Ethereum cai mais que o Bitcoin e preocupa investidores; veja os motivos

Ethereum

A semana começou com fortes turbulências no mercado de criptomoedas. O Ethereum (ETH), segunda maior criptomoeda do mundo, sofreu uma queda brusca de 17% nesta segunda-feira (7), atingindo a marca de US$ 1.486. O recuo foi mais do que o dobro da desvalorização do Bitcoin (BTC), que caiu cerca de 6% no mesmo período.

A queda do Ethereum está associada a uma série de fatores combinados, incluindo a pressão do mercado global, problemas estruturais da rede e um cenário macroeconômico desfavorável. Neste artigo, analisamos as razões por trás do tombo do ETH e seu impacto para o futuro da criptomoeda.

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1. O cenário macroeconômico e o impacto no Ethereum

Moeda com símbolo da Ethereum em cima de pilha de moedas com gráficos ao fundo
Imagem: Larina Marina / shutterstock – Edição: Seu Crédito Digital

A recente queda do Ethereum ocorre em meio a um cenário econômico global instável. O início de uma nova rodada de tarifas impostas pelos Estados Unidos sob o governo de Donald Trump gerou aversão ao risco entre investidores, impactando os ativos digitais e tradicionais.

1.1 O efeito do tarifaço de Trump

As medidas protecionistas do governo norte-americano trouxeram incerteza para os mercados, levando investidores a buscar ativos mais seguros e reduzindo o apetite por criptomoedas. Esse efeito foi sentido de maneira intensa no Ethereum, que já enfrentava problemas estruturais internos.

1.2 Reflexos nos mercados globais

Além da política comercial dos EUA, a volatilidade nos mercados globais e o temor de uma recessão pressionaram ainda mais os preços dos ativos digitais.

O Ethereum, por ser uma criptomoeda amplamente utilizada em contratos inteligentes e finanças descentralizadas (DeFi), sofreu um impacto maior que o Bitcoin.

2. Problemas estruturais do Ethereum amplificam a queda

Enquanto o cenário macroeconômico contribuiu para a retração do mercado de criptoativos, fatores internos do Ethereum agravaram ainda mais sua desvalorização.

2.1 Inflação acima do esperado

Segundo a análise de Pedro Fontes, especialista em criptoativos do MB, um dos principais problemas enfrentados pelo Ethereum no momento é a inflação acima do previsto.

Isso ocorre devido à diminuição do volume de transações na rede principal e ao aumento do uso de redes de segunda camada, que reduzem a queima de ETH.

2.2 Concorrência acirrada com Solana e outras redes

Diferente do último ciclo de alta, no qual o Ethereum reinava absoluto como a principal rede de contratos inteligentes, hoje ele enfrenta concorrência direta de outras blockchains, como Solana (SOL), Avalanche (AVAX) e Binance Smart Chain (BSC). Essas redes oferecem transações mais rápidas e taxas menores, atraindo usuários e desenvolvedores.

2.3 Problemas de governança e atraso na atualização Pectra

Outro fator que gerou insegurança no mercado foi a recente instabilidade na governança do Ethereum. O atraso da atualização Pectra, prevista para o próximo mês, levantou dúvidas sobre a capacidade de coordenação dos principais desenvolvedores da rede. Essa incerteza se traduziu em vendas massivas de ETH.

3. ETFs e fluxos negativos reforçam a tendência de queda

O desempenho dos fundos negociados em bolsa (ETFs) também teve um papel crucial na recente queda do Ethereum.

3.1 Saídas expressivas dos ETFs de Ethereum

Os ETFs de Ethereum vêm registrando fluxos negativos significativos nas últimas semanas, especialmente após as novas tarifas impostas pelos EUA.

Isso tem pressionado ainda mais o preço da criptomoeda, já que os investidores institucionais estão reduzindo sua exposição ao ativo.

3.2 Comparação com o Bitcoin

Enquanto o Bitcoin também sofreu com fluxos negativos, a magnitude foi menor, reforçando a tese de que o mercado ainda enxerga o BTC como um ativo mais seguro em comparação ao Ethereum.

4. O impacto das liquidações no Ethereum

As liquidações de posições alavancadas no Ethereum contribuíram significativamente para a intensidade da queda.

4.1 O efeito das liquidações on-chain

Ao contrário das liquidações em derivativos, que afetam apenas os contratos futuros, as liquidações on-chain envolvem a venda real dos ativos no mercado à vista. Isso gera um aumento na oferta de ETH, ampliando a pressão vendedora e agravando a queda do preço.

4.2 O caso da MakerDAO

A MakerDAO, um dos maiores protocolos DeFi do mundo, registrou liquidações expressivas de posições de Ethereum. Uma das maiores posições individuais de ETH, avaliada em US$ 147 milhões, tem um preço de liquidação de US$ 1.132.

Caso o Ethereum continue em queda, mais posições poderão ser forçadas a vender, aumentando ainda mais a volatilidade do mercado.

5. O que esperar para o Ethereum nos próximos dias?

A grande questão que fica para os investidores é: o Ethereum ainda pode se recuperar ou a tendência de queda continuará?

5.1 Níveis de suporte e resistência

Atualmente, o ETH enfrenta uma resistência forte na faixa dos US$ 1.500, enquanto o próximo suporte significativo está próximo dos US$ 1.300. Caso o ativo rompa esse suporte, novas liquidações podem ocorrer, pressionando ainda mais os preços.

5.2 Possíveis reações do mercado

Se o mercado encontrar um ponto de estabilização e os fluxos institucionais voltarem a ser positivos, o Ethereum pode recuperar parte das perdas.

Além disso, a confirmação da atualização Pectra e um aumento no uso da rede principal poderiam reforçar a confiança dos investidores.

Considerações finais

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Imagem: CMP_NZ / Shutterstock

A queda de 17% do Ethereum reflete uma combinação de fatores negativos, incluindo o impacto das novas tarifas comerciais dos EUA, problemas estruturais da rede, concorrência crescente e liquidações em massa. A criptomoeda enfrenta um momento desafiador e, apesar de seu histórico de resiliência, os próximos dias serão cruciais para determinar seu futuro no mercado.

Para os investidores, o momento exige cautela. A volatilidade continuará elevada, e a recuperação dependerá da capacidade do Ethereum de superar seus desafios estruturais e recuperar a confiança do mercado.

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