Lula se manifesta sobre taxação dos Estados Unidos; confira

FGTS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou sua visita de Estado ao Japão na quarta-feira (26), com duras críticas à nova política tarifária do governo dos Estados Unidos. Em entrevista concedida a jornalistas em Tóquio, Lula reagiu à mais recente medida do presidente Donald Trump, que anunciou uma sobretaxa de 25% sobre a importação de carros, incluindo veículos japoneses, no mesmo dia.

A medida americana é vista como mais um passo no avanço do protecionismo comercial por parte dos Estados Unidos, política que Lula disse considerar “prejudicial” à própria economia americana e ao livre comércio global.

O presidente também confirmou que o Brasil vai recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a tarifação de 25% sobre o aço e o alumínio brasileiros e, se necessário, poderá adotar medidas de reciprocidade contra produtos americanos.

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Reação de Lula à política de Trump

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Imagem: Evan El-Amin/shutterstock.com

Crítica ao aumento de tarifas sobre carros importados

Ao ser questionado sobre o anúncio da sobretaxa de 25% sobre automóveis importados pelos EUA, Lula não poupou críticas à decisão:

“O que o presidente Trump precisa é medir as consequências dessas decisões. Ele pode estar alimentando a própria inflação dos Estados Unidos ao elevar artificialmente o custo dos produtos importados.”

Lula afirmou que a medida afetará diretamente o poder de compra do povo americano e pode resultar em um efeito cascata, levando à alta da inflação, aumento de juros e desaceleração econômica. Segundo o presidente, a tarifa prejudica empresas estrangeiras instaladas nos Estados Unidos e representa uma ameaça ao modelo de livre comércio internacional.

Ações do Brasil na OMC

Além das críticas à sobretaxa sobre carros, Lula reafirmou que o Brasil vai reagir formalmente à tarifa de 25% imposta pelos EUA ao aço e alumínio brasileiros. O presidente disse que o governo prepara duas frentes de ação:

  1. Recurso à OMC – buscando uma decisão multilateral que pressione os EUA a rever a medida;
  2. Aplicação da lei da reciprocidade – que permitiria ao Brasil impor tarifas a produtos americanos caso a negociação fracasse.

“O multilateralismo está sendo derrotado. O livre comércio está sendo prejudicado. E o presidente americano não é o xerife do mundo”, afirmou Lula.

Expansão do comércio com o Japão

Abertura do mercado japonês para carne bovina

Em meio às tensões comerciais com os Estados Unidos, o Brasil trabalha para aproximar-se de outros mercados estratégicos, como o Japão. Um dos principais temas discutidos na visita foi a abertura do mercado japonês para a carne bovina brasileira.

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, informou que enviará uma missão técnica ao Brasil para avaliar os protocolos sanitários e o estado do rebanho nacional. Lula disse acreditar em uma resposta positiva ainda este ano:

“O que eu ouvi do primeiro-ministro é que ele vai mandar os especialistas dele para analisar o rebanho brasileiro. Vendemos carne de qualidade e a mais barata entre todos os países.”

Acordo comercial entre Mercosul e Japão

O presidente também sinalizou que, ao assumir a presidência pro tempore do Mercosul no segundo semestre de 2025, pretende priorizar um acordo comercial com o Japão:

“É bom para os países do Mercosul e para o Japão. Quanto mais facilitação para a negociação, melhor.”

Agenda intensa em Tóquio

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Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A visita de Lula ao Japão começou na segunda-feira (24) e teve uma agenda repleta de compromissos institucionais, econômicos e diplomáticos.

Encontros com autoridades japonesas

Lula participou de uma cerimônia oficial no Palácio Imperial, com honras militares, reunião com o casal imperial japonês, almoço privado e um jantar oficial oferecido pelo imperador Naruhito e pela imperatriz Masako.

Durante o encontro, Lula pediu o apoio firme do Japão na COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, que será realizada em Belém (PA).

Fórum Empresarial Brasil-Japão

Um dos principais eventos da viagem foi o Fórum Empresarial Brasil-Japão, que reuniu empresários dos setores de agronegócio, logística, siderurgia, aeroespacial, energia e alimentos. Lula convocou o setor privado japonês a investir mais no Brasil e fez críticas ao negacionismo climático e ao protecionismo comercial.

Parceria estratégica renovada

Durante reunião com o primeiro-ministro Ishiba no Palácio Akasaka, foram assinados dez acordos de cooperação bilateral, além de 80 instrumentos entre empresas, universidades e entidades dos dois países. Também foi lançado um plano de ação para revitalizar a Parceria Estratégica Global, criada em 2014.

Destaque: Embraer e ANA fecham acordo

Um dos anúncios mais relevantes da visita foi o acordo entre a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e a companhia aérea japonesa ANA (All Nippon Airways) para a compra de 20 jatos modelo E-190. O contrato simboliza a confiança do Japão na indústria brasileira de aviação, e abre espaço para mais negócios no setor.

Encontro com sindicatos e defesa dos direitos trabalhistas

Na manhã de quarta-feira, Lula se reuniu com representantes de centrais sindicais japonesas, com o objetivo de debater direitos trabalhistas, qualidade de vida dos trabalhadores e cooperação internacional em temas sociais.

A comitiva brasileira

Bolsa Família
Imagem: Jose Cruz/Agência BrasilFoto: Jose Cruz/Agência Brasil
Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

A comitiva que acompanhou o presidente incluiu:

  • A primeira-dama Janja Lula da Silva;
  • Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP);
  • Ministros de Estado;
  • Empresários, sindicalistas e diplomatas.

Próxima parada: Vietnã

Após concluir a visita ao Japão, Lula segue para o Vietnã, onde continuará a agenda internacional voltada ao fortalecimento das relações comerciais e diplomáticas com países asiáticos.

Imagem: Marcelo Camargo

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