Brasileiro na Tailândia relata desespero durante terremoto e preocupação com amigos de Mianmar: ‘Comunicações não estão chegando’


Tiago Neves, de 35 anos, é de Jundiaí (SP), mas mora em Chiang Rai, na Tailândia, há um ano e meio. Tradutor está fazendo uma ‘corrente’ de solidariedade e arrecadando mantimentos para os países vizinhos. Tiago Neves, de Jundiaí (SP), sentiu o tremor em Chiang Rai, na Tailândia
Arquivo pessoal
O terremoto de magnitude 7,7 que atingiu Mianmar, no sudeste asiático, na tarde desta sexta-feira (28), também foi sentido pelo tradutor brasileiro Tiago Neves, de 35 anos, morador de Chiang Mai, cidade localizada no norte da Tailândia, na fronteira com Laos e com o país destruído pelo tremor, que deixou pelo menos 144 mortos e 732 feridos.
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Na Tailândia, os tremores derrubaram um prédio em construção em Bangkok, onde equipes de resgate iniciaram buscas por 110 desaparecidos nos escombros. Nenhum deles havia sido encontrado até a última atualização desta reportagem. Pelo menos nove pessoas morreram na cidade, de acordo com a agência de notícias Reuters.
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Tiago nasceu em Jundiaí, no interior de São Paulo, mas deixou o Brasil há três anos para fazer um intercâmbio em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Um ano e meio depois, foi contratado para um trabalho na Tailândia e se mudou sozinho para o país asiático.
O brasileiro estava no trabalho quando o terremoto desta sexta-feira começou: “Eram mais ou menos 18h20 quando a gente sentiu um tremor de terra. Vi o prédio tremendo, e todo mundo segurou nas mesas e cadeiras”, relata.
“Meus amigos que estavam na rua sentiram mais. Ficaram desorientados e cada um correu para um lado, sem saber o que fazer. É um terremoto, né? A gente não sabe se vai abrir a rua, se vai cair um prédio ou um poste, se olha para baixo, para cima ou para os lados… É complicado. Mas, graças a Deus, aqui não aconteceu nada grave. O país é mais preparado para isso do que os vizinhos”, explica o tradutor.
Mesmo vivendo na Tailândia há um ano e meio, Tiago nunca havia testemunhado um terremoto ou qualquer outro tipo de desastre natural, o que fez com que a preocupação dele com o ocorrido desta tarde fosse ainda maior.
“Nunca tinha presenciado nada igual na minha vida. É bem doido isso, porque você está andando e, do nada, a terra começa a tremer. Eu nunca tinha sentido isso na vida, é uma sensação muito estranha.”
Prédios no Centro de Bangkok sentem tremores de terremoto de magnitude 7.7
Sem comunicação
O epicentro do tremor foi localizado 16 quilômetros a noroeste da cidade de Mandalay, na região central de Mianmar. Além da magnitude considerada muito alta, um dos fatores que agravaram a força do abalo foi a baixa profundidade do epicentro, que ocorreu a 10 quilômetros do solo. Isso fez com que o terremoto fosse sentido com mais intensidade.
Por conta da proximidade entre os dois países, o brasileiro tem alguns amigos em Mianmar e, logo após o ocorrido, entrou em contato com eles para saber se está tudo bem, mas ainda não recebeu retorno.
“As linhas telefônicas de lá, que já não eram muito boas, pioraram com o terremoto. Internet só tem em alguns lugares, e, por isso, algumas comunicações não estão chegando, mas eu continuo tentando falar com vários amigos que estão lá em Mianmar para saber como eles estão”, conta.
“O país é muito complicado, com um nível de pobreza extremo. Muita gente já passa fome, tem a guerra civil, uma série de coisas complicadas, ainda mais agora que as pessoas estão sem casa. É bem triste”, continua o tradutor.
Duas pontes colapsaram e diversos edifícios foram destruídos em ao menos cinco cidades de Mianmar. Mandalay, antiga capital real e centro do budismo no país, foi um dos locais mais afetados pelo terremoto.
Mapa localiza o epicentro do terremoto de magnitude 7,7 desta sexta-feira (28)
Arte/g1
‘Corrente’ de solidariedade
Em função dos quatro anos de guerra civil, o país sofre com a infraestrutura precária e um sistema de saúde debilitado. Por isso, segundo a mídia estatal, a junta militar que governa o país decretou estado de emergência em seis regiões, incluindo Sagaing, Mandalay e a capital.
Em um movimento raro, a junta militar pediu doações a qualquer país ou organização que queira contribuir com as ações de resgate. Em um pronunciamento na TV estatal, o porta-voz também pediu materiais médicos para as vítimas.
Paralelamente a isso, Tiago e outros moradores de Chiang Rai estão fazendo uma “corrente” de solidariedade e arrecadando mantimentos para os países vizinhos: Mianmar e Laos.
“Eles já sofreram muito, e está aumentando cada vez mais o número de mortos e feridos por lá. Por isso, estamos arrecadando principalmente água e comidas prontas, como biscoitos e pães. Tudo que eles possam comer rapidamente, porque eles não têm onde preparar nada”, explica.
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