Taxas dos DIs diminuem com a baixa dos Treasuries e commodities após retaliação chinesa

seucreditodigital.com.br taxas dos dis diminuem com a baixa dos treasuries e commodities apos retaliacao chinesa

As taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) registraram queda significativa após a entrada em vigor das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos e a resposta da China ao movimento liderado pelo presidente americano, Donald Trump. O chamado “tarifaço” atingiu 185 parceiros comerciais, incluindo o Brasil, e impactou diretamente os mercados de juros futuros, commodities e ativos emergentes.

Ao mesmo tempo, os rendimentos dos Treasuries — os títulos do Tesouro norte-americano — também recuaram, refletindo o aumento da aversão ao risco global e a possível desaceleração do comércio internacional.

Leia Mais:

Caixa libera novo saque do FGTS; saiba se está na lista para receber!

O impacto das tarifas americanas

Bitcoin e Trump taxas
Imagem: Evan El-Amin / shutterstock.com

O que é o “tarifaço” de Trump?

Desde ontem (6), todas as importações de países com superávit comercial com os Estados Unidos passaram a ser taxadas com uma alíquota adicional de 10%. A medida foi anunciada em 2 de abril e publicada em ordem executiva pela agência US Trade Representative. Segundo o governo americano, o objetivo é reduzir o déficit comercial com outras nações e proteger a indústria local.

Essa tarifa adicional é “ad valorem”, ou seja, calculada sobre o valor dos produtos. Assim, mercadorias que já eram tributadas anteriormente passam a ter uma carga ainda maior. O café verde brasileiro, por exemplo, que tinha uma tarifa de 9%, agora enfrenta uma alíquota total de 19%.

Reação global e resposta da China

Em resposta às medidas dos EUA, a China anunciou contramedidas comerciais que incluem o aumento de tarifas sobre produtos agrícolas e industriais americanos, além de restrições pontuais sobre empresas tecnológicas dos Estados Unidos. A retaliação chinesa aumentou a tensão geopolítica e provocou uma onda de aversão ao risco entre os investidores.

Esse ambiente de incerteza contribuiu para a queda dos preços das commodities, sobretudo agrícolas e metálicas, que estão entre os principais produtos exportados por países emergentes como o Brasil.

DIs em queda: por que os juros futuros caíram?

As taxas dos contratos de Depósitos Interfinanceiros, negociados na B3 e utilizados como referência para o mercado de juros no Brasil, registraram forte queda ao longo do dia. O movimento foi impulsionado por dois fatores principais:

  • Queda dos Treasuries: Com os investidores buscando proteção em ativos mais seguros, como os títulos do Tesouro americano, os rendimentos desses papéis recuaram. Isso influencia diretamente os juros globais e impacta os DIs no Brasil, principalmente nos contratos mais longos.
  • Desvalorização das commodities: Como o Brasil depende significativamente das exportações de commodities, uma queda nesses mercados implica menor arrecadação e atividade econômica mais fraca, o que diminui a expectativa de inflação e, consequentemente, de juros altos no futuro.

Consequências para o Brasil

Homem com roupa de proteção e uma prancheta nas mãos em uma fábrica.Lula medidas indústria produção industrial empregos
Imagem: Gorodenkoff / Shutterstock.com

Tarifa mínima para o Brasil pode ser vantagem competitiva

Apesar das tarifas americanas, o Brasil se encontra em uma posição relativamente favorável em comparação a outros concorrentes. Os cinco principais produtos exportados para os EUA enfrentam tarifas iguais ou menores do que as aplicadas a outros países, o que pode representar uma oportunidade estratégica.

Comparativo das novas tarifas:

  • Ferro e aço: Brasil, México e Canadá – 25%
  • Suco de laranja: Brasil – 15,9%; México – 25%
  • Aeronaves e peças: Brasil – 10%; Reino Unido – 10%; Canadá – 25%
  • Café verde: Brasil – 19%; Vietnã – 46%
  • Celulose: Brasil – 10%; Alemanha – 20%; Japão – 24%

Segundo analistas, essa estrutura tarifária pode gerar ganhos para o setor exportador brasileiro, desde que haja qualidade e capacidade produtiva suficiente para ampliar a participação no mercado americano.

Governo e setor privado ainda avaliam impactos

O governo brasileiro, junto a entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a ApexBrasil, está monitorando os desdobramentos da política tarifária americana. A estratégia no curto prazo é manter diálogo com Washington e garantir que o Brasil continue com alíquotas competitivas. No longo prazo, o foco será o fortalecimento de cadeias produtivas e a diversificação de mercados.

Expectativas para os próximos dias

Com o agravamento da guerra comercial entre os Estados Unidos e seus parceiros, é provável que os mercados mantenham alta volatilidade nos próximos dias. A continuidade da queda dos Treasuries, o desempenho das commodities e as respostas de outras economias às tarifas americanas serão determinantes para o comportamento dos juros futuros e do câmbio no Brasil.

Os analistas projetam que, se o clima de incerteza persistir, o Banco Central brasileiro poderá ser pressionado a adotar uma postura mais cautelosa na condução da política monetária, especialmente se os efeitos negativos no comércio global impactarem a atividade econômica local.

Imagem: Evan El-Amin / Shutterstock.com

Adicionar aos favoritos o Link permanente.