
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) completou, neste sábado (12), mais de 90 horas em greve de fome na Câmara dos Deputados.
O parlamentar iniciou o jejum na manhã de quinta-feira (9), em protesto contra a decisão do Conselho de Ética da Casa, que aprovou o relatório pedindo a cassação de seu mandato.
O parecer foi apresentado pelo deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) e aprovado por 13 votos a 5. A recomendação de perda de mandato está relacionada a um episódio ocorrido em abril de 2024, quando Braga expulsou o influenciador Gabriel Costenaro, vinculado ao Movimento Brasil Livre (MBL), das dependências da Câmara, utilizando empurrões e chutes. O conselho entendeu que houve quebra de decoro parlamentar.
Desde o fim da votação no conselho, Braga tem permanecido no plenário 5 da Câmara, onde a sessão foi realizada. O deputado afirmou que não deixará o local nem se alimentará até que o processo disciplinar seja votado em plenário. A data dessa votação ainda não foi definida.
Segundo sua equipe, o jejum iniciado na manhã do dia 9 já soma mais de 90 horas. Apesar da greve de fome, o deputado segue em hidratação com água, solução isotônica, água de coco e, ocasionalmente, soro fisiológico por via oral, conforme orientação médica. Na manhã de sábado (12), ele consumiu cerca de meio litro de isotônico.
Glauber está sendo monitorado por uma equipe médica coordenada pelo médico Bernardo O. Ramos. De acordo com boletim divulgado, os sinais vitais do deputado permanecem estáveis, com pressão arterial considerada normal e pulsos regulares.
Exames laboratoriais apontaram bom estado geral, embora haja perda de peso estimada em dois quilos desde o início do protesto. Um exame de urina ainda aguarda resultado.
Durante o período de jejum, o deputado tem dormido cerca de quatro horas por noite no local, inicialmente no chão e, depois, sobre um colchão fornecido por apoiadores. A rotina inclui leitura, conversas com assessores e interação com servidores.
Rotina
Na madrugada de sexta para sábado, ele assistiu a um episódio da série Black Mirror. Segundo sua assessoria, Braga planejava receber visitas da família no fim de semana, incluindo sua esposa, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), e o filho de três anos.
A Câmara dos Deputados disponibilizou apoio médico e segurança para acompanhar o parlamentar durante o protesto. Um policial legislativo foi designado para monitorar a área.
Até a publicação desta reportagem, não havia previsão oficial para a votação do parecer no plenário da Casa.