
O Banco Central do Brasil iniciou uma consulta pública para debater uma proposta que pode alterar significativamente o ecossistema das fintechs no país. A medida busca restringir o uso do termo “bank” em marcas de instituições financeiras que não possuem uma licença bancária formal. A consulta estará aberta até maio de 2025 e visa aumentar a clareza e a transparência para os consumidores do sistema financeiro nacional.
Leia mais:
Bitcoin supera US$ 90 mil após Páscoa com pressão sobre o Fed e expectativa por balanços de Big Techs
Objetivo da proposta: mais clareza para os consumidores

Preocupação com a interpretação do público
Segundo o Banco Central, muitos consumidores não compreendem completamente a diferença entre uma instituição bancária licenciada e uma fintech. Isso tem gerado confusões quanto aos serviços prestados e ao nível de proteção jurídica que essas empresas oferecem.
“A medida visa garantir que os consumidores não sejam levados a crer que empresas com ‘bank’ no nome ofereçam o mesmo nível de proteção e serviços das instituições bancárias licenciadas”, informou o órgão regulador.
Evitando desinformação
A proposta do Banco Central pretende eliminar possíveis interpretações equivocadas causadas pelo uso do termo “bank” por empresas que não são oficialmente bancos. Isso inclui a tentativa de padronizar a forma como as instituições financeiras se apresentam ao público, alinhando nomenclatura e tipo de licença.
Impacto direto no Nubank e em outras fintechs
Nubank avalia mudanças estratégicas
O Nubank, uma das fintechs mais populares da América Latina, pode ser diretamente afetado pela nova regulamentação. A empresa não possui uma licença bancária tradicional, atuando com autorização como instituição de pagamento. Com a nova regra, terá de decidir entre duas alternativas:
- Solicitar uma licença bancária plena junto ao Banco Central
- Reformular sua marca e abandonar o termo “bank”
Consequências de solicitar licença bancária
Caso o Nubank opte por se tornar um banco tradicional, terá de se adequar a diversos requisitos regulatórios e operacionais, como:
- Capital mínimo exigido
- Estrutura de governança específica
- Procedimentos de conformidade rigorosos
- Supervisão direta do Banco Central
Impactos de uma reformulação de marca
Por outro lado, a opção de mudar a marca implica em uma série de desafios operacionais e financeiros:
- Redesign de logotipos, sites e aplicativos
- Atualização de contratos, comunicados e peças publicitárias
- Reposicionamento da empresa no mercado
- Potencial perda de reconhecimento e fidelidade de marca
Repercussões para o setor de fintechs
Outras empresas também serão afetadas
A proposta do Banco Central não se limita ao Nubank. Outras fintechs que usam o termo “bank” em sua identidade visual ou comunicação institucional também deverão se adequar.
Requisitos para as mudanças
As empresas impactadas precisarão:
- Alterar nome comercial e identidade visual
- Modificar conteúdo digital, contratos e marketing
- Comunicar as mudanças ao público com clareza
- Reavaliar a viabilidade de manter operações no formato atual
Alinhamento com tendências internacionais
O regulador afirma que a medida acompanha práticas internacionais de regulação de fintechs, que buscam proteger o consumidor e garantir a transparência no mercado financeiro.
Participação pública é incentivada

Consulta pública aberta até maio
A proposta está em consulta pública no site oficial do Banco Central até maio de 2025. Durante esse período, o órgão aceitará:
- Sugestões
- Críticas
- Questionamentos
Participação de todos os setores
O Banco Central convida representantes do setor financeiro, consumidores, especialistas em regulação e acadêmicos a contribuírem com o debate. O objetivo é construir uma regulação participativa e eficiente.
Período de transição será estabelecido
Caso a medida seja aprovada, será definido um período de transição para que as empresas possam se adaptar. O tempo será determinado com base em critérios técnicos, visando permitir a reorganização do mercado sem provocar instabilidade.
Justificativas apresentadas pelo Banco Central
Proteção do consumidor como prioridade
A principal motivação apresentada pelo Banco Central é a proteção dos consumidores, que muitas vezes não sabem distinguir entre uma fintech e um banco tradicional. Isso pode levar a decisões equivocadas quanto ao uso de serviços financeiros.
Redução de riscos jurídicos
A medida também busca mitigar possíveis problemas legais associados à oferta de serviços financeiros por instituições não autorizadas a operar como bancos. Ao restringir o uso do termo “bank”, o regulador pretende evitar litígios e confusões judiciais.
Padronização e segurança
Além disso, a proposta é uma tentativa de padronizar a apresentação institucional das empresas financeiras no Brasil, aumentando a segurança jurídica e a transparência no setor.
Análise do impacto regulatório
Especialistas destacam mudanças estratégicas
Profissionais do setor de tecnologia financeira destacam que a regulamentação proposta poderá forçar as empresas a reverem seus modelos de negócio. Isso pode afetar:
- Estratégias de crescimento
- Fusões e aquisições
- Entrada de novas empresas no mercado
Diferenciação de modelos operacionais
O Banco Central também pretende reforçar a separação entre diferentes tipos de instituições, como:
- Bancos tradicionais
- Instituições de pagamento
- Sociedades de crédito
Essa diferenciação é considerada essencial para o bom funcionamento e credibilidade do sistema financeiro nacional.
Desafios para fintechs menores
Enquanto empresas grandes, como o Nubank, têm estrutura e recursos para se adaptar, fintechs menores poderão enfrentar dificuldades significativas. A adaptação pode ser custosa e comprometer a continuidade de algumas operações.
Caminhos possíveis para o futuro

Reação do mercado será decisiva
O desenrolar da consulta pública e a reação do setor financeiro serão determinantes para o formato final da regulamentação. O mercado acompanha atentamente o processo, ciente de que os desdobramentos poderão redefinir o posicionamento de diversas marcas.
Oportunidade de fortalecimento institucional
Apesar dos desafios, especialistas veem a proposta como uma oportunidade de amadurecimento para o mercado financeiro nacional. A clareza na comunicação institucional pode fortalecer a relação entre empresas e clientes, aumentar a confiança no setor e consolidar um ambiente mais competitivo e regulado.
Conclusão
A proposta do Banco Central busca trazer mais transparência ao setor financeiro, diferenciando claramente fintechs de instituições bancárias tradicionais. Embora represente um desafio para empresas como o Nubank, a medida também é uma oportunidade para fortalecer a confiança do consumidor e alinhar o mercado brasileiro a padrões internacionais. A participação na consulta pública será essencial para equilibrar inovação e segurança regulatória.