Será que a Caixa vai atrasar financiamento imobiliário de novo em 2025?

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O Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), principal fonte de financiamento imobiliário bancário no Brasil, registrou uma saída de R$ 21,7 bilhões em 2024, conforme dados do Banco Central.

Esse cenário impactou diretamente o acesso ao crédito habitacional, levando a atrasos na liberação de financiamentos e dificultando a compra da casa própria para milhares de brasileiros.

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Imagem: Freepik/ Edição: Seu Crédito Digital

Crise nos financiamentos imobiliários

A crise de recursos no setor imobiliário se reflete na dificuldade crescente de financiamento por meio da Caixa Econômica Federal, maior instituição financiadora do país. Apesar do volume de contratações ter alcançado R$ 73,4 bilhões pelo SBPE e R$ 143,6 bilhões via Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a oferta de crédito ficou abaixo da demanda.

Histórias de compradores afetados

Casos reais demonstram como os atrasos na liberação de crédito afetaram compradores em todo o Brasil.

A saga de um casal paulista

Um casal de São Paulo, que havia sido aprovado para um financiamento de R$ 1,3 milhão, viu a negociação ser prejudicada devido ao contingenciamento de recursos pela Caixa. A espera os levou a optar por um financiamento no Bradesco, com taxas superiores e sem possibilidade de uso do FGTS, impactando significativamente as finanças da família.

Impasse no Rio de Janeiro

Outro casal, no Rio de Janeiro, teve sua assinatura de contrato adiada três vezes devido à falta de liberação de crédito em sua agência da Caixa. A incerteza gerou uma espera de quatro meses, prejudicando o planejamento financeiro e aumentando custos com moradia temporária.

Motivos para a crise no financiamento imobiliário

Leilão de imóveis
Imagem: Alexander Raths / shutterstock.com

A dificuldade de liberação do crédito habitacional está associada a diversos fatores:

1. Saques excessivos da poupança

A poupança é a principal fonte de recursos para o SBPE, e o aumento nos saques em 2024 gerou um déficit na oferta de crédito para novos financiamentos.

2. Impacto da taxa Selic

O aumento da Selic, que chegou a 14,25% ao ano, encareceu o crédito imobiliário, reduzindo o acesso ao financiamento.

3. Mudanças nas Letras de Crédito Imobiliário (LCI)

O Conselho Monetário Nacional (CMN) alterou o prazo mínimo de vencimento das LCIs, passando de 90 dias para 12 meses. Isso tornou menos atraente o investimento nesses títulos, reduzindo a liquidez para o financiamento imobiliário.

4. Aumento da demanda por crédito

O segmento de médio e alto padrão teve um crescimento de 42% nos lançamentos imobiliários em 2024, segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). O aumento da demanda pressiona ainda mais a disponibilidade de recursos para financiamentos.

Medidas propostas para solucionar a crise

Entidades do setor defendem a adoção de medidas para ampliar a oferta de crédito imobiliário. Entre as principais soluções sugeridas estão:

1. Liberação do compulsório da poupança

Atualmente, os bancos são obrigados a manter uma parcela dos recursos da poupança depositada no Banco Central. A liberação dessa reserva poderia injetar novos recursos no mercado imobiliário.

2. Redução do prazo de vencimento das LCIs

Diminuir o prazo de resgate das LCIs para 90 dias poderia incentivar investidores e aumentar a captação de recursos para financiamentos.

3. Estímulo ao financiamento via FGTS

A Abrainc defende que clientes institucionais, como o FGTS e Fundos de Pensão, ampliem os investimentos no setor, garantindo mais liquidez para os financiamentos habitacionais.

Perspectivas para 2025

A Caixa Econômica Federal declarou que estuda medidas para ampliar a oferta de crédito e manter o ritmo de contratações. O banco lançou, em dezembro de 2024, uma nova modalidade de crédito imobiliário CDI, destinada a financiar imóveis prontos com recursos livres dos bancos.

O que esperar do mercado imobiliário?

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Imagem: Freepik e Canva
  • A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) projeta uma queda de 17% no volume de crédito imobiliário em 2025.
  • O Sindicato da Indústria da Construção Civil (SindusCon-SP) estima que consumidores buscarão alternativas como aumento do valor da entrada e financiamento direto com construtoras.
  • Apesar dos desafios, a Caixa projeta manter o patamar de contratações de R$ 223,6 bilhões em financiamentos imobiliários.

Considerações finais

O mercado imobiliário enfrenta um momento crítico devido à falta de recursos e ao encarecimento do crédito. Os desafios para obtenção de financiamentos na Caixa e outros bancos devem continuar ao longo de 2025, exigindo adaptações por parte dos compradores e investidores.

Medidas como a liberação do compulsório da poupança, a redução do prazo de resgate das LCIs e o incentivo ao financiamento via FGTS podem ser decisivas para amenizar a crise e manter a viabilidade do financiamento habitacional no Brasil. Resta saber se essas mudanças serão implementadas a tempo de evitar um colapso ainda maior no setor.

Imagem: Freepik/Edição: Seu Crédito Digital

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