Consignado para carteira assinada: compare taxas e entenda como funcionam

Crédito do Trabalhador

O governo federal lançou recentemente o programa Crédito do Trabalhador, uma iniciativa que visa facilitar o acesso ao crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada com carteira assinada. A proposta é ambiciosa: reduzir significativamente os juros praticados no mercado tradicional, especialmente aqueles cobrados em modalidades como o cartão de crédito rotativo e o cheque especial. A aposta está na tecnologia, com contratações feitas pela Carteira de Trabalho Digital, e na ampliação da concorrência entre instituições financeiras, criando um ambiente mais favorável para o trabalhador.

Com promessas de juros até metade dos valores atuais, o programa já movimentou bilhões de reais em poucos dias de operação. A seguir, entenda como o Crédito do Trabalhador funciona, quais bancos já aderiram, quais as taxas oferecidas e como contratar.

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Como o programa funciona?

Crédito do Trabalhador
Imagem: Freepik e Canva

Acesso direto pelo app da CTPS Digital

Desde o dia 21 de março, trabalhadores com contrato formal podem simular e solicitar empréstimos diretamente pelo aplicativo da CTPS Digital. A partir de 25 de abril, os mesmos serviços estarão disponíveis também nos aplicativos dos bancos participantes.

Envio de propostas em até 24 horas

Após a solicitação feita no app, os bancos têm até 24 horas para apresentar suas propostas. Essa dinâmica visa acelerar o processo de contratação e fomentar uma competição que pressione os juros para baixo.

Taxas ainda variam, mas tendência é de queda

Comparativo com o consignado tradicional

Diferente dos empréstimos consignados de servidores públicos ou beneficiários do INSS, que têm teto de 1,85% ao mês, o Crédito do Trabalhador não estabelece um limite. Ainda assim, o governo espera taxas até a metade das atuais para trabalhadores da iniciativa privada.

Taxas médias e simulações recentes

Segundo dados do Banco Central de janeiro de 2025, a taxa média anual do consignado CLT é de 41,2%. Já as simulações feitas pela imprensa em bancos como Agibank e Parati revelaram taxas entre 48,90% a 79,38% ao ano (de 3,37% a 4,99% ao mês).

Ofertas dos bancos públicos

Os bancos públicos federais, até agora os únicos com dados divulgados oficialmente, oferecem:

  • Banco do Brasil: entre 1,46% e 3% ao mês
  • Caixa Econômica Federal: entre 1,60% e 3,17% ao mês

Participação de bancos privados ainda tímida

Apesar da expectativa de participação ampla, bancos como Itaú, Bradesco, Santander e Nubank ainda não divulgaram suas taxas ou condições para o programa.

Como são definidos valores e taxas dos empréstimos?

Análise de risco baseada no perfil do trabalhador

As propostas dependem de uma análise que leva em conta:

  • Tempo de trabalho
  • Valor do salário
  • Garantias apresentadas

Opção por garantia com FGTS

O trabalhador pode oferecer como garantia:

  • Até 10% do saldo do FGTS
  • 100% da multa rescisória, em caso de demissão

A ausência de garantias também é permitida, mas pode influenciar nas condições da oferta.

Comprometimento da renda

As parcelas mensais não podem exceder 35% da renda do trabalhador.

Balanço inicial mostra adesão significativa

Crédito do Trabalhador
Imagem: Freepik e Canva

Em apenas 13 dias de funcionamento, o programa já movimentou R$ 3,1 bilhões em empréstimos. Foram firmados 501.301 contratos, com valor médio de R$ 6.284,45 por trabalhador. A parcela média é de R$ 350,11, com prazo de 18 meses.

Objetivo do governo: tirar o trabalhador do crédito caro

Incentivo à migração para modalidades mais vantajosas

Segundo o secretário-executivo do Ministério do Trabalho, Chico Macena, o governo quer que o trabalhador abandone alternativas com juros mais altos, como:

  • Cartão de crédito rotativo
  • Cheques especiais
  • Agiotagem informal

“Estamos dizendo para o trabalhador: saia do agiota, saia do cartão rotativo, saia da dívida mais cara e venha para essa modalidade com juros muito mais baixo”, declarou.

Potencial de expansão

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) estima que, nos próximos quatro anos, 19 milhões de trabalhadores optem pelo consignado CLT, gerando mais de R$ 120 bilhões em operações.

Vantagens do Crédito do Trabalhador

Para o trabalhador

  • Taxas de juros potencialmente mais baixas
  • Processo totalmente digital e simplificado
  • Garantia opcional com o FGTS
  • Comprometimento limitado da renda
  • Concorrência entre bancos a seu favor

Para o governo

  • Redução do superendividamento
  • Estímulo ao crédito responsável
  • Integração com ferramentas digitais públicas

Para o sistema financeiro

  • Ampliação da base de clientes com menor risco
  • Incentivo à inovação e competitividade nas ofertas

Desafios e pontos de atenção

Transparência das condições

A ausência de um teto de juros exige maior atenção do trabalhador ao escolher entre as propostas disponíveis. A simulação no app deve ser analisada com critério.

Participação de bancos privados

O sucesso do programa dependerá da adesão mais ampla de instituições financeiras privadas, o que ainda está em processo inicial.

Inclusão digital

Como o acesso ao crédito está condicionado ao uso da Carteira de Trabalho Digital, trabalhadores com menor familiaridade digital podem enfrentar dificuldades.

O passo a passo para contratar

Crédito do Trabalhador
Imagem: Freepik e Canva
  1. Acesse o app da CTPS Digital
  2. Simule o valor do empréstimo desejado
  3. Aguarde até 24 horas pelas propostas
  4. Compare taxas e condições
  5. Escolha a melhor opção e confirme a contratação
  6. As parcelas serão descontadas diretamente do salário

Expectativas para o futuro do programa

Com os primeiros dados indicando alta demanda, espera-se que o Crédito do Trabalhador se consolide como uma ferramenta eficaz para ampliar o acesso ao crédito com responsabilidade, reduzindo a dependência de modalidades caras e pouco vantajosas.

À medida que mais bancos entrarem na competição, o trabalhador poderá se beneficiar de um mercado mais competitivo, com juros progressivamente menores e maior poder de escolha.

Conclusão

O Crédito do Trabalhador representa uma mudança estrutural no mercado de crédito consignado brasileiro. Ao focar na digitalização, na simplicidade do processo e na ampliação da concorrência bancária, o programa abre uma nova porta para milhões de trabalhadores que antes só tinham acesso a empréstimos caros e pouco vantajosos.

Com adesão rápida e movimentação de bilhões em poucos dias, o programa já mostra seu potencial de impacto. No entanto, sua consolidação dependerá do engajamento das instituições financeiras privadas, da melhoria contínua na experiência digital e da educação financeira dos trabalhadores.

Se mantiver o ritmo atual, o Crédito do Trabalhador poderá se tornar uma das mais importantes ferramentas de inclusão financeira do país — mais justa, acessível e compatível com a realidade de quem vive do salário todo mês.

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