
Com o início do período de entrega do Imposto de Renda 2025, muitos brasileiros voltam suas atenções para um dos momentos mais esperados do processo: a restituição. Embora obrigatória para quem se enquadra nos critérios da Receita Federal, a declaração pode se tornar uma boa oportunidade para reaver valores pagos a mais durante o ano-base.
Ao contrário do que muitos pensam, aumentar a restituição não envolve nenhuma manobra ilegal. O próprio sistema tributário prevê uma série de deduções que, quando bem utilizadas, diminuem a base de cálculo e, por consequência, elevam o valor a ser restituído ou reduzem o imposto a pagar.
A seguir, explicamos como funcionam essas deduções e quais são os principais caminhos para quem deseja aumentar a restituição do Imposto de Renda em 2025.
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Como funciona a restituição do Imposto de Renda?

A restituição ocorre quando o contribuinte pagou mais imposto do que o devido no ano-calendário. Isso é comum entre trabalhadores que tiveram IR retido na fonte, mas que também fizeram gastos dedutíveis, como despesas médicas, educacionais ou contribuições à previdência privada.
Durante a apuração, o programa da Receita Federal compara o total de imposto pago com o valor efetivamente devido. Se a diferença for positiva, o contribuinte tem direito à restituição.
Deduções legais que aumentam o valor da restituição
A chave para garantir uma restituição maior está no correto preenchimento dos campos da declaração e na escolha entre o modelo completo e o simplificado. Abaixo, listamos as principais categorias que podem gerar abatimentos consideráveis.
Gastos com saúde: dedução sem limite
As despesas médicas são uma das principais ferramentas para reduzir o imposto devido, pois não têm limite de valor para dedução. Porém, a Receita exige rigor na comprovação dos gastos. São dedutíveis:
- Consultas médicas e odontológicas;
- Exames laboratoriais e tratamentos especializados;
- Cirurgias e internações hospitalares;
- Planos de saúde.
Todos esses itens devem ser inseridos na ficha “Pagamentos Efetuados” com seus respectivos comprovantes, que devem ser guardados por pelo menos cinco anos.
Atenção: Apenas despesas do contribuinte e seus dependentes são dedutíveis. Reembolsos de planos de saúde devem ser informados e não podem ser deduzidos novamente.
Despesas com educação: limite de R$ 3.561,50 por dependente
As despesas com educação são dedutíveis até um teto fixado pela Receita Federal: R$ 3.561,50 por dependente. Isso inclui:
- Educação infantil (creches e pré-escolas);
- Ensino fundamental e médio;
- Cursos de graduação e pós-graduação.
Caso o contribuinte tenha, por exemplo, um filho no colégio e esteja cursando uma especialização, poderá deduzir até R$ 7.123 no total. Importante: cursos livres, como idiomas ou preparatórios, não são aceitos.
Outras estratégias para elevar a restituição
Além das tradicionais deduções com saúde e educação, existem outras formas, muitas vezes desconhecidas, de aumentar o valor restituído.
Inclusão de dependentes: dedução fixa de R$ 2.275,08
Incluir dependentes na declaração pode ser vantajoso. Cada dependente reduz a base de cálculo em R$ 2.275,08, além de permitir incluir as despesas dedutíveis do mesmo.
Podem ser dependentes:
- Filhos e enteados até 21 anos (ou 24, se cursando ensino superior);
- Cônjuges;
- Pais, avós e bisavós que tenham recebido até R$ 24.511,92 no ano;
- Irmãos, netos ou bisnetos sob guarda judicial.
Dica: Avalie se compensa incluir o dependente. Em alguns casos, pode haver aumento do imposto a pagar se o dependente tiver rendimentos tributáveis.
Doações incentivadas: até 6% de dedução
As doações para projetos sociais e culturais aprovados pelos governos podem ser deduzidas do Imposto de Renda. Entre elas:
- Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente (FDCA);
- Fundos do Idoso;
- Projetos culturais via Lei Rouanet;
- Projetos esportivos.
As doações devem ser feitas até o último dia útil do ano-base (31/12/2024 para a declaração de 2025) e limitadas a 6% do imposto devido.
Pensão alimentícia: dedução integral determinada pela Justiça
Quem paga pensão alimentícia judicialmente determinada pode deduzir integralmente o valor pago ao longo do ano. Para isso, é necessário informar o alimentando e os valores transferidos, com documentação que comprove a obrigatoriedade.
Importante: O alimentando não pode ser incluído como dependente, salvo no ano da separação judicial.
Previdência privada: até 12% de dedução

Para quem investe em planos PGBL ou FAPI, há um benefício adicional: a dedução de até 12% da renda tributável. Isso significa que, se o contribuinte teve um rendimento de R$ 80 mil no ano, pode deduzir até R$ 9.600 com contribuições a esse tipo de previdência.
Vale lembrar que esse benefício só é válido para quem opta pelo modelo completo de declaração. Planos VGBL, por outro lado, não dão direito à dedução.
Conclusão: mais restituição com organização e atenção aos detalhes
Aumentar a restituição do Imposto de Renda não depende de fórmulas milagrosas, mas sim de atenção às possibilidades legais que a Receita oferece. Organizar os documentos com antecedência, guardar recibos e escolher o modelo de declaração mais vantajoso são passos fundamentais.
Ao utilizar as deduções corretamente, o contribuinte não só garante um retorno financeiro maior, como também cumpre com suas obrigações fiscais de forma transparente. Em tempos de inflação alta e orçamento apertado, cada centavo recuperado pode fazer a diferença.
Imagem: Freepik e Canva