Empréstimos consignados CLT atingem R$ 50 bilhões: veja os números

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O lançamento do novo crédito consignado para trabalhadores com carteira assinada (CLT) provocou uma verdadeira corrida às instituições financeiras. Dados do sistema da Dataprev revelam que, até as 9h30 desta segunda-feira (24), mais de 5,6 milhões de brasileiros já acessaram o sistema e solicitaram propostas de financiamento, totalizando um impressionante volume de R$ 50,3 bilhões em pedidos.

A nova linha de crédito, que permite ao trabalhador do setor privado comprometer até 35% do seu salário com parcelas fixas descontadas diretamente na folha, está superando as expectativas do mercado e até mesmo ultrapassando o estoque atual de crédito consignado privado, que somava R$ 41 bilhões em janeiro de 2025, segundo o Banco Central.

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Carteira de trabalho com notas de dinheiro em real
Imagem: Brenda Rocha – Blossom / Shutterstock.com

O que é o novo crédito consignado CLT?

O crédito consignado é uma modalidade de empréstimo pessoal em que as parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento do trabalhador. Até recentemente, esse tipo de operação era mais comum entre aposentados, pensionistas do INSS e servidores públicos.

Com a nova regulamentação, os trabalhadores do setor privado com contrato CLT também podem contratar empréstimos com condições mais vantajosas, já que o risco de inadimplência é menor para os bancos.

A grande novidade está na disponibilização da margem consignável de 35% do salário, o que permite ao trabalhador acessar valores maiores com taxas de juros reduzidas e prazo mais longo para pagamento.

Detalhes da nova linha

  • Público-alvo: trabalhadores com carteira assinada (CLT)
  • Margem consignável: até 35% do salário
  • Prazo médio: 31 meses
  • Valor médio solicitado: R$ 8.995
  • Salário médio dos solicitantes: R$ 2.585
  • Volume total de solicitações: R$ 50,3 bilhões

Demanda surpreende bancos e fintechs

Desde a liberação oficial da nova linha, executivos do setor financeiro relatam que o volume de pedidos superou todas as projeções iniciais. Em menos de uma semana, o valor total solicitado já supera todo o volume ativo de crédito consignado privado, acumulado desde o início da modalidade no setor.

“O interesse e o valor solicitado são muito elevados”, afirmou um executivo do setor bancário à CNN Brasil. “Nunca vimos uma reação tão intensa em tão pouco tempo.”

A explicação para o fenômeno está na combinação de demanda reprimida por crédito, endividamento elevado da população e condições vantajosas oferecidas pela nova linha consignada. O produto é visto por muitos trabalhadores como uma forma de renegociar dívidas mais caras ou obter recursos com juros mais baixos para pagar despesas urgentes.

Como funciona o processo de solicitação

crédito do trabalhador
Imagem: leonidassantana – Freepik

As propostas de empréstimo são centralizadas no sistema da Dataprev, que realiza o cruzamento dos dados dos trabalhadores com as instituições financeiras credenciadas. O processo é digital, rápido e seguro, permitindo que os usuários simulem valores, prazos e taxas antes de fechar o contrato.

Passo a passo da solicitação:

  1. Acesso ao portal de crédito da Dataprev;
  2. Cadastro com CPF e dados do trabalhador;
  3. Consulta automática à folha de pagamento e margem disponível;
  4. Exibição de propostas das instituições financeiras;
  5. Escolha da melhor oferta e assinatura digital do contrato;
  6. Liberação dos valores em até 48 horas úteis, direto na conta bancária.

Essa integração tecnológica facilita o processo e aumenta a competitividade entre os bancos, que passam a oferecer condições mais atrativas para conquistar os clientes CLT.

Por que o crédito consignado CLT é atrativo?

O principal atrativo do crédito consignado CLT está na segurança para as instituições financeiras, o que se reflete em taxas de juros menores para o trabalhador. Como o pagamento é descontado diretamente na folha, o risco de inadimplência é significativamente menor do que em outras modalidades de crédito pessoal.

Vantagens para o trabalhador:

  • Juros mais baixos do que no crédito pessoal convencional;
  • Parcelamento longo, com até 48 ou 60 meses em algumas instituições;
  • Facilidade na contratação e menos burocracia;
  • Liberação rápida dos valores contratados.

Em um cenário de juros elevados e endividamento recorde, a possibilidade de trocar dívidas caras por um consignado com juros mais baixos é considerada estratégica por muitos trabalhadores.

Perfil dos solicitantes e impacto na economia

Os dados indicam que a maioria dos solicitantes são trabalhadores com salários médios de R$ 2.585, que buscam valores em torno de R$ 9 mil. O valor médio das parcelas, com base na margem consignável de R$ 901, indica que muitos estão aproveitando todo o limite disponível para conseguir empréstimos mais robustos.

Esse movimento pode ter impactos relevantes no consumo e na economia, especialmente em um momento de desaceleração da atividade econômica e inflação ainda resistente.

Possíveis efeitos econômicos:

  • Aumento do consumo no curto prazo, com injeção de bilhões no mercado;
  • Redução da inadimplência, com uso do crédito para quitação de dívidas mais caras;
  • Estímulo ao setor bancário e fintechs, com maior competição e inovação nos produtos de crédito;
  • Risco de superendividamento caso os trabalhadores não administrem corretamente o novo crédito.

Avaliação do Banco Central e regulação

Diante do volume expressivo de solicitações, o Banco Central acompanha de perto a evolução do novo crédito consignado CLT. Há preocupação com o possível endividamento excessivo de trabalhadores de baixa renda, embora a segurança do modelo seja reconhecida.

A expectativa é que o Conselho Monetário Nacional (CMN) e o próprio BC monitorem os dados nos próximos meses para avaliar se serão necessárias regras adicionais de proteção ao consumidor ou ajustes nos limites de comprometimento de renda.

O endividamento das famílias brasileiras ultrapassou 48% da renda disponível em 2024, segundo dados do BC, o que aumenta a vigilância sobre qualquer nova linha de crédito que possa gerar efeitos colaterais.

Bancos e fintechs ampliam atuação no setor

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Imagem: Freepik/Edição: Seu Crédito Digital

Com o sucesso do novo produto, bancos tradicionais, cooperativas de crédito e fintechs estão ampliando suas operações para atender à nova demanda. Instituições como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Santander, Nubank, Inter, PicPay e Creditas já estão oferecendo propostas competitivas dentro da plataforma da Dataprev.

O movimento promete aumentar a concorrência, impulsionar novas soluções financeiras e melhorar as condições de negociação para os trabalhadores, principalmente aqueles que antes tinham acesso limitado ao crédito formal.

Imagem: Freepik/Edição: Seu Crédito Digital

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