Da resiliência na campanha às complicações: médicos revelam detalhes da luta de Fuad

Médicos responsáveis pelo tratamento do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, que morreu nesta quarta-feira (26), revelam detalhes sobre o quadro de saúde durante os últimos meses, quando travou uma batalha contra o linfoma não-hodgkin e mesmo após a remissão do câncer. Em coletiva de imprensa, realizada no hospital Mater Dei, onde Fuad estava internado, os profissionais confirmaram que o chefe do Executivo foi orientado a respeito dos riscos de assumir a campanha para a prefeitura durante o tratamento de câncer, mas que permaneceu forte durante a corrida eleitoral.

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Fuad estava internado no Hospital Mater Dei há 83 dias e teve o estado de saúde agravado na noite dessa terça-feira (25) após sofrer uma parada cardiorrespiratória. Conforme a equipe médica, o prefeito morreu de um choque refratário, em consequência de complicações de um linfoma não-hodgkin.

Questionado sobre os impactos da campanha eleitoral de 2024 na saúde de Noman, o oncologista Enaldo Melo de Lima, que acompanhou o tratamento, pontuou: “Ele tinha dificuldade, ele não era um jovem para enfrentar isso, então, ele sabia disso. Eu que acompanhei durante esse período todo, eu via de forma diferente: ele teve muito estímulo do ponto de vista de lutar pela eleição, lutar pela vitória dele, pela campanha, ele tava muito determinado a seguir a campanha”.

O médico disse ainda que, durante o período eleitoral, Fuad Noman fazia tratamento com doses altas de corticoide, o que proporcionava pontência funcional maior ao paciente. “O período da campanha foi o melhor período dele. Ele teve uma força assim descomunal. E ele era uma pessoa muito forte, assim, muito resiliente e ele e ele era determinado com relação ao objetivo dele”, comentou.

Realização

Ainda segundo Enaldo, a vitória nas urnas foi uma realização pessoal para Fuad: “Ele ia fazer o tratamento, ele saía das sessões de tratamento que eram regulares, eram basicamente semanais. E ele ia fazer a campanha dele, ele ia exercer o mandato dele como prefeito, porque ele falava que ele ia prefeitar. Então ele buscou a legitimidade dele como prefeito”.

“No dia do segundo turno, da vitória dele, eu vi a realização pessoal dele, que ele dedicou os últimos tempos que ele tinha de vida para fazer essa realização. Não tenho dúvidas de que ele privou parte da saúde dele pela campanha e pela eleição, mas ele era um homem realizado. Aquele dia eu vi ele muito feliz, vimos uma realização pessoal de um sonho dele como o homem público que ele foi”, afirmou.

Complicações e morte

Fuad Noman foi diagnosticado com um linfoma não-hodgkin testicular em junho de 2024. Logo após o diagnóstico, o prefeito passou por cirurgia e começou o tratamento contra o câncer. Ele anunciou que estava em remissão em outubro do ano passado.

Mesmo com a melhora no quadro do câncer, o chefe do executivo enfrentou complicações no tratamento e precisou ser internado novamente em janeiro deste ano, após tomar posse. Ainda de acordo com os médicos, Fuad já tratava uma arritmia cardíaca antes de iniciar a luta contra o câncer.

Na noite desta terça-feira (25), Fuad teve uma parada cardiorrespiratória considerada súbita. “A gente não esperava essa parada cardíaca naquele momento, visto que ele tava com boa oxigenação, as pressões estavam mantidas. Ele tinha problemas cardíacos prévios, ele tinha arritmias cardíacas. Durante 11 minutos ele foi submetido a manobras de ressuscitaçao, de reanimaçao”, disse Anselmo Moura, coordenador médico da UTI do Mater Dei.

“Ele entrou numa circunstância que a gente chama de choque cardiogênico, em que o coração não consegue ter força suficiente para suprir as necessidades do organismo como um todo”, completou.

Quem foi Fuad Noman

Fuad Jorge Noman Filho nasceu no dia 30 de junho de 1947, em Belo Horizonte. Além de político, era economista e escritor. Noman teve dois filhos e quatro netos. Era torcedor do Atlético Mineiro. 

Órfão de mãe na infância, Fuad Noman precisou começar a trabalhar ainda jovem no bar que a família tinha no centro da capital mineira. Cresceu no Padre Eustáquio, região Noroeste da capital, onde também trabalhou como engraxate na porta da icônica igreja do bairro. 

Após concluir a educação básica, ingressou no Exército e serviu à instituição durante 10 anos. Fuad Noman cursou e concluiu a faculdade de economia durante a carreira militar. A conquista seguinte foi a aprovação no concurso público para o cargo de auditor fiscal no Banco Central.

A vida pública do mineiro tem passagens em cargos ligados ao Governo Federal (foi secretário executivo da Casa Civil da Presidência da República durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 1996 e 1997), ao Governo de Minas Gerais (fez parte dos governos de Aécio Neves e Antônio Anastasia, como secretário de Fazenda e de Transporte e Obras Públicas e depois como secretário Extraordinário para a Coordenação de Investimentos) e à Prefeitura de Belo Horizonte (foi nomeado secretário municipal de Fazenda, cargo que exerceu de 2017 até 2020).

Em 2020, Fuad foi eleito vice-prefeito da capital mineira ao lado do empresário Alexandre Kalil. Quando Kalil deixou a cadeira para concorrer ao governo de Minas, em março de 2022, Fuad assumiu o comando da capital mineira.

Em 2024, ele foi reeleito prefeito. O político começou a disputa fora do pódio. Um dos principais gargalos apontados pelos especialistas e por pesquisas, era o desconhecimento da população em relação à imagem de Fuad. O candidato à reeleição trabalhou com esse desconhecimento e chegou ao segundo turno, em segundo lugar. Na disputa final contra Bruno Engler (PL), Fuad Noman saiu vitorioso, com 53,73% dos votos válidos.

Veja destaques da trajetória de Fuad Noman na vida pública:

  • secretário-executivo da Casa Civil da Presidência da República; 
  • diretor do Banco do Brasil;
  • presidente da BrasilPrev;
  • consultor do Fundo Monetário Internacional para o governo de Cabo Verde;
  • secretário de Estado de Fazenda de Minas Gerais;
  • secretário de Estado de Transporte e Obras Públicas de Minas Gerais;
  • secretário Extraordinário da Copa do Mundo do Governo de Minas Gerais;
  • presidente da Gasmig;
  • secretário de Estado Extraordinário para a Coordenação de Investimentos; e
  • secretário Municipal de Fazenda de BH.

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