Declaração no fim do IR 2025 pode aumentar restituição devido à alta da Selic

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Com a taxa Selic atingindo 14,25% ao ano na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), muitos brasileiros estão reavaliando o melhor momento para entregar a declaração do Imposto de Renda (IR) em 2025.

Tradicionalmente, os contribuintes correm para declarar o quanto antes e receber logo a restituição. No entanto, os juros elevados tornam a espera mais atrativa, já que a Receita Federal aplica correção monetária baseada na Selic para quem recebe nos últimos lotes.

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A Receita Federal paga a restituição do IR com correção proporcional ao tempo de espera. Esse ajuste segue a taxa básica de juros da economia (Selic), que atualmente está em um dos maiores patamares dos últimos anos. Para quem não tem pressa e possui uma boa organização financeira, essa correção pode ser mais vantajosa do que investir em produtos financeiros com tributação.

Segundo Luciana Pantaroto, planejadora financeira e vice-presidente da Comissão de Certificação da Planejar, adiar a declaração pode ser uma estratégia rentável. “Se você não precisa do dinheiro com urgência e tem a possibilidade de investir, esperar pela correção pode valer a pena”, afirma.

Como funciona a restituição do Imposto de Renda

Ordem dos lotes e critérios de prioridade

A restituição é dividida em cinco lotes principais, liberados entre o final de maio e setembro. A ordem dos pagamentos segue uma lista de prioridades estabelecida por lei:

  1. Pessoas com 80 anos ou mais;
  2. Pessoas com 60 anos ou mais, pessoas com deficiência ou moléstia grave;
  3. Professores como prioridade legal;
  4. Contribuintes que utilizarem a declaração pré-preenchida com indicação de pagamento via Pix;
  5. Demais contribuintes que optarem por pré-preenchida ou Pix.

Como a antecedência influencia

Após considerar as prioridades, a Receita analisa a ordem de entrega. Dentro de cada grupo prioritário, quem declarou primeiro tem vantagem. Por exemplo, se 50 contribuintes com mais de 60 anos estão aptos, mas há apenas 30 “vagas” no lote, os 30 que entregaram antes serão pagos primeiro.

Vale a pena esperar pela restituição?

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Juros altos podem compensar a espera

Com os atuais 14,25% de Selic, a correção da restituição se aproxima do que pagam muitos investimentos do mercado. No caso dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs), mesmo os que oferecem rendimento de 100% da Selic sofrem desconto de Imposto de Renda (de 22,5% a 15%), o que reduz o ganho líquido.

Já a restituição do IR é corrigida sem incidência de impostos, o que a torna mais atrativa em comparação com aplicações financeiras tradicionais de curto prazo.

Quando é melhor declarar logo?

Se o contribuinte precisa do dinheiro com urgência para quitar dívidas ou investir em oportunidades de maior rentabilidade, declarar cedo e receber logo a restituição ainda pode ser a melhor opção. O mesmo vale para quem quer evitar imprevistos ou cair na malha fina por pressa de última hora.

Como é calculada a correção da restituição

A correção do valor começa a contar a partir do mês seguinte ao fim do prazo de entrega, ou seja, a partir de junho de 2025. O cálculo é feito com base na taxa Selic acumulada até o mês anterior ao pagamento.

Adicional de 1% no mês do pagamento

No mês da liberação da restituição, a Receita Federal acrescenta mais 1% ao valor já corrigido. Assim, quanto mais tarde o contribuinte receber, maior será o montante — desde que não haja pendências na declaração.

Exemplo prático:

Se a restituição sair apenas no quinto lote, em setembro, a correção pode chegar a quase 5% em apenas quatro meses de espera — valor líquido, sem descontos.

Malha fina: um risco na estratégia de adiar

Mais tempo, mais atenção aos detalhes

Quem optar por adiar a entrega da declaração visando a correção da restituição precisa estar ainda mais atento à qualidade dos dados informados. Isso porque qualquer erro pode levar a declaração para a malha fina, atrasando a liberação do valor — e anulando os ganhos planejados.

Casos reais

Há contribuintes que, por erros simples, como omissão de rendimentos ou divergência em despesas médicas, só receberam a restituição referente ao IR 2024 meses depois do esperado.

E quem tem o Imposto de Renda a pagar?

Valor não muda com o tempo de envio

O valor do imposto devido não sofre alteração, independentemente de quando a declaração for entregue. Contudo, se o contribuinte optar pelo parcelamento, as parcelas sofrem incidência da taxa Selic e acréscimo de 1% ao mês.

Regras para parcelamento

  • Primeira parcela (ou pagamento à vista): vence em 31 de maio;
  • Parcelamento permitido: desde que o valor de cada parcela seja superior a R$ 50;
  • Valores totais abaixo de R$ 100: devem ser pagos à vista.

Declarar cedo ajuda no planejamento

Mesmo quem pretende pagar imposto pode se beneficiar ao declarar mais cedo. Isso permite maior prazo para organizar o orçamento e evitar atrasos que acarretam multas e juros.

Declarar cedo ou tarde?

Vantagens de declarar cedo:

  • Recebimento mais rápido da restituição;
  • Possibilidade de corrigir erros com mais tempo;
  • Planejamento antecipado para pagamento de imposto.

Vantagens de declarar no fim do prazo:

  • Correção mais robusta da restituição com base na Selic;
  • Benefício líquido sem tributação;
  • Maior ganho se comparado a investimentos de baixo risco.

Dicas para decidir o melhor momento

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Avalie sua urgência financeira

Se você precisa do dinheiro com urgência, não vale a pena esperar. Mas se pode deixar o valor rendendo com segurança, a correção da Receita é um “investimento” sem risco e com boa rentabilidade.

Use a declaração pré-preenchida e o Pix

Além de facilitar o preenchimento, a declaração pré-preenchida e a escolha do Pix como forma de recebimento garantem prioridade nos lotes.

Fique atento à malha fina

Aumentar o tempo de envio não pode significar relaxo no preenchimento. Revise dados, cruze informações e utilize a calculadora do IR para validar a sua declaração.

Para saber mais

A Receita Federal mantém um calendário detalhado dos lotes de restituição e disponibiliza ferramentas como o e-CAC e o aplicativo “Meu Imposto de Renda” para acompanhamento da declaração. Já a B3 oferece cursos gratuitos sobre finanças e investimentos para quem quer aprender a lidar melhor com o próprio dinheiro.

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