a Polícia Civil, caso se identifique algum crime relacionado à fraude.

A Legislação sobre Trotes Universitários

Lei contra trotes em instituições de ensino

Desde 2015, o estado de São Paulo conta com uma lei que proíbe trotes nas universidades públicas. A medida foi tomada para garantir que os calouros possam iniciar sua jornada acadêmica sem enfrentar abusos ou humilhações. No entanto, mesmo com a legislação, casos de trotes violentos ou fraudulentos ainda são registrados.

Em 2023, o governador Tarcísio de Freitas sancionou uma norma que coloca a responsabilidade sobre as universidades para garantir que os trotes abusivos não ocorram. A lei estabelece que as instituições de ensino devem adotar medidas preventivas e instaurar processos disciplinares contra alunos que pratiquem atos abusivos.

Caso a instituição seja negligente, ela pode ser responsabilizada administrativamente e sofrer penalidades como advertências ou até a perda de convênios e financiamentos públicos.

Responsabilidade das universidades

Com a nova legislação, as universidades agora possuem um papel mais ativo na prevenção de trotes abusivos. Elas precisam criar um ambiente de respeito e ética, especialmente durante o período de recepção dos novos alunos.

Além disso, as instituições devem promover a integração de calouros de maneira positiva, sem recorrer a práticas que possam prejudicar emocionalmente ou financeiramente os alunos.

A aplicação de punições contra os responsáveis por golpes como o ocorrido na Famerp é um reflexo do esforço para criar um ambiente universitário mais seguro e saudável.

O Impacto Psicológico dos Trotes

Como os trotes podem afetar a saúde mental dos calouros?

Embora a prática de trotes seja considerada uma tradição em muitas universidades, ela pode ter um impacto negativo na saúde mental dos calouros. Casos de trotes humilhantes ou abusivos têm sido associados a problemas psicológicos como ansiedade, estresse e depressão, especialmente quando os novos alunos se sentem isolados ou desrespeitados por seus colegas.

No caso específico do golpe em São José do Rio Preto, a preocupação vai além da fraude financeira. O efeito psicológico de ser enganado por colegas de faculdade pode ser devastador, criando um ambiente de desconfiança entre os alunos e prejudicando o relacionamento no início de sua trajetória acadêmica.

O papel da universidade na prevenção de danos psicológicos

sala de aula de universidade
Imagem: Freepik/ Reprodução

As universidades devem ter um papel fundamental na proteção da saúde mental dos estudantes. Promover campanhas de conscientização sobre o respeito e a ética, bem como a criação de espaços seguros para discussão, pode ajudar a minimizar os efeitos negativos dos trotes.

Além disso, é essencial que os estudantes saibam onde procurar ajuda, caso se sintam prejudicados ou traumatizados por ações abusivas.

Considerações finais

O golpe aplicado em calouros da Famerp é um triste exemplo do impacto que os trotes abusivos podem causar no ambiente acadêmico. A situação, que envolveu fraude financeira e danos psicológicos, ressalta a importância de as universidades adotarem políticas rígidas para coibir práticas prejudiciais e proteger seus alunos.

As medidas tomadas pela Famerp mostram que a instituição está comprometida em manter a integridade acadêmica e em adotar ações preventivas para garantir que episódios como esse não voltem a ocorrer.

Com a legislação vigente e a crescente conscientização sobre os danos causados pelos trotes, espera-se que as universidades sejam cada vez mais responsáveis por criar ambientes respeitosos e seguros para todos os estudantes.

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