Taxa de juros elevada esfria o mercado de trabalho e aumenta o desemprego

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O Brasil tem vivido uma desaceleração no mercado de trabalho, refletida no aumento da taxa de desemprego. Após um período de queda constante, o índice de desemprego subiu para 6,5% no trimestre encerrado em janeiro de 2025. Este aumento é notável, pois ocorre após a histórica taxa de 6,1% registrada em novembro do ano anterior. Mesmo sendo a menor taxa para um mês de janeiro desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento de 0,4 pontos percentuais em relação ao final de 2024 preocupa economistas.

A razão para essa desaceleração no ritmo de geração de empregos está ligada ao aumento da taxa básica de juros da economia, a Selic. Quando a Selic sobe, o crédito se torna mais caro, e isso impacta diretamente o consumo e o investimento, prejudicando a criação de novos postos de trabalho.

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O impacto da Selic no mercado de trabalho

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Imagem: Pedro Ignacio/Shutterstock.com

Desde setembro de 2024, a taxa Selic tem sido elevada para controlar a inflação, que segue em patamares elevados. De 10,5% ao ano, a taxa subiu para 13,25%, e a expectativa é que continue a crescer nos próximos meses. Com essa alta, o crédito se torna mais restrito e caro, o que acaba por desencorajar empresários a realizar novos investimentos e a contratar mais trabalhadores.

A relação entre a Selic e o mercado de trabalho é direta. Com menos investimentos, menos empresas se expandem, e o número de vagas diminui. Além disso, a elevação dos juros pode reduzir a confiança do empresariado no futuro da economia, o que leva a uma paralisação de projetos e, consequentemente, à falta de novas vagas.

Menos empregos gerados

Em janeiro de 2025, o Brasil gerou 137 mil empregos, um número inferior aos 173 mil empregos criados no mesmo mês de 2024, marcando uma queda de mais de 20%. Esse dado reforça a ideia de que o mercado de trabalho está esfriando. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontou que esse cenário pode ser atribuído ao aumento da taxa de juros, que limita o poder de compra e a capacidade de investimento da população e das empresas.

A desaceleração da criação de empregos

A desaceleração da criação de empregos é um reflexo claro da política monetária mais restritiva. Segundo o economista Weslley Cantelmo, com a Selic mais alta, muitos empresários adiam planos de expansão e contratação. “Os empresários apostam que a economia vai desacelerar, e isso reflete diretamente na criação de vagas de trabalho”, afirmou.

O efeito da política monetária no futuro

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Imagem: gustavomellossa / shutterstock

José Luis Oreiro, economista da Universidade de Brasília (UnB), alertou para o impacto prolongado dessa política. “O aumento da Selic é mais um fator de desaceleração econômica, e os efeitos disso no mercado de trabalho serão mais intensos ao longo de 2025”, afirmou Oreiro. Segundo ele, o impacto nas vagas de emprego se tornará mais evidente no segundo semestre de 2025.

A economista Juliane Furno, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), destacou que o mercado de trabalho é mais lento para reagir às mudanças na economia. Embora já se perceba a desaceleração, a geração de novos postos de trabalho ainda não teve uma retração significativa, mas está sendo mais lenta.

Fatores além da Selic

Embora a alta da Selic seja um dos principais fatores para a desaceleração do mercado de trabalho, outros fatores também influenciam esse cenário. Pedro Faria, economista e doutor em história, apontou que o governo federal gastou mais em 2023 para corrigir problemas deixados pela gestão anterior, mas esse impulso fiscal tem diminuído com o tempo. A queda no gasto público também afeta negativamente a economia e o mercado de trabalho.

Miguel de Oliveira, economista e diretor-executivo da Anefac, completou essa análise ao afirmar que a desconfiança com o governo também contribui para a desaceleração da economia. “A falta de confiança dos investidores nos rumos do governo tem impacto direto na criação de novos postos de trabalho”, explicou.

O que esperar para o futuro?

Embora os dados sobre a criação de novos empregos mostrem uma desaceleração, alguns economistas afirmam que o Brasil ainda vive uma situação relativamente positiva no mercado de trabalho. Mauricio Weiss, economista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destacou que o cenário de plena ocupação no país pode justificar essa desaceleração. “A redução na criação de empregos é normal quando o país chega a um estágio de pleno emprego”, disse ele.

Além disso, o mês de janeiro costuma apresentar uma alta rotatividade no mercado de trabalho devido à demissão de trabalhadores temporários contratados no final do ano. Isso pode explicar em parte a desaceleração no número de vagas geradas.

O que pode ser feito para melhorar o cenário?

Para que o mercado de trabalho retome sua aceleração, é preciso que o governo e os empresários encontrem formas de estimular o consumo e o investimento sem recorrer exclusivamente ao aumento da taxa de juros. Medidas como incentivos fiscais e a criação de condições para que pequenas e médias empresas possam prosperar podem ajudar a gerar mais empregos no futuro.

Além disso, a confiança dos empresários no futuro do país é fundamental. Um ambiente político estável e com previsibilidade é essencial para que o setor privado se sinta seguro para investir, o que pode impulsionar a criação de novas vagas de emprego.

O mercado de trabalho brasileiro passa por um momento de desaceleração, com a taxa de desemprego subindo para 6,5% no primeiro trimestre de 2025. A alta da Selic tem sido um dos principais fatores para essa desaceleração, já que ela encarece o crédito e desincentiva investimentos. Além disso, fatores como a redução do gasto público e a desconfiança com o governo também contribuem para o quadro.

Embora o cenário de desemprego continue positivo, com uma taxa ainda abaixo de anos anteriores, é importante observar como o mercado de trabalho se comportará ao longo de 2025, principalmente diante dos efeitos prolongados da política monetária restritiva.

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