Nubank surpreende: taxa de R$ 150 para não-clientes em parque público

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A inauguração da Casa Nubank Ultravioleta, no final de 2024, dentro do Parque Ibirapuera, em São Paulo, despertou debates intensos sobre a ocupação de espaços públicos por instituições privadas. Voltada para o público de alta renda, a instalação promete uma experiência de luxo dentro do parque mais icônico da capital paulista — mas cobra R$ 150 por duas horas de uso para quem não é cliente do banco digital.

O projeto, idealizado pelo Nubank em parceria com a concessionária Urbia, ocupa um espaço que anteriormente abrigava uma base da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Reformado e transformado em um ambiente exclusivo, o local oferece serviços premium, como toalhas da Trousseau, produtos da L’Occitane, café, Wi-Fi de alta velocidade e estacionamento com manobrista.

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Imagem: Reprodução / Nubank

O que é a Casa Nubank Ultravioleta?

Um refúgio de luxo em meio ao verde do parque

A Casa Nubank Ultravioleta foi pensada como um espaço de “descompressão” para clientes da modalidade Ultravioleta do banco — voltada para clientes de maior poder aquisitivo. Com estética minimalista e comodidades que remetem a hotéis boutique, o local oferece:

  • Lounge com ar-condicionado;
  • Estações de trabalho com internet veloz;
  • Duchas com produtos premium;
  • Área para descanso com vista para o parque;
  • Estacionamento com manobrista.

O espaço é visto como uma espécie de “segunda casa” no Ibirapuera para clientes privilegiados. Mas o que foi pensado como um diferencial exclusivo para alguns, tem gerado forte reação do público em geral e de urbanistas.

A polêmica da cobrança em espaço público

R$ 150 por duas horas para não-clientes

Para quem não é cliente do Nubank Ultravioleta, o acesso ao espaço custa R$ 150 por um período de duas horas. A cobrança tem sido considerada exorbitante, sobretudo por estar localizada dentro de um parque público, cuja função é ser inclusiva e gratuita.

Segundo a Urbia, responsável pela concessão do Parque Ibirapuera desde 2020, o objetivo é diversificar os serviços oferecidos aos visitantes e gerar sustentabilidade financeira à operação do parque.

No entanto, para críticos da medida, a instalação representa uma forma velada de privatização do espaço público, uma vez que parte da área verde passa a ser acessível apenas a quem pode pagar — ou é cliente de um banco.

Privatização ou modernização?

O uso privado de áreas públicas

A discussão central gira em torno da seguinte pergunta: é legítimo restringir o acesso a um espaço público mediante pagamento?

Especialistas em urbanismo e políticas públicas afirmam que, embora as concessões sejam ferramentas legítimas de gestão, é necessário haver limites para a exclusividade e para o uso comercial de áreas originalmente públicas.

Posicionamento da Prefeitura de São Paulo

Até o momento, a Prefeitura de São Paulo não se posicionou oficialmente sobre a polêmica. A gestão municipal delegou à Urbia a responsabilidade pela gestão e exploração comercial do parque, mas críticas vêm surgindo de vereadores e movimentos populares.

A ausência de transparência nos termos do acordo entre Nubank, Urbia e o poder público também tem sido alvo de questionamentos. Não há informações claras sobre:

  • O valor pago pelo Nubank para operar o espaço;
  • A destinação da verba arrecadada com os R$ 150 cobrados;
  • O impacto da iniciativa sobre a ocupação e circulação de frequentadores do parque.

O que dizem os defensores da Casa Ultravioleta?

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Imagem: Freepik e Canva

A proposta de “melhoria da experiência”

Tanto o Nubank quanto a Urbia defendem que a Casa Ultravioleta não interfere no uso comum do parque, pois ocupa uma área que estava desativada desde antes da concessão, e que sua presença qualifica a experiência dos frequentadores.

Além disso, afirmam que o projeto está em linha com as tendências de modernização dos espaços urbanos, oferecendo conforto e serviços diferenciados sem impedir o acesso de outros usuários ao restante do parque.

A reação do público e da sociedade civil

“Um parque de todos, não só para alguns”

As redes sociais e fóruns de discussão pública têm sido palco para críticas contundentes ao projeto. Muitas mensagens reforçam o argumento de que um parque público deve ser um espaço de inclusão, e não de segmentação social.

Declarações de visitantes

“Estamos falando de um dos maiores parques da América Latina. Cobrar R$ 150 por duas horas dentro dele é absurdo. O Ibirapuera é nosso”, declarou um frequentador assíduo do parque.

Movimentos em defesa da cidade inclusiva também alertam para o precedente perigoso que esse tipo de iniciativa pode criar, abrindo espaço para outras áreas públicas passarem a ser exploradas comercialmente, excluindo grande parte da população.

Transparência e responsabilidade social

Falta de clareza nos contratos

Um dos principais pontos que geram insatisfação é a falta de transparência sobre o modelo de concessão do espaço. Até o momento, nem o Nubank nem a Urbia divulgaram publicamente:

  • Os valores investidos na reforma da antiga base da GCM;
  • O modelo de remuneração da concessionária pela exploração comercial;
  • O impacto previsto em termos de fluxo e acessibilidade no parque.

Para muitos, essa opacidade compromete a legitimidade do projeto, especialmente em um espaço que, por sua natureza pública, deveria contar com ampla prestação de contas à sociedade.

Caminhos possíveis para o futuro

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Imagem: Freepik e Canva

Revisão de contratos e ampliação do acesso

Especialistas sugerem que, diante da repercussão, seria recomendável:

  • Revisar os termos do contrato entre Urbia e Nubank;
  • Ampliar o acesso ao espaço para outros públicos, talvez com faixas de gratuidade em horários específicos;
  • Prestar contas detalhadas sobre o uso do dinheiro arrecadado com os ingressos.

Para evitar que iniciativas semelhantes se tornem comuns, há quem defenda a criação de normas mais rígidas sobre o uso comercial de áreas públicas, com obrigações claras de inclusão social, transparência e retorno à comunidade.

Imagem: Freepik/Edição: Seu Crédito Digital

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