Nova proposta de reforma do IR pode impulsionar arrecadação em R$ 140 bilhões

Imposto de Renda

O Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional) apresentou, na tarde desta segunda-feira (17), uma proposta alternativa para a reforma do Imposto de Renda (IR), visando equilibrar a tributação entre os mais ricos e a classe média. De acordo com a proposta, a alteração nas alíquotas do IR poderia proporcionar um aumento significativo na arrecadação pública, ao mesmo tempo que ajudaria a reduzir as desigualdades fiscais no Brasil. A iniciativa foi encaminhada ao Ministério da Fazenda, e a proposta levanta pontos importantes que merecem análise detalhada.

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A proposta do Sindifisco Nacional

Imposto de Renda
Imagem: mindandi/ Freepik

Igualdade tributária entre ricos e classe média

O estudo desenvolvido pelo Sindifisco Nacional visa igualar as alíquotas de tributos entre os cidadãos de maior e menor renda, aproximando as taxas dos mais ricos às da classe média. Segundo os auditores-fiscais, essa medida teria o potencial de acrescentar R$ 140 bilhões à arrecadação pública anualmente. Esse valor seria superior às perdas de R$ 25 bilhões previstas pelo Ministério da Fazenda com a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais.

A proposta tem como principal objetivo corrigir um problema histórico do sistema tributário brasileiro: a alta concentração de impostos sobre a classe média, enquanto a elite econômica do país paga menos impostos proporcionalmente à sua renda. A tributação progressiva do Imposto de Renda busca garantir que quem tem maior capacidade contributiva pague mais, enquanto os trabalhadores com salários mais baixos sejam beneficiados com isenções.

A declaração do presidente do Sindifisco Nacional

Dão Real, presidente do Sindifisco Nacional, afirmou que a proposta busca desonerar as rendas superiores a R$ 7.500 mensais, o que atenderia a um número muito maior de contribuintes, que atualmente são impactados pela falta de correção da tabela do Imposto de Renda. Segundo o presidente, essa medida visa reduzir as desigualdades fiscais e beneficiar trabalhadores que, mesmo com rendimentos mais altos, enfrentam dificuldades devido à defasagem na tabela progressiva.

Ele acrescenta: “Caso o Governo Federal optasse por igualar as alíquotas dos mais ricos com as já pagas pela classe média, seria possível desonerar rendas superiores a R$ 7.500,00 mensais, atendendo, portanto, os interesses de um conjunto muito maior de contribuintes.”

A questão das perdas para estados e municípios

O estudo do Sindifisco também aborda o impacto que a reforma do IR poderia ter sobre as finanças estaduais e municipais. Com a alteração na forma de arrecadação do Imposto de Renda, especialmente com a possibilidade de isenção para determinados grupos de contribuintes, estima-se que estados e municípios poderiam ter uma queda significativa na arrecadação. Isso ocorre porque a maioria dos servidores públicos municipais tem rendimento mensal de até R$ 5 mil, o que pode resultar na perda de receita desses entes federados.

Impactos financeiros da proposta de reforma

imposto de renda
Imagem: Canva/ Freepik

A compensação das perdas para estados e municípios

A proposta de reforma apresentada pelo Sindifisco Nacional também sugere a implementação de um mecanismo de compensação para mitigar as perdas financeiras que estados e municípios poderiam enfrentar com a isenção do Imposto de Renda. Segundo a Constituição Federal, a arrecadação do Imposto de Renda deve ser compartilhada entre a União, os estados e os municípios. A perda de arrecadação para os entes subnacionais seria um impacto significativo, considerando que grande parte da receita municipal provém do imposto retido na fonte de servidores públicos.

Para compensar essa perda, o Sindifisco sugere que seja criada uma legislação que garanta uma compensação financeira, de modo a equilibrar a diferença entre a arrecadação federal e a arrecadação estadual e municipal. Essa compensação teria o objetivo de não prejudicar as finanças locais, ao mesmo tempo em que implementaria uma reforma tributária mais justa e eficiente.

O Artigo 159 da Constituição Federal

O Artigo 159 da Constituição Federal é um ponto crucial para a análise do impacto da reforma sobre os estados e municípios. Ele estabelece que metade da arrecadação do Imposto de Renda deve ser destinada aos Fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM). Esse dispositivo é essencial para garantir que os entes federados recebam uma parte significativa da arrecadação tributária. No entanto, qualquer mudança nas alíquotas do Imposto de Renda pode afetar diretamente esses repasses, o que exige um planejamento cuidadoso para não prejudicar as finanças estaduais e municipais.

O possível impacto da isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil

O projeto do Ministério da Fazenda de isentar do Imposto de Renda as pessoas que ganham até R$ 5 mil mensais também gera discussões sobre os impactos fiscais. Se aprovado, esse projeto pode reduzir significativamente a carga tributária para uma grande parcela da população. No entanto, o Sindifisco aponta que a medida pode representar uma perda de R$ 25 bilhões na arrecadação federal, o que exige uma análise mais aprofundada sobre como compensar essa redução de receita.

Considerações finais sobre a reforma do Imposto de Renda

A proposta apresentada pelo Sindifisco Nacional, ao igualar a tributação dos mais ricos à da classe média, é uma tentativa de corrigir as distorções fiscais do sistema brasileiro. A medida pode representar um ganho significativo para as finanças públicas, com um aumento de R$ 140 bilhões na arrecadação anual. No entanto, a reforma também apresenta desafios, especialmente no que diz respeito à compensação das perdas para estados e municípios.

O debate sobre a reforma do Imposto de Renda é fundamental para a construção de um sistema tributário mais justo e equilibrado no Brasil. A implementação de uma tributação progressiva, em que os mais ricos paguem uma parte maior de seus rendimentos, poderia contribuir para a redução das desigualdades sociais e a melhoria dos serviços públicos. Contudo, é necessário garantir que as mudanças não prejudiquem as finanças locais, exigindo uma solução equilibrada que contemple tanto as necessidades da União quanto dos estados e municípios.

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