Invasão e construção de pistas de bike: MP-SC investiga suposta infração ambiental na Ilha dos Trapalhões em Indaial

O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) abriu um inquérito civil para apurar suposta infração ambiental no imóvel insular no Rio Itajaí-Açu, conhecido como “Ilha dos Trapalhões”, em Indaial. De acordo com os autos da investigação, aos quais a equipe do jornal O Município Blumenau teve acesso, foi realizada uma denúncia de movimentação muito grande na ilha, barulho de motosserra e betoneira, além de visualização de fumaça.

O local, conhecido como Ilha dos Trapalhões, foi adquirido por João Batista Sérgio Murad, popularmente conhecido como Beto Carrero. No local eram realizadas gravações para o programa televisivo do Beto Carrero.

Um boletim de ocorrência do caso foi registrado em agosto de 2023, no qual se relata que diversos homens teriam entrado na ilha, retirado árvores e construído uma pista de bike feita de cimento sem autorização do proprietário. Nos autos também consta o termo de declaração no qual uma mulher relata que visitou o local em 2016 e não encontrou nenhuma intervenção na propriedade. No entanto, em 2023, ao visitar novamente o espaço, ela constatou a invasão de propriedade e os danos ambientais causados por terceiros.

Fiscalização na Ilha dos Trapalhões

De acordo com os autos, uma equipe composta por um fiscal do Meio Ambiente, um engenheiro agrônomo, um bombeiro e um coordenador do Meio Ambiente produziu o relatório de constatação do caso. Na fiscalização ficou constatada a “execução de obra similar a uma pista para prática de esportes de aventura”. De acordo com o documento, a pista consiste em trechos com movimentação de terra e construção de pistas laterais à base de cimento. Além disso, também foram encontrados instrumentos como pás, carrinhos de mão, enxada, colher de pedreiro, entre outros.

“Próximo ao rio, havia diversas madeiras empilhadas cobertas por um plástico, pneus próximos e sacos de cimento. Em outro ponto, havia também, uma clareira com uma cozinha improvisada, estrutura em paralelepípedos no solo para assar/cozinhar itens ao lado de madeiras queimadas, um sofá coberto com um plástico, uma mesa feita de pedaços de árvores e galão de água sobre esta, e embaixo, itens como garrafa de óleo e panelas estavam sob a mesa – conjunto de evidências que indica uso periódico do local para refeições e permanências”, diz o relatório da fiscalização.

Ministério Público segue investigação

A reportagem entrou em contato com o Ministério Público e foi informada de que promotor de Justiça responsável pelo caso, Thiago Ferla, segue na investigação. Segundo o promotor, o procedimento está em trâmite regular. Os suspeitos foram notificados pelo MP para prestarem esclarecimento dos fatos.

Ainda de acordo com a promotoria, após as diligências será possível avaliar se o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) poderá ser firmado ou se serão necessárias outras providências. O prazo de conclusão do Inquérito Civil está previsto para maio deste ano, mas caso não seja concluído neste período, pode ser avaliada a necessidade de outras diligências.

Posicionamento dos investigados

A reportagem conseguiu entrar em contato com um dos investigados que informou que não tinha conhecimento que o local se tratava de uma propriedade privada. Ele disse ainda que outras pessoas também frequentavam a ilha e que atualmente não vai mais ao local. Por fim, ele afirmou que se coloca à disposição para usar a própria mão de obra para resolver a situação.

Secretaria Municipal de Meio Ambiente

A reportagem também procurou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente por meio da assessoria. A prefeitura comunicou que o município ainda “não foi notificado a se manifestar neste Inquérito Civil”.

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