Banco da Coreia avalia o Bitcoin como reserva cambial: Decisão cautelosa sobre o criptoativo

Banco da Coreia Bitcoin

Nos últimos anos, as criptomoedas têm ganhado destaque no mercado financeiro global, mas o debate sobre o papel do Bitcoin (BTC) nas reservas cambiais de países tem se intensificado.

Recentemente, o Banco da Coreia, o banco central sul-coreano, manifestou uma postura cautelosa em relação à possibilidade de integrar o Bitcoin em suas reservas cambiais, uma decisão que reflete a abordagem cautelosa adotada pelo governo sul-coreano em relação a ativos digitais.

Apesar de uma crescente pressão de legisladores e lobistas para a inclusão do Bitcoin nas reservas do país, o banco central coreano enfatizou a volatilidade da criptomoeda como um fator crucial para não avançar com essa medida. Vamos entender melhor a posição do Banco da Coreia e as implicações dessa decisão.

Leia mais:

Criptomoedas de março: Bitcoin (BTC) segue como recomendação, e Solana (SOL) ganha força

O Bitcoin e suas flutuações de preço

Bitcoin
Imagem: Arsenii Palivoda / shutterstock

A volatilidade do Bitcoin

O Bitcoin, desde sua criação, tem sido um ativo altamente volátil, com preços que variam significativamente em curtos períodos de tempo. Nos últimos 30 dias, a moeda digital mais conhecida oscilou entre US$ 98.000 e US$ 76.000, e atualmente se encontra em torno de US$ 83.000.

Essa volatilidade é uma das principais razões pelas quais o Banco da Coreia não considera o Bitcoin adequado para compor suas reservas cambiais.

A instabilidade do mercado de criptomoedas, combinada com a possibilidade de aumentos drásticos nos custos de transação durante períodos de crise, levanta dúvidas sobre a viabilidade do Bitcoin como um ativo financeiro seguro. O Banco da Coreia alertou que a capacidade de converter Bitcoin em dinheiro poderia se tornar um desafio em momentos de instabilidade no mercado de criptomoedas.

Comparação com outros ativos

O Banco da Coreia enfatizou que as reservas cambiais devem possuir características específicas, como alta liquidez e estabilidade, atributos que o Bitcoin, em sua opinião, não atende. As reservas cambiais de um país precisam ser rapidamente utilizáveis e devem ser compostas por ativos que possuam uma classificação de crédito sólida, como as moedas nacionais e ativos em títulos de governos de países economicamente estáveis.

O Bitcoin, devido à sua volatilidade e falta de regulamentação clara em vários países, não se enquadra nesses requisitos.

Pressões internas e externas para incluir o Bitcoin nas reservas

A influência de legisladores e lobistas

Apesar da postura cautelosa do Banco da Coreia, a pressão para incluir o Bitcoin nas reservas cambiais não é pequena. Em um seminário realizado no início de março, lobistas da indústria de criptomoedas e alguns membros do Partido Democrático da Coreia defenderam a adoção do Bitcoin como parte das reservas nacionais.

Além disso, propuseram o desenvolvimento de uma stablecoin lastreada no won, a moeda oficial da Coreia do Sul.

A discussão sobre a possível reserva de Bitcoin ganhou força após a ordem executiva do presidente dos Estados Unidos, que estabeleceu a criação de uma reserva estratégica de Bitcoin. Esse movimento aumentou o debate sobre o papel das criptomoedas nas economias nacionais e incentivou outros países a considerar a inclusão dos criptoativos em suas estratégias financeiras.

A resposta do Banco da Coreia

No entanto, o Banco em questão não compartilha do mesmo entusiasmo. Em resposta a uma consulta formal feita pelo deputado Cha Gyu-geun, do Comitê de Planejamento e Finanças da Assembleia Nacional, o banco central reiterou sua posição de que ainda não discutiu ou revisou a ideia de incluir o Bitcoin em suas reservas cambiais.

Os banqueiros centrais argumentaram que a inclusão de ativos digitais como o Bitcoin exigiria uma análise mais profunda, especialmente devido aos riscos envolvidos na volatilidade das criptomoedas.

O papel das stablecoins e o futuro das reservas cambiais

O que são stablecoins?

Stablecoins criptomoedas
Imagem: Freepik

As stablecoins são criptomoedas que têm o valor atrelado a um ativo de referência, como o dólar americano ou outras moedas fiduciárias. Elas foram criadas para minimizar a volatilidade característica do Bitcoin e outras criptomoedas, oferecendo maior estabilidade.

Com o aumento do uso de stablecoins, especialmente em transações internacionais, muitos especialistas acreditam que elas poderiam se tornar uma alternativa viável para compor as reservas cambiais de países.

O professor Kang Tae-soo, da Escola de Pós-Graduação em Finanças do KAIST, comentou que os Estados Unidos provavelmente adotarão stablecoins, em vez do Bitcoin, para garantir a hegemonia do dólar no cenário global. Ele também mencionou que, se o Fundo Monetário Internacional (FMI) reconhecer as stablecoins como reservas cambiais no futuro, isso pode ser um marco importante para o futuro das finanças globais.

A adoção de stablecoins pelo Banco da Coreia

Embora o Banco da Coreia tenha rejeitado o Bitcoin como parte das reservas cambiais, a questão das stablecoins ainda é uma área de interesse.

A Coreia do Sul tem observado atentamente as políticas dos Estados Unidos e de outras economias desenvolvidas em relação aos criptoativos e está avaliando a possibilidade de ajustar sua regulamentação no futuro.

A questão das stablecoins pode ser um ponto de virada, considerando a crescente aceitação dessas moedas digitais por governos e instituições financeiras.

A postura da Coreia do Sul em relação aos criptoativos

O ambiente regulatório da Coreia do Sul

A Coreia do Sul tem sido tradicionalmente um dos países mais avançados em termos de regulamentação e adoção de criptomoedas. O governo sul-coreano tem se mostrado receptivo às inovações no setor de criptoativos, mas com um foco claro em proteger os investidores e garantir a estabilidade econômica.

A decisão do Banco da Coreia de adotar uma abordagem cautelosa em relação ao Bitcoin é um reflexo dessa postura equilibrada.

O regulador financeiro da Coreia do Sul também está monitorando de perto as políticas da Agência de Serviços Financeiros do Japão, que recentemente revisou sua abordagem em relação aos criptoativos. Além disso, a Coreia do Sul está considerando a suspensão da proibição de fundos negociados em bolsa (ETFs) de criptomoedas, o que pode abrir novas possibilidades para os criptoativos no país.

Desafios futuros

Embora o Banco da Coreia tenha se mostrado reticente em relação ao Bitcoin como uma reserva cambial, o cenário pode mudar à medida que a adoção de criptoativos cresce globalmente.

A evolução do mercado de stablecoins e a necessidade de maior regulamentação podem levar a um cenário onde o Bitcoin e outras criptomoedas desempenhem um papel mais significativo nas economias nacionais.

Conclusão: A adoção cautelosa do Bitcoin nas reservas cambiais

O Banco da Coreia deixou claro que, por enquanto, o Bitcoin não será incluído nas suas reservas cambiais, devido à sua volatilidade e aos riscos associados à sua conversão em momentos de instabilidade. No entanto, a crescente aceitação das criptomoedas e o surgimento das stablecoins podem mudar a dinâmica das reservas financeiras globais.

A Coreia do Sul, conhecida por sua postura progressista no campo das criptomoedas, está adotando uma abordagem cautelosa, mas está atenta às mudanças no cenário financeiro global. O futuro do Bitcoin e das criptomoedas nas reservas cambiais dos países depende de muitos fatores, incluindo a regulação internacional e a evolução do mercado de stablecoins.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.